Corinthians segue sem receber por venda de mando de campo


Foi há quase mil dias, em outubro de 2014, que o Corinthians vendeu o mando de campo de um jogo contra o Vitória, pelo segundo turno do Campeonato Brasileiro, para um empresário do Mato Grosso do Sul. Desde então, apesar de o duelo ter sido realizado normalmente na Arena Pantanal, até hoje o clube alvinegro não recebeu o R$ 1 milhão prometido pela partida.



O time paulista comercializou o confronto com uma empresa chamada Xaxá Produções, do empresário Fabiano Rodrigues. Em março de 2015, sem receber a quantia prometida, o Corinthias foi à Justiça contra o agente e a firma cobrando R$ 1.021.445,86. Só que eles nunca mais foram encontrados.

A partida, realizada em 22 de outubro, foi organizada pela empresa, que prometeu ao Corinthians R$ 1 milhão pela realização do jogo, divididos em duas parcelas de R$ 250 mil e outra de R$ 500 mil, mas apenas uma de R$ 250 mil foi quitada. A partir daí, o empresário jamais foi encontrado novamente pelo clube.

O que aconteceu, no caso, é que a Xaxá ganharia a renda da partida, que decepcionou e levou apenas 6.407 pagantes à Arena Pantanal, o que rendeu R$ 478,5 mil - R$ 521,5 mil a menos do que o valor de compra por parte da empresa.

Chegou ao ponto de, no ano passado, segundo apurou a reportagem, a oficial de Justiça Danielly Bezerra de Azevedo ter encontrado a mãe de Fabiano, dona Nelma, que disse que o filho mora em São Paulo, mas desconhecia seu endereço atual.

A partir daí, o Corinthians buscou outras formas de encontrar o empresário. Vasculhou, junto à Receita Federal e ao Banco Central do Brasil, os endereços que constavam em nome de Fabiano. Foi constatado, inclusive, que o CPF informado à RF no cadastro de Fabiano como sócio da empresa é inválido.

Em janeiro deste ano, o juiz Mario Chiuvite Júnior, da 22ª Vara Cível de São Paulo, determinou que aguarde-se o cumprimento da carta precatória expedida ao Mato Grosso do Sul e seu retorno para o normal prosseguimento da ação. Mas como até hoje o empresário não foi encontrado, o processo segue parado.

Ocorre, aqui, que a carta precatória enviada ao Mato Grosso do Sul para Xaxá Produções ainda não retornou de seu destino ao Tribunal de São Paulo, onde corre o processo. Portanto, como não foi citada, a Xaxá não recebeu a determinação do Poder Judiciário de quitar a dívida ou apresentar defesa. A ação já corre na Justiça assim há mais de dois anos.

Posteriormente, em maio, o juiz José Henrique Neiva de Carvalho e Silva, da Vara de Falências e Recuperações de Campo Grande-MS, não deu notícia animadora ao clube. O Corinthians tentava que fosse determinada a citação de Fabiano por edital - ou seja, pela imprensa, rádios ou meios de comunicação.

"Não entendo ser da competência deste juízo determinar a citação por edital da parte ré, tendo em vista que nossa legislação processual não prevê a figura da citação por edital através de carta precatória. A propósito, já decidiu o Superior Tribunal de Justiça que 'quando o réu não for localizado no juízo deprecado e estiver em lugar incerto e não sabido, a citação por edital deve ser providenciada perante o juízo deprecante'", decidiu o magistrado.

O mesmo agente, pouco antes de organizar Corinthians x Vitória, foi acusado de calote e estelionato em outra partida do Brasileiro, mas de 2013, envolvendo Flamengo e Portuguesa. Na ocasião, a Arena Castelão acusou o empresário de não pagar o aluguel, e a Federação Cearense reclamou de diversas taxas não quitadas. A briga também foi parar na Justiça.