26/5/2017 11:50

Pivô de escândalo no Corinthians revela ameaças e fuga: "Pensei em desistir"

Alyson, meia-atacante de 17 anos, esteve envolvido em denúncia de estelionato nas categorias de base do Corinthians no ano passado. Após disputa na Justiça, ele quer renovar com o clube

Pivô de escândalo no Corinthians revela ameaças e fuga:
Assim como muitos jovens jogadores, o garoto Alyson ganhou os holofotes logo cedo. Então com 16 anos, ele teve seu nome estampado na manchete de sites e jornais em 2016. Mas não por gols, dribles ou títulos. O jogador foi o pivô de um escândalo nas categorias de base do Corinthians que chegou a ser alvo de sindicância do Conselho Deliberativo e contribuiu para a saída do diretor do departamento na época, José Onofre.

Mais de um ano depois das denúncias de que um empresário e um conselheiro do clube teriam cometido estelionato ao venderem parte dos direitos econômicos dele, Alyson está reintegrado ao elenco sub-17 do Timão e falou publicamente pela primeira vez sobre o caso.

Em entrevista ao Globoesporte.com, o garoto deu sua versão sobre os fatos, disse ter recebido ameaças de seu antigo empresário, Júlio César Polizeli (que se suicidou ano passado) e revelou até que se escondeu por dois meses temendo represálias.

– Pensei muitas vezes em parar. Sofri um baque grande quando soube (das denúncias). Pensei em desistir, falei com meu empresário que não queria mais jogar, estava querendo largar o futebol – contou.

Alyson também falou sobre falsas promessas que teria recebido de Manoel Evangelista, conhecido como Mané da Carne, conselheiro de bom trânsito nas categorias de base alvinegras e aliado político de Andrés Sanchez. Em contato com a reportagem, Evangelista disse estar afastado do futebol amador do Timão e rebateu.

– Tenho um filho economista, uma filha médica, duas filhas dentistas e a caçula é publicitária. Já tenho 71 anos, não tenho mais tempo para ouvir mentiras! Portanto, para terminar, nunca ofereci carro, casa, nem pagamento de aluguel! – disse Mané.

O atleta chegou a recorrer à Justiça para romper seu contrato de formação com o Corinthians, mas fez um acordo e, desde o início desta temporada, voltou a ser aproveitado pelo clube. São três gols pela equipe sub-17 no Paulistão. Com vínculo até novembro, ele afirma que deseja permanecer no Parque São Jorge, mas aguarda uma proposta para, enfim, assinar seu primeiro contrato profissional.

Como você ficou sabendo que parte dos seus direitos econômicos estavam sendo negociados com um empresário norte-americano?
Descobri na mídia, do nada. Para mim foi um baque enorme. Estava bem, treinando. Depois estourou isso na mídia e foi praticamente um desastre na minha vida.

E como foi a repercussão?
Até mesmo diretor vinha me perguntar o que estava acontecendo, eu praticamente não sabia de nada. Uns amigos começaram a divulgar isso em Facebook, me mandaram... E aí fiquei sabendo de tudo isso.
Eu nem desconfiava de nada. Estava treinando, focado, normal.
E quando o caso estourou, o que te falaram?
Eles não falavam nada, nem empresário, nem clube.

Um dos envolvidos neste caso foi o conselheiro conhecido como Mané da Carne. Como você o conheceu?
Eu o conheci através do Julio, meu ex-empresário. Mas eu nem sabia quem era. Devia ser algum amigo dele, pensei. Fomos conversando... Ele me prometeu coisas e não cumpriu.

Que coisas?
Prometeu contrato, casa, tudo isso.
Ele prometeu isso a você?

Ele marcou uma reunião com meus pais e falou isso. Prometia contrato no Corinthians, casa...

Falava como um dirigente do Corinthians?
Mais como um empresário mesmo, como se estivesse com o meu antigo empresário.

E depois que vieram as denúncias, o que ele te falou?
Comigo ele não conversou nada. Até se afastou um pouco. Eu mandava mensagem e ele não respondia. De vez em quando nos vemos, ele me cumprimenta, fala normal, mas é como se nada tivesse acontecido.

Ele e seu ex-empresário te ajudaram, não é? Pagavam seu aluguel, por exemplo.

Ele pagou o aluguel até um certo momento. Aí depois meu pai passou a desconfiar que ele estava desviando dinheiro, essas coisas. Ele ajudava, não vou falar que não. Mas depois que estourou tudo isso meu ex-empresário começou se afastar e as coisas só pioraram.

No ano passado seu pai disse ter sido agredido pelo Júlio, seu ex-empresário. Como você lidou com aquilo?
Sofri muitas ameaças do meu antigo empresário. Ele falou que se me visse em algum lugar iria quebrar minha perna, matar minha família.

CLIQUE AQUI e veja: pai de Alyson diz ter sido agredido
E o que você fez?
Fugi, me escondi. Fiquei dois meses sem fazer nada, sem sair de casa direito, não treinava, nem mesmo para a escola eu ia. Mudei de casa, me escondi. Ele estava bravo com as notícias e também por eu ter parado de trabalhar com ele. Foi no meio do ano passado, quando pensei em largar a carreira.

Quem te fez mudar de ideia?
Meu pai, minha família, e o Jaílton (Lopes, atual empresário). Se não fosse esse cara, não estaria aqui hoje. A gente se conheceu do nada e ele fez muito por mim, coisas que nenhuma outra pessoa faria.
Como isso repercutiu entre seus companheiros de clube?
No time, nem tanto. Era mais a comissão, treinador... Era diferente, muito diferente.

O que era diferente?
Vinham querendo zoar, tirar sarro da minha cara, davam risada. Eu ficava super para baixo. Como se fosse eu o culpado da história.
Foi quando você começou a treinar separadamente?
Isso. Eu tinha a mesma rotina de sempre, mas me colocavam para treinar com garotos de teste. Eu não queria ir mais, pensava em largar.
Ir treinar, sabendo que tem um potencial enorme, e fazerem sacanagem com você? É difícil. Eles não falavam nada, só separavam o grupo e me colocavam para treinar para lá. Eu ficava muito triste. Não davam justificativa alguma.

Nesta época o Corinthians alegava que você estava afastado por indisciplina. É verdade?
Tive uns problemas, mas minha cabeça agora está muito melhor. De uns tempos para cá eu melhorei bastante. Antes eu faltava a treino. Isso por causa da situação do contrato, né? Mas hoje estou na linha.
Diziam que você era muito rebelde, brigão...

Aconteceu um negócio na escola. Esse foi o pior. Um dia levei um cheque de R$ 4 mil, que tinha acabado de receber do Corinthians e deixei dentro da bolsa. E estava sem material nesse dia e a professora reclamou: "O que você vem fazer na escola?". Nesse dia pegaram o cheque e começaram a zoar. Aí a professora diz que eu esfreguei esse cheque na cara dela, falando que eu ganhava mais que ela. Mas eu não fiz isso, nem tinha visto que pegaram o cheque da minha bolsa.

Hoje você está mais tranquilo?
Hoje estou outra pessoa. Muito mais comportado. Antes era briguento, um pouco rebelde, percebi que isso me prejudicava. Meu empresário me ajuda muito, está ao meu lado.

Também falavam que você não se cuidava, estava fora de forma. Está diferente agora?
Mudei, estou me cuidando. Vou começar a fazer um trabalho com personal trainer a partir do segundo semestre.

E quando voltou a treinar no Corinthians?
Me chamaram depois da audiência, quando foi resolvido tudo. Aí falaram que eu voltaria a treinar com o grupo. Hoje está tudo certo, estou treinando, jogando, ajudando a equipe com gols. No começo deste ano fui reintegrado. Estou feliz, agarrando a oportunidade, jogando bem, tem tudo para ser um ano abençoado.

Mas e os profissionais que você falou que te ironizavam?
Hoje a comissão é outra, a diretoria também. Me tratam como se nada tivesse acontecido, é super normal.

Não tenho do que reclamar. Sempre me elogiam depois dos jogos, nos treinos também. Me deixam muito motivado.

Você guarda alguma mágoa por tudo o que aconteceu?
É mais culpa das pessoas, né? Nunca tive mágoa do Corinthians.
Mas você tentou rescindir o contrato, não é?
Eu queria sair. Não estava aguentando mais tudo aquilo. Ainda tinha aqueles comentários da comissão... Eu estava desmotivado. Pensava em faltar a treino. Meu pai insistiu para eu ir e fazer o meu. Depois houve acordo e deu tudo certo.

Agora você pensa em ficar no clube? Seu contrato está perto do fim...
Por mim eu ficaria no Corinthians, jogaria. Mas isso não depende só de mim, mas deles também. Eu tenho certeza que vou corresponder em campo.
Teme ficar marcado pelo escândalo? Acha que isso irá manchar sua carreira?
Eu acho que isso vai ser esquecido.
Para o torcedor que não te conhece, fale um pouco sobre seu estilo de jogo. O que a Fiel pode esperar de você?
Pode esperar um jogador bem guerreiro em campo.

Mais Romero do que Jadson, então.

Mais Romero. Na verdade, os dois. Marco bastante, mas com a bola tento dar passes, fazer gols. Uso a camisa 9 na base, mas jogava como um 10, na armação. Agora estou sendo usado como centroavante.

Qual o seu ponto forte?
A finalização! E armação também. Não sou de muita firula, sou mais um cara que gosta de deixar os companheiros na cara do gol.


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