Foto: Arquivo Pessoal
Nem Osmar Loss, tampouco Jair Ventura conseguiram encontrar substituto para Rodriguinho no Corinthians. Mas o sentimento é recíproco para o meia, que trocou o Timão pelo Pyramids, do Egito, há exatos dois meses e segue sem se esquecer do clube. Em entrevista exclusiva ao Blog, Rodriguinho garantiu que sonha com a ideia de voltar ao Parque São Jorge no futuro, para jogar em alto nível. Disse também que nunca foi tão feliz na carreira quanto no Timão. No bate-papo de quase 40 minutos, por telefone, direto de Cairo, no Egito, ele também falou sobre Fábio Carille, Osmar Loss, dos momentos mais difíceis no Parque São Jorge, dos gols inesquecíveis… e obviamente de sua nova vida no Pyramids.
BLOG: Como tem sido a vida no Egito?
RODRIGUINHO: Bem mais tranquila do que em São Paulo. É uma cidade nova, com costumes diferentes, mas eu já havia vivido uma experiência parecida quando joguei nos Emirados Árabes (no Al-Sharjah, de outubro de 2014 a junho de 2015). Então, não me surpreendi tanto, ao contrário da minha namorada, Fernanda, e do meu irmão, Alexandre. Para eles, tudo é novo.
O que pode dizer da cidade do Cairo?
É muito grande, mas estou morando na parte nova da cidade, num condomínio para estrangeiros. E me locomovo pouco, porque é tudo perto. O estádio, o lugar para treinar…
Como viu a demissão do Alberto Valentim do Pyramids após três jogos, mesmo invicto?
Infelizmente, não foi por uma questão profissional, mas devido a um problema dele com o ministro saudita (Turki Al-Sheikh). Nem a gente, aqui, sabe ao certo o que ocorreu. O Valentim acabou sendo mandado embora sem perder (o que se fala é que o ministro ordenou que Ribamar ficasse no banco. Valentim não obedeceu. Por isso, foi demitido, apesar de Ribamar ter marcado os dois gols da vitória do time na oportunidade).
Mas dificultou muito para você, Keno e Carlos Eduardo, os brasileiros do time?
Dificultou um pouco, já que conhecíamos o Valentim, tinha a língua a favor. Mas ficamos mais próximos do técnico (Ricardo La Volpe) recentemente. Agora, é continuar se adaptando para evoluir cada vez mais.
O Pyramids é o líder do Campeonato Egípcio após sete rodadas. Quais os objetivos do clube?
O começo aqui foi um pouco complicado, porque tudo estava mudando… Material esportivo, procedimentos, local de treinos… Até outro dia, o clube tinha outro nome, sem estrutura. Mas assim que o ministro assumiu, tudo se transformou. E, em campo, as coisas já se acertaram. Então, hoje a ideia é ganharmos tudo o que disputarmos.
E você tem jogado bem?
Tenho sim. Só fiquei fora de uma rodada, por causa de um probleminha no tornozelo, mas já voltei a jogar. O time ainda não perdeu e tem quatro vitórias e três empates.
O Ribamar acabou indo para a Arábia Saudita após o problema com o ministro. Mas e os outros brasileiros. Como é seu convívio com eles?
Eu, o Keno e o Carlos Eduardo estamos quase todo tempo juntos. Primeiro, porque moramos no mesmo condomínio. Depois, porque as famílias ficaram próximas. Os dois estão bem também. O Keno, inclusive, tem quatro gols.
Dá para dizer que você trocou o Corinthians por um contrato capaz de lhe garantir a independência financeira?
É por aí. Vim para ter a consolidação da minha vida financeira. Até porque, além dos salários altos, recebemos prêmios muito bons pelos resultados. Estou com 30 anos de idade e isso também pesou. Acho que pode ter sido meu penúltimo grande contrato, então, assinei por três anos e quero aproveitar.
Como avalia sua passagem, de quase cinco anos, pelo Corinthians?
Foi o melhor momento da minha carreira. O clube onde fui mais feliz, em que consegui títulos importantes, me destaquei para o cenário nacional e internacional… Chegando inclusive a ficar na lista de 35 atletas da seleção brasileira para uma Copa do Mundo.
Seu começo no Corinthians foi muito difícil. Como explicar a virada que conseguiu, saindo do clube na condição de ídolo?
Foi um conjunto de coisas. Tem a ver com a fase pessoal, o amadurecimento como atleta, a evolução em uma série de características que talvez não fossem boas no início… Também treinei bastante para melhorar. E casou com a situação do Corinthians, que, mesmo desacreditado por muitos, com uma situação financeira não tão boa quanto em anos anteriores, mostrou que é gigante.
Você chegou a ser bastante criticado pelo torcedor corintiano em 2013 e 2014.
Quando cheguei, para a primeira passagem, o Corinthians tinha muitos jogadores já consolidados. Brigar por vaga de titular era extremamente complicado, e aquele time era campeão de tudo, enquanto eu estava chegando da Série B. Por isso, os empréstimos (para Grêmio e Al-Sharjah) foram uma boa. Voltei em outra condição.
O Corinthians ficou devendo a vários de seus ex-colegas de time. Há alguma pendência com você?
Comigo, absolutamente nada atrasado. O Corinthians sempre honrou com todos os compromissos assumidos. Não posso falar nada a esse respeito.
Você pensa em voltar um dia?
Com certeza, penso sim! Fui muito feliz aí, tive uma identificação enorme e quero voltar numa condição boa para reviver tudo.
Mas daria prioridade ao Corinthians numa disputa com outros rivais?
É uma coisa que passa pela minha cabeça. É bom lembrar que ainda está cedo para especular em cima disso, porque tenho três anos de contrato, mas certamente vou querer escutar o Corinthians e a tendência é de negociar primeiro com ele.
Ainda acompanha as notícias e os jogos?
Sim. Mesmo de longe, tento assistir a todos os jogos e converso com vários amigos que deixei lá, como Sheik, Jadson, Cássio, Ralf…
Como reagiu à demissão do Osmar Loss?
Foi um baque para mim, porque tinha certeza de que iria dar certo. É um grande profissional! Mas pegou o time num momento complicado, com saída de vários jogadores. No futebol é assim: as vezes a chance aparece e nem tudo sai como a gente quer.
Qual a chance de o Corinthians passar pelo Flamengo na Copa do Brasil?
Pelo que conheço do grupo, acho que o torcedor tem que confiar muito no time. Esses caras que vestem a camisa do Corinthians são guerreiros e vão dar a vida pela vitória. Eu estou na torcida e acho que temos muita chance. Nesse tipo de jogo é que bate uma saudade de poder estar aí, por causa da torcida, no meio desse bando de loucos.
Por que o Carille não te levou para o time dele na Arábia Saudita?
Para ser muito sincero, o Carille chegou a conversar comigo e disse que queria me levar. Mas ficou inviável não por ele, nem por mim, muito menos pelo Corinthians. Mas por causa do ministro. É ele quem faz todas as contratações e ele me queria reforçando o time dele no Egito.
Qual seu grande momento no Corinthians?
São tantos. Os títulos do Brasileirão e do Paulista, por exemplo. Mas, sem dúvida, esse último do Paulista deste ano foi especial, porque fiz gols importantes na semi (contra o São Paulo) e na final (contra o Palmeiras).
E o pior momento?
Em 2014, na invasão da torcida depois da derrota por 5 a 1 para o Santos. Tive que ficar escondido no vestiário do CT. Pouco antes, o Tite havia saído e o Mano, chegado. Não foi fácil.
Qual o gol que não sai da sua cabeça?
Fiz um gol muito importante para a minha virada dentro do Corinthians em 2015, contra a Ponte Preta, no Moisés Lucarelli. Os dois gols na final contra o Palmeiras também foram legais, além de outros dois gols naquela final que ganhamos da Ponte Preta, novamente no Moisés Lucarelli, por 3 a 0.
Imaginou que pudesse ir para a Copa do Mundo da Rússia pela seleção brasileira?
Lógico que eu tinha o pensamento de ir à Copa, principalmente pelo momento que eu estava vivendo e que já durava dois anos no Corinthians. Mas a concorrência é gigante. Só de estar na lista dos 35 já me deixou valorizado. Confesso que não fiquei chateado por não ter ido, mas pesou para a minha vinda para cá. Sei que dificilmente eu estaria em outra Copa, principalmente com essa renovação na seleção brasileira.
Boa ver rodriguinho
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