17/12/2016 09:10
“Desmentido” por si próprio, Corinthians sofre para passar confiança
Em busca de um treinador para 2017 e de reforços para apagar a ausência da clube na Copa Libertadores da América do ano que vem, a diretoria do Corinthians corre contra o tempo para anunciar nomes o quanto antes, sem prejudicar o planejamento da próxima temporada. Porém, além de esbarrar na falta de recursos financeiros, o clube tenta superar outro problema colocado em evidência no segundo semestre de 2016: a falta de coerência nas suas decisões.
A última e talvez mais flagrante de todas elas foi a demissão do técnico Oswaldo de Oliveira. Contratado por causa de uma preferência pessoal do presidente Roberto de Andrade, ignorando uma enorme rejeição ao nome até de aliados, o treinador ouviu do mandatário ao ser chamado para o cargo que era nome certo na preparação do clube para o ano que vem. Quatro dias após o fim da temporada, no entanto, já não tinha emprego.
“Quando o presidente Roberto de Andrade me ligou enquanto eu ainda era técnico do Sport, a insistência dele era para que eu assumisse o clube imediatamente, porque ele precisava do meu trabalho para começar logo o planejamento para 2017. Chegamos a conversar sobre a possibilidade de iniciarmos apenas no ano que vem, mas ele sempre fez valer que a urgência era fundamental”, disse o comandante, mostrando arrependimento pela escolha.
Na avaliação da diretoria, o desempenho de Oswaldo, mesmo em apenas dois meses de clube, ficou muito aquém do esperado, principalmente pela ausência no G6 do Brasileiro, além da eliminação na Copa do Brasil para o Cruzeiro. Soma-se a isso a pressão de conselheiros, possivelmente envolvidos no futuro de Roberto como mandatário após o pedido de impeachment passar pelo Conselho de Ética alvinegro.
O que aconteceu com Oswaldo, por sinal, foi praticamente regra desde a saída de Tite para a Seleção Brasileira, em junho. Naquela ocasião, o Timão optou pela contratação de Cristóvão Borges, que chegou a liderar o Brasileiro durante o primeiro turno e se manteve próximo do Palmeiras, líder da competição, antes das vendas dos volantes Bruno Henrique e Elias, titulares absolutos.
Já em baixa, o treinador preparava sua equipe para encarar o arquirrival no dia 17 de setembro, em Itaquera, quando, dois dias antes, ouviu o então diretor-adjunto de futebol, Eduardo Ferreira, bancar sua permanência independentemente do resultado. Meia hora depois de Heber Roberto Lopes determinar o encerramento do Derby, porém, a diretoria informou que Cristóvão não resistira no cargo após a derrota por 2 a 0.
Na mesma entrevista, Roberto de Andrade disse que Fábio Carille assumiria o comando no restante de 2016. “Só vou decidir quem será o treinador ao fim do Campeonato Brasileiro”, bradou o dirigente. Dois dias depois, no entanto, mais uma vez os desencontros chamaram a atenção. “Não vamos colocar um prazo para a permanência do Carille”, rebateu o gerente de futebol Alessandro. Menos de um mês depois, Oswaldo era anunciado oficialmente.
Em meio a tudo isso, o Alvinegro tentará provar para o próximo treinador que o projeto é realmente para pelo menos uma temporada, algo que só aconteceu desde 2008 com Mano Menezes e Tite. Com Guto Ferreira e Vanderlei Luxemburgo já descartados, os nomes de Jorginho, ex-Vasco, e Marcelo Oliveira, ex-Atlético-MG, são os mais fortes no clube.
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