Se existe um lugar onde eu me sinto bem mesmo é em um estádio de futebol. Acho que uma das razões é porque eu cresci acompanhando futebol nas arquibancadas. Na infância, minha felicidade era ouvir meu pai dizer: “Domingo não vamos ao jogo”. Ainda bem que ele disse muito isso, algumas vezes para desespero de minha mãe.
 
E não era apenas nas partidas da nossa equipe que ele me levava. Bastava um grande time jogar aqui em São Paulo e nós estávamos lá. Como era o início dos anos 1970, não faltaram jogos do Cruzeiro, Internacional, Botafogo e os últimos jogos de Pelé com a camisa do Santos.
 
Lógico que tudo muda, a gente cresce, e depois eu fui aos jogos com os amigos, viagens para partidas longe de São Paulo, a fase de acompanhar os profissionalmente, depois levando o filho e seu pai aos jogos. Mas a minha paixão por estar em estádios de futebol não mudou. É como se fosse um ritual.
 
Sempre gostei de chegar muito cedo. Além de garantir um bom lugar no estádio, acho incrível como os estádios vão “ganhando vida” com a chegada dos torcedores. O silêncio do estádio vazio vai sumindo e o som ambiente vai aumentando, até o clima fica cada vez mais tenso até a entrada dos times em campo.
 
Além de ficar observando a mudança de clima, me pego olhando para o gramado, lembrando de jogos, grandes momentos, gols e imaginando como vai ser a partida que estou esperando. Recordo de detalhes das idas ao estádio da minha infância, com meu pai e meu avô me contando histórias apontando com o dedo o lugar das jogadas – muitas delas eu conto aqui nos textos que começam com “Diário do Seu Humberto”. Sinal dos tempos, hoje sou eu que conto histórias para o meu filho.
 
Na espera dos jogos, também é gostoso ver os vários tipos de torcedores que vão chegando, “ajudar” alguém que olha para a arquibancada procurando amigos, ou ver aqueles que só são amigos no estádio, pois se sentam sempre no mesmo local. Aqui, entra uma questão importante, você pode ir sozinho para o jogo, mas quando você está no estádio, você nunca vai estar desacompanhado, pois em poucos minutos você estará falando com alguém que nunca viu.
 
Falando da hora que a bola rola, é ainda no estádio – ainda mais com as arenas modernas – o melhor lugar para se acompanhar um jogo. Você consegue ver tudo o que acontece no gramado e a emoção é bem maior do que acompanhar pela TV. Não há replay, mas hoje já dá para ver o lance logo depois no celular e se não tiver sinal, o papo com os torcedores ao seu lado elimina qualquer dúvida.
 
Até em caso de derrota, ela é menos dolorida quando você está no estádio, pelo menos você tem tempo de assimilar o mal resultado no trajeto do estádio até sua casa.
 
Confesso que fora dos dias de jogos, ou em qualquer cidade que eu estou, mesmo não trabalhando, gosto de conhecer os estádios do local, sempre tirando uns minutos para sentar em uma parte do estádio para imaginar duelos no gramado. Definitivamente, no meu caso, não acho nenhum exagero chamar estádios de “templos”.