A vitória contra o São Paulo por 3 a 2 no domingo, na Arena, marcou talvez a melhor atuação de Ángel Romero com a camisa do Corinthians.



Além do gol, feito logo no início do jogo, o paraguaio de 24 anos marcou com eficiência, deu quatro desarmes, aplicou chapéu e protagonizou um lance de efeito quando dominou com estilo uma bola chutada pela zaga, levantou a torcida e abaixou fingindo que ia colocar a mão nela.

Ovacionado na Arena em sua substituição, Romero passou por um processo de transformação diante do torcedor corintiano. No clube há exatamente três anos, já que foi contratado no início de junho de 2014, caiu nas graças da Fiel apenas neste ano diante da insistência de Fábio Carille, primeiro técnico a dar o que ele sempre pediu: uma sequência grande de jogos como titular.

– Romero é o Jorge Henrique de 2009 e 2010, ele dá o suporte do lado para Jadson e Rodriguinho. A ideia do Corinthians de 2009 para cá nunca mudou muito, só em 2012 que jogamos sem centroavante. Estamos muito satisfeitos com o comprometimento dele. É um jogador que no Corinthians joga, talvez em outros clubes não. Rala o shorts o jogo todo – disse Carille recentemente ao Globoesporte.com.

Diante do São Paulo, Romero chegou a 30 jogos na temporada. Apenas Gabriel e Jô, com 33, e Cássio, com 34, atuaram mais vezes que ele em 2017. Fundamental no esquema de Carille pela função tática, fez cinco gols no ano, o mais importante deles na final do Paulistão, contra a Ponte Preta, no empate por 1 a 1 que garantiu o título estadual. Em três temporadas, acumula 130 jogos e 25 gols. Sendo 20 deles dentro da Arena – é o maior goleador da história do estádio alvinegro.

Hoje em silêncio com a imprensa brasileira, vista por ele como contrária ao sucesso de estrangeiros no país, Romero falou com firmeza em duas entrevistas coletivas no fim do ano passado. Primeiro, pediu respeito e disse que não veio ao Brasil "para roubar". Dias depois, deixou claro que se sentia útil ao time. Àquela altura, era o artilheiro do time em 2016, com 15 gols marcados.

– Venho para fazer gol, me contrataram para isso, não para fazer malabarismo no farol. Se tenho técnica ou não, é outra coisa. Mas se faço gol, é bom. Para mim, as críticas são injustas – afirmou.



Jogador prodígio no Cerro Porteño ao lado do irmão Óscar, Ángel chamou a atenção do Corinthians em 2014 muito por sua movimentação em campo e pela entrega para o time.

Hoje técnico do Cruzeiro, adversário da próxima quarta-feira, Mano Menezes era o treinador da equipe no ato de sua contratação. Na ocasião, os irmãos Romero se destacaram nos duelos das oitavas de final da Libertadores entre Cerro e Cruzeiro. Tanto Ángel quanto Óscar, o irmão gêmeo, iniciaram negociação com o Timão, mas só havia dinheiro para um: veio Ángel.

Sem se consolidar com Mano e depois Tite, Romero teve seu primeiro grande momento no clube em 2015, no jogo da entrega da taça do Brasileirão. Com dois gols, foi o destaque do time na goleada por 6 a 1 contra o São Paulo, na Arena. Apesar da felicidade pelo título, estabeleceu como meta ser campeão com participação mais direta no campo. O que ocorreu no Paulistão deste ano.

Com o título, os gols diante da torcida, a confiança do treinador e a entrega em campo, Romero conseguiu deixar para trás toda e qualquer desconfiança do corintiano. Para a alegria de seus companheiros, que garantem que, para o time, o atacante sempre teve função fundamental.

– Às vezes o futebol é meio injusto. A gente sabe das qualidades dele, da capacidade dele. É um jogador importante para o elenco, uma peça fundamental para o grupo – defendeu o também paraguaio Balbuena, um dos melhores amigos de Romero dentro do elenco corintiano.