Jô entrou para a história do Corinthians logo na primeira partida que fez. Com 16 anos, três meses e 26 dias, tornou-se o mais jovem a defender o clube. Isso foi em jogo contra o Guarani em 19 de julho de 2003. Exatos 4.949 dias depois ele voltou a jogar oficialmente pela agremiação e marcou na vitória sobre o São Bento por 1 a 0. Foi apenas o 19º dele com a camisa alvinegra, mas ainda assim foi um tento cercado de significado para o atacante.

A começar pelo longo jejum pessoal. Desde 9 de julho de 2016 que Jô não balançava as redes. Foram 210 dias ou mais ou menos sete meses longe das redes. Muito tempo para um atacante. Ocorre que nesse período a vida do jogador mudou diversas vezes.

Quando marcou pela última vez, Jô estava no futebol chinês, jogando pelo Jiangsu Suning. Equipe que aceitou defender após uma passagem frustrada pelo Al-Shabab, dos Emirados Árabes Unidos, onde deveria ter ficado cinco anos, mas ficou apenas dois.

Um tanto quanto desacreditado acabou topando o convite para jogar na China em fevereiro do ano passado. Não foi uma boa escolha. Fez 24 jogos pelo Jiangsu Suning e apenas nove gols. O último, citado acima, foi numa derrota para o Shandong Luneng.

Naquele dia, o argentino Montillo - hoje jogador do Botafogo - marcou duas vezes e o volante brasileiro Ramires, então companheiro de Jô, foi expulso.

Jô não ficou muito mais tempo no Jiangsu Suning. Em novembro chegou ao Corinthians. Sem poder jogar, ficou treinando e aguardou. Foi apresentado oficialmente somente depois que o Campeonato Brasileiro já tinha encerrado. Jogou a pré-temporada, em Orlando.

Durante todo esse período muitas lembranças de Corinthians vieram a tona.

O já citado recorde como mais jovem a ter jogado foi recordado. Também foi lembrado por ter sido o mais jovem a ter feito um gol pelo clube. Isso ocorreu na vitória diante do Internacional por 3 a 1, em 24 de agosto de 2003, ou seja, 35 dias após ter estreado.

Mas gols nunca foram o forte de Jô no Corinthians. Até o duelo contra o São Bento, ele tinha apenas 18 tentos - 13 deles em jogos pelo Campeonato Brasileiro - em 118 jogos. Uma média muito baixa (0,15) para quem chegouagora para ajudar a resolver.

Pior, a última vez que havia anotado um gol no Brasil foi em jogo do Atlético-MG contra o Palmeiras, em 9 de maio de 2015 - há 637 dias, ou, há 1 ano, 8 meses e 26 dias.

Aos 29 anos, Jô nem é tão velho para os padrões atuais do futebol. Mas a trajetória dele e, especialmente os útimos anos, sugerem um desgaste.

O atacante deixou o Corinthians no final de 2005, após a conquista do Campeonato Brasileiro. Ele esteve em campo na derrota para o Goiás por 3 a 2, na última rodada, tendo entrado no lugar de Nilmar. Depois disso foi para o CSKA Moscou, da Rússia.

Foram cinco anos e meio na Europa, com passagens por Manchester City, Everton e Galatasaray. Voltou ao Brasil em julho de 2011 para defender o Internacional. Em maio de 2012, ou seja menos de um ano, foi para o Atlético-MG.

Teve altos e baixos, não emplacou por muito tempo e acabou indo para os Emirados Árabes. Ou seja, após o Corinthians, foi uma década que começou em alta - teve até passagem pela seleção - e terminou em baixa.

Se não se destacou individualmente, ao menos Jô jogou em times campeões. Pelo Atlético-MG foram dois Estaduais, uma Copa do Brasil, uma Recopa Sul-Americana e uma Libertadores. No Internacional, faturou um gaúcho e uma Recopa Sul-Americana.

Ganhou a Copa da Inglaterra, pelo Manchester City, o Campeonato Russo, a Copa da Rússia e a Supercopa da Rússia, pelo CSKA Moscou.

Por isso, Jô busca no Corinthians uma retomada na carreira. E gol marcado contra o São Bento, ainda que tenha sido de pênalti, pode ter sido um (re)começo.