Wilton Pereira Sampaio presta atenção nos lances: ele foi árbitro de vídeo no Mundial Sub-20, em maio (Foto: Diego Ribeiro)
Ainda sem data definida para implantação no Campeonato Brasileiro, o árbitro de vídeo é tema de um treinamento promovido pela CBF até o próximo dia 11 de outubro, num hotel em Águas de Lindoia, interior de São Paulo. São 64 profissionais da Série A inscritos no curso, que pretende capacitar árbitros, assistentes e operadores de vídeo.
Com pouco tempo para preparação, os futuros árbitros de vídeo passam por uma rotina intensa. O GloboEsporte.com acompanhou um dia de treinamento, dividido em três etapas:
Manhã: aula teórica seguida de teste com 15 questões de múltipla escolha;
Tarde: aula prática, com os árbitros se revezando entre vídeo e campo;
Noite: nova aula teórica, focada em linguagem e comunicação entre os árbitros.
A facilidade na comunicação é a principal preocupação da Comissão de Arbitagem. É nesta tecla que bate Manoel Serapião Filho, ex-árbitro e idealizador da utilização dos vídeos no Campeonato Brasileiro.
– É preciso treinar a linguagem e comunicação do árbitro de vídeo com o de campo. Não pode ter palavras vazias, não pode ter “por favor”. É “pare”, “gol”, “pênalti”. Linguagem objetiva para evitar confusão na interpretação e dinamizar o processo – afirmou Serapião.
Nos testes observados pela reportagem, o tempo médio de resolução dos lances foi de um minuto, marca considerada boa pela CBF. No vídeo abaixo, o árbitro Wilton Pereira Sampaio (GO) interrompe um lance em campo e é auxiliado, à sua direita, por Rodolpho Toski Marques (PR).
Os garotos da equipe sub-17 do Brasilis, de Águas de Lindoia, serviram de "cobaias" no treinamento.
O protocolo é idêntico ao da Fifa e da Conmebol – na semana passada, três árbitros brasileiros participaram de treinamento no Paraguai para as semifinais da Taça Libertadores. Wilton Pereira Sampaio, Sandro Meira Ricci e Anderson Daronco foram os escolhidos.
A única diferença é, justamente, o idioma utilizado na comunicação. A Fifa adota o inglês, enquanto a Conmebol usa o espanhol. As adaptações ao português são parte do curso.
– O árbitro de campo vai sentir ainda mais segurança para trabalhar. A comunicação e o trabalho de equipe serão fundamentais. A gente segue o protocolo da Fifa, o trabalho é idêntico, então estou habituado. A linguagem tem de ser clara, não podemos ficar procurando palavras – contou Wilton Pereira Sampaio, que trabalhou como árbitro de vídeo em sete jogos do Mundial Sub-20, na Coreia do Sul, entre maio e junho.
Recapitulando o protocolo
Amplamente divulgado por Fifa e Conmebol, o procedimento para o árbitro de vídeo não muda no Brasileirão. São quatro lances em que o novo profissional pode agir:
Gols (faltas fora da jogada, infrações na criação do gol, bola fora de jogo em lance prévio ao gol);
Pênaltis (incorretamente marcados, não marcados, falta prévia à jogada do pênalti cometida pela equipe atacante, bola fora de jogo antes da jogada do pênalti);
Cartão vermelho direto (evitar decisões erradas na expulsão de um jogador, observar faltas fora do lance);
Confusão de identidade (alertar para punições ao jogador errado).
Como vai funcionar o árbitro de vídeo?
O árbitro, um assistente e um operador de vídeo vão ficar numa sala fechada e sem visão para o campo. Esta sala pode ser dentro ou até fora do estádio, desde que haja condições favoráveis à comunicação rápida entre os profissionais envolvidos no jogo. Serão, no mínimo, sete câmeras à disposição. As mesmas de uma transmissão normal.
O árbitro de vídeo principal ficará no meio, com duas telas à sua frente: a de cima com a partida em tempo real, a de baixo com um atraso de três a quatro segundos, para que lances duvidosos possam ser revistos imediatamente.
O assistente ficará ao lado, também com uma tela em tempo real, acompanhando o jogo enquanto o principal revisa o lance em questão.
O operador de vídeo vai apenas obedecer aos comandos do árbitro, sem poder dar qualquer palpite ou sugestão. Eles são treinados para isso.
A partir daí, são dois caminhos possíveis:
Em dúvida, o árbitro de campo para o lance, faz um sinal como se desenhasse uma tela e pede o auxílio do árbitro de vídeo. Um monitor à beira do gramado também estará à disposição;
Ao flagrar um lance claro não marcado, o próprio árbitro de vídeo pode sugerir a revisão. Ele deve dizer "Pare!", e o árbitro no campo vai interromper o lance.
Jogadores e técnicos não podem pedir revisão de um lance. O jogador será punido com cartão amarelo, enquanto o técnico ou membro da comissão será expulso de campo.
Depois do lance revisado, a imagem que tirar a dúvida dos árbitros será reproduzida nos telões dos estádios para que torcedores, jogadores e outros profissionais tenham conhecimento do que gerou a decisão. A ideia, porém, não é acabar totalmente com os erros.
– O objetivo não é eliminar o erro 100%. Se eu não tiver imagem clara de que a bola entrou ou não, vai continuar normal. Os erros a serem corrigidos serão os crassos. O que depende de interpretação do árbitro, o de vídeo não interfere. Árbitro de vídeo não será médico clínico, será cirurgião de emergência. Não é a panaceia, não é a solução para todos os males – disse Manoel Serapião Filho.
E os clubes, como ficam?
A CBF já disponibiliza instrutores para os 20 clubes da Série A, mas é preciso que eles solicitem a palestra e marquem uma data para a apresentação a jogadores e comissão técnica. Até a publicação da reportagem, nenhum clube havia recebido os profissionais.
– Os instrutores vão aos clubes com vídeos ilustrativos, e mostrar quais são os limites do projeto. Esse é um grande obstáculo que teremos, estabelecer os limites. Vão querer que haja exclusão de todos os erros de arbitragem, e não será assim. Se eu não tiver uma imagem clara, não vou tomar uma decisão diferente da do árbitro – explicou Serapião.
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