15/4/2017 19:11
Clubes e MP questionam esquema de segurança dos clássicos paulistas
Corinthians e São Paulo querem o fim da torcida única; promotor investiga se há descumprimento ao Estatuto do Torcedor e desperdício de recursos públicos
Roberto de Andrade e Carlos Augusto de Barros e Silva, presidentes de Corinthians e São Paulo (Foto: Martín Fernandez)
O esquema de segurança dos clássicos paulistas, que desde abril de 2016 proíbe a presença de torcedores do time visitante, está sob duplo questionamento. Nesta semana, os clubes tentaram derrubar o veto e permitir duas torcidas nos clássicos – não conseguiram.
Em outra frente, a promotoria do Patrimônio Público e Social do Ministério Público de São Paulo abriu um inquérito para apurar se há descumprimento ao estatuto do torcedor e desperdício de recursos públicos no policiamento a jogos de futebol.
A investigação foi aberta pelo promotor Marcelo Milani após uma briga entre são-paulinos e corintianos em Carapicuíba, na Grande São Paulo, ter resultado na morte de um torcedor do Corinthians. A briga se deu a 47 quilômetros do estádio onde seria disputado o Majestoso em 17 de julho de 2016. O fato de a morte ter ocorrido após a adoção da torcida única provaria, segundo Milani, a ineficácia da medida.
Em depoimento prestado em 21 de fevereiro de 2017 e ao qual o GloboEsporte.com teve acesso, o responsável pelo policiamento de futebol em São Paulo e comandante do 2º Batalhão de Choque, Luiz Gonzaga de Oliveira Júnior, afirmou:
– Não existe ainda um estudo de inteligência no sentido de se saber se o atual modelo de policiamento ostensivo e preventivo necessita ser modificado ou ampliado.
Na semana passada, os presidentes de São Paulo e Corinthians pediram publicamente a volta das torcidas visitantes. A Secretaria de Segurança Pública enviou à reportagem uma nota na qual "reitera seu propósito de manter diálogo aberto com a FPF, os clubes, o Ministério Público e o Poder Judiciário".
A PM já deixou claro que não vai recuar. O Ministério Público abriga posições antagônicas: o promotor Paulo Castilho, que atua há vários anos no combate à violência no futebol, defende a manutenção do veto a visitantes, enquanto seu colega Marcelo Milani, da área do Patrimônio Público, vê problemas na medida.
Outra polêmica diz respeito à própria presença da Polícia Militar nos estádios. Em depoimento ao MP, o chefe do 2º Batallhão de Choque declarou:
– No momento atual é impossível realizar um evento esportivo sem o policiamento de choque, especialmente pelo comportamento das chamadas torcidas organizadas.
Também em depoimento ao Ministério Público, o presidente da Federação Paulista de Futebol, Reinaldo Carneiro Bastos, afirmou que é obrigado por lei a contar com os serviços da PM, e que por isso "não tem a possibilidade de colocar outro tipo de segurança que não esta".
Quem paga o policiamento em dia de jogo é o mandante – no clássico de hoje, o São Paulo. Segundo a PM, hoje o custo é de duas "Ufesps" (sigla para Unidade Fiscal do Estado de São Paulo, hoje em R$ 25,07) por policial, por turno de 8 horas. Ou seja: R$ 50,14 por PM trabalhando em dia de jogo. E o dinheiro não vai nem para a PM nem para a Secretaria de Segurança Pública, mas sim para um fundo do governo de São Paulo, que pode usar os recursos para outros fins.
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