Sem comemorar um título, sem a vaga na Copa Libertadores e com apenas duas vitórias em clássicos, a boa notícia para o torcedor do Corinthians é que 2016 está chegando ao fim. A má, porém, é que o cenário que se apresenta para 2017 não parece muito animador.

Ainda sem saber quem será o treinador da equipe na próxima temporada, o Corinthians vive dias conturbados para a definição do planejamento para 2017, com uma queda na arrecadação por estar fora do torneio continental. Além disso, sobram problemas de bastidores no clube, com a ameaça até de impeachment do presidente Roberto de Andrade, e a situação nebulosa com o estádio de Itaquera.,

Faltando menos de um mês para a reapresentação do elenco, marcada para o dia 11 de janeiro, o Corinthians ainda não sabe quem será seu treinador para 2017. A equipe é a única dentre as grandes do país a estar sem treinador, desde que demitiu Oswaldo de Oliveira na última quinta-feira, apenas dois meses após tê-lo contratado.

Nomes como Guto Ferreira, Jair Ventura, Vanderlei Luxemburgo, Levir Culpi, entre outros, são especulados, mas as palavras de Roberto de Andrade e de Flávio Adauto, diretor de futebol da equipe, deixam no ar um certo clima de mistério.

Adauto chegou a dizer que o treinador já estava escolhido, restando que este escolhesse o clube também. Este poderia ser um indicativo de ser alguém já empregado, mas a dica não foi confirmada ou descartada.

A única informação em comum nos discursos dos dirigentes é de que se trata de alguém com "perfil vencedor".

A indefinição quanto ao treinador é mais um problema para a montagem do elenco, que terminou o ano com mais incertezas do que certezas na cabeça do torcedor. Até agora, contudo, o único nome confirmado é do atacante Jô, que estava sem clube e assinou por três anos.

Nomes como o do volante Rithely e do meia Wagner aparecem no noticiário como negociações já em andamento. Além disso, a diretoria fala em contratar mais um atacante e um zagueiro, mas o planejamento pode ser alterado pelo comandante que chegar.

Além disso, a questão financeira é outro empecilho. Sem a vaga para a Copa Libertadores, as receitas do clube serão menores em 2017, forçando uma política do "bom e barato". Na última quinta-feira, o Conselho Deliberativo adiou a votação do orçamento, mas a previsão de gastos com reforços para a próxima temporada era modestas, de apenas R$ 13 milhões. Para fazer uma rápida comparação, o valor é o mesmo que o clube gastou apenas para trazer Marquinhos Gabriel em 2016.

A demissão de Oswaldo de Oliveira também foi resultado da pressão que Roberto de Andrade sofre nos bastidores do clube. No final de novembro, um grupo de conselheiros protocolou um pedido de impeachment do mandatário no Conselho Deliberativo.

Ele é acusado de assinar documentos com datas anteriores à de sua posse, que aconteceu em fevereiro do ano passado. Segundo as denúncias foram feitas pela Revista Época, dois dias antes de ser eleito, ele assinou uma lista de presença de assembleia geral de cotistas do estádio. Antes, quando ainda faltavam 27 dias para o pleito, seu nome apareceu em contrato do estacionamento da arena com a Omni.

Roberto de Andrade apresentou sua defesa negando que tenha cometido fraudes, garantindo ainda que tais ações não geraram dano ao Corinthians.

A ameaça faz com que Roberto de Andrade fique pressionado pelo conselho, já que deve pensar suas ações de forma que não desagradem aqueles que podem vir a votar pelo fim de seu mandato, que só deve acabar em fevereiro de 2018. Em caso de impeachment, que assumiria de forma provisória, até novas eleições seria André Luiz Oliveira, vice-presidente que foi alvo de condução coercitiva na operação Lava Jato, após seu nome apareceu na planilha da Odebrecht.

O Corinthians contratou uma auditoria para descobrir eventuais irregularidades da Odebrecht na construção do estádio ou até mesmo ter a dívida com a construtora perdoada, uma vez que, segundo o clube, a arena foi entregue com diferenças em relação ao projeto original.

Se há dúvidas sobre a construção e a segurança do local, também existem questionamentos sobre como o clube irá pagar a conta da obra. Na última semana, o Corinthians avançou nas conversas com a Caixa Economica Federal para mudar a forma de pagamento da dívida, ficando perto de mudar o prazo de 12 para 20 anos para a quitação do financiamento. A negociação diminuiria para cerca de R$ 3 milhões a parcela mensal, que hoje é de mais de R$ 5 milhões e está suspensa há sete meses.

A notícia pode ser muito boa, principalmente se for levado em consideração que, sem a participação na Copa Libertadores, a previsão da arrecadação também cai muito. Desde 2015, 20% de todo o dinheiro arrecadado com a venda de ingressos correspondeu à jogos do torneio continental.