Arena Corinthians deve ter mudanças na gestão nos próximos meses
Líderes do Brasileirão, Grêmio e Corinthians, adversários diretos neste domingo, vivem situação parecida fora de campo. Trunfo nas campanhas, as arenas em que os times jogam são peça central de um imbróglio que se arrasta há meses - e não existe expectativa da pendência chegar ao fim nos próximos meses.
Nos dois casos, a parceria entre os clubes e as construtoras responsáveis pelas obras pode chegar ao fim. Há quatro anos, o Grêmio tenta encerrar o acordo com a OAS e concluir a compra da gestão da Arena, enquanto a Odebrecht busca um acerto para deixar a operação do estádio corintiano.
Em entrevista ao UOL Esporte, o presidente do Grêmio, Romildo Bolzan Júnior, disse que ainda há entraves para que a negociação tenha um desfecho. Com isso, não existe uma data-limite como já ocorreu no ano passado, quando havia expectativa para um desfecho em março deste ano.
"As negociações estão em compasso de espera. Tem situações que ainda estão pendentes e que cada vez ficam mais difíceis de serem resolvidas, que são as questões do entorno do estádio que eram de responsabilidade da construtora. E também fica esta questão pendente da finalização da estruturação de negócio. Então, a gente não tem uma sinalização definitiva, não tem prazo, não tem posicionamento. É uma situação bastante complexa para resolução", afirmou o dirigente.
No Corinthians, a situação é parecida. Em abril, houve uma proposta informal da Odebrecht para a saída do negócio - a construtora, oficialmente, não admite a negociação. Em contato com a reportagem, o ex-presidente corintiano Andrés Sanchez disse que o acordo "é uma questão de tempo".
Entenda a situação das duas arenas
A Arena do Grêmio ficou pronta em dezembro de 2012, após uma ação individual do clube em parceria com a empresa OAS - as partes firmaram uma parceria de 20 anos na exploração do estádio e sua administração.
O contrato inicial, entretanto, acabou mostrando-se nocivo aos cofres do clube. Definido pelo presidente que assumiu em 2013, Fábio Koff, como 'uma ameaça à existência do Grêmio', a ligação à OAS passou a ser revista em duras e longas reuniões de negociação.
O principal problema era o dinheiro que o Grêmio precisava pagar para colocar os sócios no estádio. Eram mais de R$ 40 milhões ao ano pagos para a Arena Porto-Alegrense, empresa oriunda da empreiteira e que administra o estádio. Com a revisão do contrato firmada em 2013, o preço caiu para valores decrescentes que atualmente estão perto dos R$ 10 milhões.
Grêmio tenta encerrar a parceria com a OAS e concluir a compra da gestão da Arena
Do outro lado, a Odebrecht é a responsável por toda a estruturação financeira e maior credora do clube. A dívida de R$ 1,4 bilhão é dividida em R$ 450 milhões com o BNDES, R$ 500 milhões em debêntures da Caixa, R$ 70 milhões em garantias da empreiteira e R$ 365 milhões diretamente com a construtora.
O acordo esboçado pela empreiteira propõe que ela assuma a dívida das debêntures com a Caixa. Em troca, ficaria com os títulos das CIDs (Certificados de Icentivo ao Desenvolvimento), que valem algo como R$ 420 milhões. O clube, por sua vez, assumiria sozinho a conta do BNDES que hoje é paga com renda da arena.
Além disso, a empreiteira negociaria o perdão de parte da dívida direta do clube. Na versão da Odebrecht, a empresa sairia com um prejuízo de R$ 200 milhões da operação dos quais abriria mão. Em uma das versões da proposta, a dívida do clube poderia cair a R$ 700 milhões. Os CIDs, porém, não serviriam para abater o débito.
Neste cenário, a empreiteira solicitaria um documento assinado pelo clube reconhecendo perdão de parte da dívida. O Conselho Deliberativo do Corinthians, no entanto, está de posse de auditoria que aponta diversas irregularidades da empreiteira na obra. Segundo o documento, o valor das obras não realizadas chega a R$ 200 milhões.
Grêmio pode até desistir da compra
Hoje, o Grêmio não recebe verba alguma da renda de seus jogos em casa - assim como o Corinthians, que viu o dinheiro ser destinado à Arena Fundo de Investimento, que administra o estádio. Ao fim do ano, é feito um somatório de lucros e gastos e, havendo saldo positivo, é dividido com a empresa.
Além disso, não tem autonomia sobre preços de ingressos, locação de espaço ou mesmo calendário da casa. Da mesma forma, precisa trabalhar junto à administração do estádio a questão dos sócios ou qualquer outro movimento que envolva o local. Diante dessa situação, a desistência é levada em conta.
"É uma situação aberta, sim. Fruto da demora e das impossibilidades jurídicas que se criaram. Não é possível estabelecer nenhum prazo. Não tenho mais o mesmo otimismo de antes. Acho que há muitas pendências para serem resolvidas. Vejo muitas situações judiciais que podem complicar. Em síntese, não vejo que possamos ter uma situação de curto prazo", frisou o presidente gremista.
vai Corinthians e Nois
o único culpado sobre a dívida da Arena e ANDREIS SANCHES