,Leandro Castán tem vivido os últimos cinco anos numa montanha-russa. Campeão brasileiro pelo Corinthians em 2011, da Libertadores em 2012, convocado para a seleção brasileira, estava numa fase tão boa que acabou fisgado pelo futebol europeu. O Roma o levou. O zagueiro começou a se destacar na equipe, mas não poderia imaginar que o destino lhe reservaria infeliz surpresa dois anos depois. Diagnosticado em 2014 com cavernoma (malformação vascular do sistema nervoso central, um tumor de três centímetros no cérebro), foi obrigado a parar e se submeter a cirurgia. Eram grandes as tonturas e enjoos. A operação foi bem-sucedida, mas o brasileiro precisou reaprender até a andar.

Leandro Castán ficou mais de um ano fora dos gramados e se recupera aos poucos. Emprestado ao Torino, clube que defende no momento, mas, se reabilitando de lesão na coxa, ainda não atuou em 2017, o zagueiro falou, em entrevista ao "Planeta SporTV" divulgada nesta terça-feira, da tensão pela qual passou e da volta por cima
- Quando eu tive esse problema de saúde, o futebol ficou em segundo plano, cheguei até a pensar que poderia morrer. Fiquei doente mesmo, perdi quase 15 quilos. Eu vomitava, vomitava, não conseguia me alimentar, ficava de cama. Teve um dia até que eu sonhei que estava dentro de um caixão - disse o zagueiro, de 30 anos..
O Roma deu todo suporte ao atleta, que teve de fazer seis meses de fisioterapia e reabilitação. A cirurgia no cérebro foi bem-sucedida, mas afetou parte da zona de equilíbrio e da coordenação de movimentos. Leandro Castán precisou recomeçar, literalmente. Inclusive a andar.

- Senti bastante. Quando acordei e estava na UTI, o médico vinha com a caneta, ele colocava na perna, eu sentia que a caneta estava na minha perna, mas quando ele pedia pra eu mexer, não conseguia. Fiquei uns 10 dias sem me movimentar muito bem. Mas tive a ajuda do meu pai, do meu irmão, que estava junto, e da minha esposa.

A família foi fundamental na recuperação de Leandro Castán, que vivia momento especial no Roma e sofreu um baque com a doença.
- Fiquei doente na melhor fase da minha carreira. estava jogando muito bem, era dos principais jogadores do Roma, e me veio essa doença de um dia pro outro. .Mas levo de aprendizado sempre o lado positivo, o lado da alegria. Deus me deu outra oportunidade de viver, jogar futebol, cada dia vivo como se fosse o último. Vivo bem, feliz, pra mim é uma bênção tudo o que Deus me deu, minha família, estar vivendo aqui hoje com meus familiares numa cidade tão linda como Turim. O pior ficou pra trás.

A recuperação tem sido lenta. O zagueiro atuou 20 partidas após a cirurgia - seis pelo Roma e 14 pelo Torino. A lesão na coxa o deixou fora de combate nesta temporada de 2017.

- No dia que me falaram que não poderia mais jogar futebol, que teria de fazer a cirurgia, minha esposa me falou que estava grávida. do terceiro filho. Foi um choque, mas também foi estímulo pra eu continuar lutando contra aquilo. Talvez se eu não tivesse um estímulo assim poderia até ter parado de jogar futebol. Não sei... Acho que aquilo foi uma bênção de Deus, veio sem a gente programar, é uma menininha, tínhamos dois meninos.

Castán, que após a doença e a chegada de Rafaela procura passar mais o tempo com a família, recebeu até propostas para voltar ao Brasil. Se dependesse da vontade da esposa, Bruna Castán, as malas já estariam prontas. O zagueiro quer continuar na Itália, mas deixou claro que há um clube com prioridade para o seu retorno.

- Ano passado a equipe que queria que eu voltasse era o Corinthians.
O Andrés (Sanchez, ex-presidente) chegou pra mim e falou: "E aí, vamos voltar?".E eu, com o coração na mão, doido pra falar, não podia, porque sabia que a primeira temporada minha ia ser difícil. Tive essa lesão na perna que era um pouco esperada já. Eu não poderia assumir uma responsabilidade dessa de voltar depois de uma cirurgia que eu tive - afirmou o atleta, que espera voltar um dia ao Parque São Jorge.