Malcom já marcou 10 gols com a camisa do Bordeaux

Logo após ser campeão brasileiro em 2015 como titular pelo Corinthians, Malcom precisou tomar uma difícil decisão. Ele recebeu uma oferta do Bordeaux, da França, de 5 milhões de euros por 50% dos seus direitos econômicos além de um salário maior. E, na época, o jovem de 18 anos vivia um bom momento no time alvinegro.

Mas o que poucos sabem é que pesou na escolha do jogador um conselho dado pelo comentarista da TV Bandeirantes Denílson, ex-atacante campeão da Copa do Mundo com a seleção brasileira em 2002 e que defendeu o clube francês na temporada 2005/2006.

"Muitas pessoas comentava nas minhas redes sociais que o Bordeaux era time pequeno, que não era para eu ir, que não daria certo. O Denílson me disse que a cidade era ótima e que o time era muito grande na França. Além disso, ele falou que se arrependeu em não ter renovado contrato por lá", contou Malcom, ao ESPN.com.br.

Mesmo com a possibilidade de ir para uma equipe maior na Europa, o jogador preferiu ser mais realista. "Eu queria ser visto e chegar jogando. Estava na minha melhor fase e teria mais espaço do que em um clube de maior expressão".

Um dos maiores desafios para o atacante era superar as diferenças culturais entre Brasil e França.

"Quando eu cheguei não entendia nada do que estavam falando, mas brincava com todo mundo. Tudo que eles diziam eu dava risada. Até hoje brinco que eles falam engraçado com biquinho (risos). É um jeito bonito de falar", afirmou.

Para se adaptar o mais rápido possível, Malcom contou com a ajuda dos companheiros de equipe.

"Eu cheguei e tinha o [zagueiro] Pablo e o [atacante] Jussiê que me ajudaram muito nesse período. Eu encontrei dois irmãos, que têm pais brasileiros, que viraram meus amigos. Eles me ensinavam francês antes de começar as aulas. Com uns cinco meses e já entendia a maioria das coisas que o técnico falava", garantiu.

Em pouco tempo, ele já se sentia em casa morando em Bordeaux. "Minha família se apaixonou pela cidade, que é muito bonita e tranquila. Você sai pra comer uma hora da manhã e pode parar no semáforo sem preocupação. Lá tem muita qualidade de vida. Só sai de lá quem não estiver jogando", confessou.

Dentro de campo, Malcom precisou se enquadrar na mentalidade dos clubes europeus.

"Ninguém te obriga a fazer musculação. É por sua conta. Você tem que ter na sua consciência porque precisa. Eles não pegam no seu pé. No Corinthians era obrigatório ir com os preparadores e eles tempo todo te ajudando e falando com você. Tive que aprender a ser mais profissional", admitiu.

Após seis primeiros meses de adaptação ao futebol francês, Malcom evoluiu. Em um ano e meio no Bordeuax ele fez 57 jogos e balançou as redes 10 vezes.

"Deu tudo certo e fiz minha melhor temporada. Fiz mais gols e dei mais assistências. Eu saí do Brasil com uma cabeça e estou com outra na França", garantiu.

Com o bom desempenho, o jogador viu seu nome ganhar manchetes como alvo de várias grandes equipes do mundo. Mesmo assim, ele procura não se influenciar com a possibilidade de sair do Bordeaux.

"Eu só penso em progredir na carreira, não importa onde. Eu tenho contrato até 2020 e só penso em ajudar os companheiros e fazer muitos gols. Tem muitas especulações, mas estou com a cabeça boa e focado no que quero", afirmou.