Cai uma chuva torrencial em São Paulo. O aguaceiro faz lembrar aquele que encharcou o gramado do Maracanã há exatos 40 anos, em 5 de dezembro de 1976. “Você estava lá?”, pergunta o senhor de 67 anos, abrindo a porta da sede da Serviços Assistenciais Senhor Bom Jesus dos Passos, instituição filantrópica que administra desde 2000. Posicionado bem abaixo de um relógio de parede sem ponteiros, com o distintivo do Corinthians em destaque e o aviso “aqui você não vê a hora passar”, Tobias começa a falar sobre o maior feito da sua vida como se o tempo realmente tivesse parado. Só retorna ao presente quando coça a cabeça, hoje calva, e lamenta a falta da cabeleira encaracolada que colocou na história corintiana nas semifinais do Campeonato Brasileiro de 1976.
O Corinthians já amargava um jejum de conquistas de títulos expressivos de mais de 21 anos naquela temporada. Vindo do Guarani depois de uma arrastada negociação com o São Paulo fracassar, Tobias era um dos jogadores em quem o presidente Vicente Matheus apostava para findar o sofrimento dos torcedores. E, assim como o goleiro, os demais ganharam confiança ao longo do Campeonato Brasileiro. Classificaram-se para as semifinais com uma arrancada no final da terceira fase, e, àquela altura, ninguém mais se importava com o fato de o favoritismo no confronto ser todo do Fluminense de Roberto Rivellino, o Reizinho que o clube escorraçou do Parque com a derrota para o Palmeiras na decisão do Campeonato Paulista de 1974.
Até porque Tobias e os seus companheiros não estariam sozinhos no Rio de Janeiro. No fim de semana da partida contra o Fluminense, a torcida corintiana promoveu aquele que ficou conhecido como o maior deslocamento humano em tempos de paz já registrado. Foi montada uma “Operação Corinthians” para controlar o tráfego de milhares de paulistas na via Dutra. Para o céu, a Ponte Aérea providenciou 32 voos extras e cancelou as folgas de seus funcionários na esperança de dar conta da enorme demanda de passageiros.
Já em terras cariocas, a torcida do Corinthians festejava de véspera, por todos os lados. Praias e monumentos ganharam adereços do clube paulista – torcedores do Fluminense montaram uma barricada na estrada que dá acesso ao Corcovado para evitar que também o Cristo Redentor fosse fantasiado de corintiano. No Maracanã, o empolgado concessionário dos 47 bares do estádio aumentou o seu estoque para 72.000 garrafas de cerveja e 36.000 de refrigerante, além de providenciar 3.000 sanduíches para vender aos visitantes. Os mais e menos embriagados faziam carnaval ao ritmo da marchinha “Cachaça não é água”: “Você pensa que o Corinthians é mole?/ O Corinthians não é mole, não/ O Corinthians joga muita bola/E neste ano vai ser campeão”.
Não foi. O Corinthians até superou o Fluminense diante de 146.043 torcedores do Maracanã – empatou por 1 a 1 sob o temporal de 5 de dezembro, com gols de Carlos Alberto Pintinho e Ruço no primeiro tempo, e comemorou as defesas de Tobias nos chutes de Rodrigues Neto e Carlos Alberto Torres para ganhar a disputa de pênaltis –, porém acabou derrotado pelo Internacional de Falcão na decisão nacional. Para a história, não importava. A Invasão Corintiana ao Rio de Janeiro já havia sido eternizada antes mesmo do fim do jejum de títulos, alcançado no Campeonato Paulista do ano seguinte. “Um turista que por aqui passasse havia de anotar no seu caderninho: ‘O Rio é uma cidade ocupada’”, sentenciou o dramaturgo Nelson Rodrigues.
Não é à toa, portanto, que Tobias ainda se emociona com a peça que ajudou a escrever quatro décadas atrás, quando bandeiras em sua homenagem, com a inscrição “Tobias or not Tobias”, tremulavam no Maracanã. Em uma hora e meia de conversa com a Gazeta Esportiva, tempo suficiente para a chuva cessar na Terra da Garoa, o herói da Invasão Corintiana se dispõe a remexer em sensações tão profundas quanto as de Hamlet. Rememora o furto de um talão de cheques que fez o amigo Zé Maria virar notícia como homossexual, revive as defesas de pênalti que lhe renderam até um automóvel de presente do apresentador Silvio Santos – repassado para Ruço – e mostra inconformismo com o fato de ter um filho santista, outro são-paulino, o terceiro palmeirense e apenas uma torcedora do Corinthians. Afinal, no coração invadido de Tobias, ser ou não ser corintiano nunca foi um dilema, conforme comprova nesta entrevista. Eis as questões:
Gazeta Esportiva: Você sempre foi corintiano?
Tobias: Gosto do Corinthians desde criança. Mas nem pensava em jogar pelo clube naquela época, né?
GE: A sua infância como torcedor, então, foi difícil, coincidindo com o jejum de títulos do Corinthians.
Tobias: É… Em 1954, quando o Corinthians ganhou o Campeonato Paulista pela última vez, eu tinha cinco anos. Não tenho lembranças daquele time. Depois, em Piracicaba e em Bauru, onde morei depois de sair de Agudos, já acompanhava quando o Corinthians ia jogar lá, principalmente contra o Noroeste. Vi o Aldo, o Marcial…
GE: Quem era o seu maior ídolo?
Tobias: Ah, o Gilmar! Achava ele um baita de um goleiro. Não sei se é o maior da história do Corinthians porque jogou pouco até ir para o Santos (na verdade, Gilmar dos Santos Neves atuou pelo Corinthians durante uma década, entre 1951 e 1961, com 395 jogos disputados), mas me marcou muito. Não vi outro com o potencial dele.
GE: E você? Era goleiro desde garoto?
Tobias: Então, rapaz… Na minha família, somos em sete filhos. Sou o segundo. Um é advogado, outra é professora, mais uma é advogada, outra também e advogada, uma está sem profissão agora, o…
GE: Não quis virar advogado também (risos)?
Tobias: (Risos.) No futebol, só fiquei eu. Quando era garotinho, com cinco anos, a minha mãe estava muito doente, e fui morar em Piracicaba com a minha tia. Fiquei lá até os 11 anos. Aí, comecei a brincar de goleiro no infantilzinho do XV de Piracicaba e não parei mais.
GE: Foi aquela história do menino que não joga bem na linha e acaba empurrado para o gol?
Tobias: Foi isso mesmo (risos). Quando voltei para Agudos, comecei a jogar no time da cervejaria Brahma e, com 14 anos, fui levado por um diretor para fazer teste no Noroeste por ser muito grande. Naquela idade, já tinha 1,70m e poucos. Hoje, estou com 1,86m. Dali, em 1968, segui para o Guarani e disputei um Brasileiro emprestado para o Sport porque os times pequenos não jogavam essa competição na época. Quando voltei para Campinas, aí, sim, o Corinthians veio com tudo para cima de mim. Eles já tinham cogitado me levar, mas, como contavam com o Ado, não havia dado certo.
GE: O Corinthians era o único interessado na sua contratação? Você já tinha certa fama nesse tempo, ganhando até o apelido de “Gatão”, não?
Tobias: Ganhei o apelido no Guarani. Eu era cabeludão, e… Sei lá, também. Colocaram o apelido em mim, né? Eu era rápido para sair do gol e começaram com essa história de “Gato”, “Gato”, “Gato”… Pegou. Tive uma fase muito boa ali. Estava estourando. Só não fui para a Copa do Mundo porque não estava em um clube grande. Era o tempo do Félix, do Leão, do Ado, do Waldir Peres… E, rapaz, quem veio mesmo para me contratar foi o São Paulo. Era para eu ter ido para o Morumbi, e não para o Parque São Jorge.
GE: Consegue imaginar como teria sido a sua trajetória como são-paulino?
Tobias: Totalmente diferente. Não havia um prognóstico de Corinthians para mim até então. O São Paulo veio forte, e o Guarani não quis me vender. Se eu tivesse ido, é claro que não teria acontecido tudo o que aconteceu na minha história, apesar de o São Paulo também ser um grande clube. Só que o Corinthians… Além de eu ser corintiano, toda a minha família é. Mas peguei uma época brava, né?
GE: Era o que eu ia comentar. Aquele jejum do Corinthians que você vivenciou como torcedor, na infância, ainda perdurava.
Tobias: Vinte anos de jejum. E o Corinthians tinha perdido o título paulista para o Palmeiras em 1974, com gol do Ronaldo. Quando cheguei, assinei contrato ao lado do presidente Vicente Matheus, sentei-me para tirar fotografia e peguei a camisa número um. Vesti no corpo assim (Tobias estufa o peito e finge colocar o uniforme). Na hora em que a camisa entrou, não senti o número um nas costas, mas o 20, dos 20 anos de jejum. E eu não tinha nada a ver com esse peixe. Você vê que barra?
GE: O Vicente Matheus fez alguma cobrança na sua chegada ao clube?
Tobias: Com o Matheus, foi tranquilo. Até porque, além de mim, chegaram Moisés, Basílio, Ruço, Geraldão, Romeu… Quando o Corinthians perdeu para o Palmeiras, começou aquela reformulação que se deu com a saída do Rivellino para o Fluminense.
GE: Muitos desses jogadores que chegaram ao clube junto com você mantêm uma relação próxima até hoje. Mesmo aqui, na sua instituição, vejo fotos do Zé Maria, do Geraldão e de tantos outros pela casa.
Tobias: Eram outros tempos. Antigamente, os jogadores tinham muito mais amizade, respeito. Íamos às casas uns dos outros, saíamos para tomar uma cervejinha. Quando cheguei do Guarani, comprei uma casa no Bairro do Limão, e o Serginho, do São Paulo, e o Basílio moravam um pouco acima de mim. A gente se via sempre. Depois, fui para a Rua São Jorge, em frente ao Parque São Jorge, porque era mais perto para treinar. Antes, para pegar o carro e ir até lá, era complicado. Poderia até chegar atrasado a um treinamento. Mas outros jogadores, como o Palhinha, moravam ali na São Jorge também.
GE: Um jogador que tomava uma cervejinha naquele tempo não era tão mal visto quanto hoje?
Tobias: Isso nas folgas, né? Preferíamos tomar em casa ou em algum lugar mais reservado, sem exposição, porque a torcida poderia não gostar. Tomávamos uma cervejinha, jogávamos um baralhinho, uma cacheta ou uma tranca, e íamos embora.
GE: Li em alguns jornais da época que você não gostou de ser chamado de “rebelde” pela imprensa nos primeiros meses de Corinthians.
Tobias: Eu não era rebelde, não. Não havia uma grande rebeldia. Também não ligava muito que falassem, até porque tinha os meus 20 e poucos anos. Mas jornal é fogo, né? Às vezes, o cara sai à noite e já começa a ficar falado. Quem é que não sai à noite? Eu saía, mas quando ainda não era casado. Não bebia nem fumava, está entendendo? Quer dizer, bebia assim, uma cerveja, algo normal. Não quero dizer que nunca tenha ido à balada, mas, estando no Corinthians, você dá uma saidazinha na sua folga, e o cara já começa a falar que tomou uma caixa de cerveja, que fez isso e aquilo. Era tudo à base do sensacionalismo, porque o Corinthians vendia jornal. A gente tomava cuidado, mas, mesmo assim, falavam. Ficavam com aqueles papos furados de que alguém tinha fugido da concentração. Isso era piada. E aquela história do Zé Maria?
GE: Qual delas?
Tobias: Havia um menino no nosso elenco, o Zé Roberto, que era até um cara legal. Eu não tinha contato de sair com ele, mas via que era um cara na dele. Só que, na infelicidade, o Zé Roberto roubou um talão de cheques do Zé Maria em 1975. No vestiário, o meu armário era encostado no dele, vindo depois os do Zé Maria e o do Moisés. Lá, houve esse problema de sumir um talão de cheques do Zé Maria. Aí, o Zé Roberto foi passar o cheque em uma loja onde o Zé Maria estava acostumado a comprar. Viram que era a assinatura do Zé Maria no cheque e ligaram para ele. O problema começou.
GE: E como terminou?
Tobias: Chamaram o Zé Roberto e falaram isso e aquilo. Ficou aquela discussão. A imprensa também foi para cima do Zé Roberto. E ele: “Ah, o Zé Maria é veado!”. E o cara botou no jornal!
GE: Ouvi dizer que era uma manchete sensacionalista, do tipo “é Zé ou Maria?”.
Tobias: Putz, o Zé Maria era casado, com filho… Fomos treinar no Morumbi. Estávamos o Moisés e eu sentados no ônibus quando passamos em frente a uma banca de revistas. Aí, vi esse jornal. “Caramba! Olha isso, Moisés!”, avisei. Ele olhou e falou: “Nossa!”. E o Zé ali na frente, coitado, sentiu-se mal pra caramba. Fomos para cima do cara do jornal depois disso. Ele pediu desculpas e tal, mas a m… já estava feita. O Brasil todo estava falando. Processaram o cara do jornal, proibiram a entrada dele no Corinthians e mandaram o menino que pegou os cheques do Zé Maria embora. Ele foi pedir desculpas, mas não tinha desculpas. O Zé Maria era jogador de Seleção Brasileira, tricampeão do mundo. Deu uma baqueada, sentiu mesmo.
GE: Como vocês reanimaram o Zé Maria?
Tobias: Fomos para cima do Zé, né? Tiramos de letra. A torcida também não estava nem aí para essa invenção porque ele era um ídolo.
GE: Nem as torcidas rivais ligaram?
Tobias: Até que não ligaram tanto. É claro que um e outro provocavam, chamavam de veado, mas eram poucos, até porque sabiam da idoneidade do cara, um tricampeão do mundo. Se fosse um descambado, poderiam ter pegado mais pesado. Todos fomos muito solidários ao Zé Maria. Foi uma brincadeira de mau gosto do Zé Roberto. Uma m… dessa, isso não se faz. Havia um outro Zé Maria, problemático sexualmente. Era um que vendia carros aqui, na Duque de Caxias, e treinava a garotada do Corinthians. Talvez tenham confundido os Zés Marias. Aí, sobrou para o nosso Zé, coitado. Hoje, ele é diretor da minha ONG, está há quase 17 anos comigo. Aquilo foi uma coisa chata, que, graças a Deus, acabou superada.
GE: Tanto foi superada que, com o Zé Maria como um dos líderes da equipe, o Corinthians chegou ao vice-campeonato brasileiro no ano seguinte, em 1976. Quando vocês perceberam que aquela campanha estava tomando uma proporção que culminaria na Invasão Corintiana ao Rio de Janeiro?
Tobias: Aquilo cresceu mesmo quando já estávamos classificados para a semifinal. À medida que íamos ganhando, a torcida se inflamava com a possibilidade de disputar um título depois de tanto tempo. Mas os favoritos sempre foram o Fluminense, a Máquina, e o Internacional, do Falcão. Eles eram mais fortes. Não vou falar que o Corinthians tenha sido uma zebra, mas, se não dá aquela chuvarada no Rio,
o Fluminense complicaria para a gente. Era um time leve, técnico. Não sei se o Corinthians teria chegado à final sem a chuva. Depois, nos pênaltis, era loteria.
GE: Curiosamente, o Rivellino culpa também o campo encharcado do Morumbi, condição desfavorável ao Corinthians de 1974, pela derrota para o Palmeiras naquele Campeonato Paulista.
Tobias: A situação se inverteu. Em 1976, a chuva estava do lado do Corinthians. O Fluminense era um time leve, mas, com aquela água toda, a bola não corria. Só que, voltando ao que estávamos falando, quem inflamou a torcida do Corinthians foi o (Francisco) Horta, presidente do Fluminense. Ele começou a criar um clima para instigar o Matheus, até porque o Fluminense tinha um p… de um time. Ele tinha certeza de que chegaria à final. E era uma partida na casa deles, que tinham somado mais pontos. Então, o Horta começou a provocar, dizendo que daria mais ingressos para os corintianos.
GE: O Rivellino conta, em tom de brincadeira, que recomendou o Horta a parar, porque não sabia com quem estava mexendo.
Tobias: Exatamente! Mas o Horta começou a instigar, a debater com o Matheus, que falou: “Ah é? Então, mande 50.000 ingressos para nós!”. E o Horta: “Vou mandar mais até!”. Só que ele nunca poderia imaginar que aconteceria o que aconteceu. Nem nós. Pensávamos que iriam uns 15.000 corintianos para o Maracanã, um bom número já, porque era um p… de um jogo. E dividimos o Maracanã! Quer dizer, de 150.000 presentes, a maioria era corintiana. Imagine isso.
GE: Vocês só se deram conta do que estava acontecendo quando já estavam no Rio?
Tobias: Fomos para o Rio na sexta-feira, e o jogo seria no domingo. Estávamos concentrados no Hotel Nacional, em São Conrado, e treinamos no Flamengo no sábado. Víamos alguns torcedores ali, mas nem sonhávamos com o que realmente estava acontecendo nas ruas. No dia do jogo, encontramos bastante gente no hotel. Mas isso era normal. Não sabíamos o que tinha acontecido na Dutra de sábado para domingo. As praias do Rio estavam tomadas desde o Leme.
GE: Como foi o trajeto até o Maracanã?
Tobias: Eu estava sentado ao lado do Moisés. Do túnel de Santa Teresa, são uns 6, 7km até o Maracanã. Ali, comecei a olhar pela janela e falei: “Caramba, Moisés, tem uns homens aí”. Rodamos mais 1km, e só vi corintianos, bandeiras por todos os lados. Mais 2km, mais bandeiras. Mais 3km… E eu: “P…, alguma coisa está errada, Moisés!”. Era muita gente. Só que entramos no vestiário do Maracanã e, normal, não saímos dali. Acho que só o Basílio chegou a ir até o túnel e comentou que o estádio estava lotado. Mas estávamos concentrados no jogo, sem ter uma noção exata.
GE: A preleção para a partida foi diferente?
Tobias: Foi completamente normal. O Duque dizia: “Você faz isso, você faz aquilo, você…”. Ele determinou que o Ruço marcasse bem o Rivellino. É claro que não ficaria toda hora preso, mas era para ter atenção.
GE: Existia algum tipo de desconforto pelo fato de o Rivellino ter sido o principal jogador do Corinthians por tanto tempo e, dois anos antes, saído daquele jeito?
Tobias: A preocupação que existia era em relação à capacidade técnica dele. Era um cara fora de série, assim como o Palhinha foi para a gente em 1977. Como você deixa alguém como o Rivellino solto? Ele desequilibra. Aí, o Ruço marcou bem o Riva, e a chuva também ajudou.
GE: Vocês não se sentiram nem um pouco pressionados quando entraram em campo e viram o Maracanã arrebatado de corintianos?
Tobias: Quando subimos, vimos aquilo. Só havia bandeiras do Corinthians. Eu falava para os caras: “Nossa, estamos em casa”. Você se arrepia, é claro, mas a sensação é de se sentir em casa, confortável. A torcida do Corinthians é diferente das outras, faz barulho. E havia faixas e bandeiras em todos os cantos.
GE: Até aquela famosa, “Tobias or not Tobias”.
Tobias: Tobias or not Tobias (risos)! Dava para ver algumas delas, mas o Maracanã é muito grande. E a torcida do Corinthians é mesmo diferente de tudo. Dez corintianos fazem o barulho de 200 outros torcedores. No Maracanã, foi algo ensurdecedor, até complicando a nossa comunicação em campo.
GE: A torcida não ficou impaciente quando o Fluminense saiu à frente no placar? Afinal, havia o peso do jejum.
Tobias: Gol do Pintinho, 1 a 0. Foi complicado. Só que empatamos logo em seguida, naquela meia-bicicleta do Ruço. E a torcida continuaria apoiando de qualquer jeito, porque estávamos jogando bem. Aí, o primeiro tempo terminou, e veio aquela chuva.
GE: Como foi o papo no intervalo?
Tobias: Sabíamos que, pelo que estava chovendo, encharcaria o gramado e ficaria ruim para todo o mundo. Foi exatamente o que aconteceu. Poderiam colocar a Seleção Brasileira, dez Pelés em campo, que não aconteceria mais jogo de futebol. E, ainda assim, tivemos chances de gol.
GE: Particularmente, como você se sentia? Se o jogo estava impraticável, haveria pênaltis, e você…
Tobias: Eu estava torcendo para que o jogo fosse para os pênaltis. A minha confiança estava muito grande. Ficava pensando comigo mesmo: “Pô, se for para os pênaltis, vai que eu resolvo isso aí? Vou pegar pelo menos um. Com certeza”. E peguei três!
GE: Dois, né?
Tobias: Sempre digo que foram três porque peguei dois do Rodrigues Neto, e o árbitro Saul Mendes mandou voltar um. Reclamei muito, mas peguei de novo em seguida. Veio o Carlos Alberto Torres, que batia muito bem, e peguei outra vez. Para mim, o gol estava deste tamanho (Tobias aproxima as palmas das mãos). Para eles, estava deste (Tobias afasta as palmas das mãos). Cobrar pênalti em um treino ou para 10.000 pessoas é uma coisa. Para 150.000, sendo 70.000 corintianos, sem contar outros milhões espelhados pelo mundo, podendo ficar fora do campeonato se errar, é outra, completamente diferente. A carga é muito grande.
GE: Mesmo antes da partida, alguns jornais apontavam que você poderia ser o elemento decisivo para o Corinthians derrotar o Fluminense.
Tobias: Eu estava em uma fase muito boa. Já vinha pegando pênaltis no Guarani e segui assim no Corinthians. Mas, sei lá, botaram fé que eu pegaria um pênalti. Um já estaria de bom tamanho. Peguei três, pô! Aí, caiu a casa. Foi um negócio muito significativo. Naquele momento, em uma disputa de pênaltis, não havia aspecto coletivo. As coisas dependiam só de mim.
GE: E os batedores do Corinthians?
Tobias: Estavam todos confiantes. E bateram bem. O Moisés bateu bem, o Ruço bateu bem, o Neca bateu bem, o Zé Maria bateu bem. Mas brinco com eles até hoje: “P…, meu? Até eu, né? Poderiam errar tranquilamente depois das defesas que fiz, pô! Para com isso!”. (Risos.) Mas tudo deu certo para a torcida do Corinthians naquele dia. Jogaram a moeda para o alto, e os pênaltis caíram para o lado da nossa torcida. Cara…
GE: Vocês treinaram pênaltis antes do jogo?
Tobias: O Corinthians sempre treinava pênaltis, e eu era um bom pegador. Dava uma mexida para um lado e caía para o outro. Peguei pênalti do Pelé em um jogo entre Guarani e Santos, que vencemos por 1 a 0. Matamos o Santos. O Negão bateu, e eu fui buscar.
GE: Mas a consagração nos pênaltis veio mesmo em 1976.
Tobias: Ah, eu era o herói da época, né? Quando o jogo contra o Fluminense acabou, vieram para cima de mim e fui carregado. Foi legal. Mas ficha só caiu mesmo depois, quando voltamos para o hotel, batemos um papo no quarto e assistimos ao tape pela televisão. Aí, você fala: “P… que o pariu, olha o que aconteceu!”.
GE: E o retorno para São Paulo? Havia outra multidão esperando o Corinthians em Congonhas, nas ruas, no Parque São Jorge…
Tobias: Voltamos depois do almoço. Descemos no aeroporto e estava tudo parado, da 23 de Maio até o Corinthians. Não dá para descrever. Eram carros, carros e mais carros. Fomos saudados por umas 15.000 pessoas no Parque São Jorge. Existia uma expectativa enorme, até porque o Corinthians não chegava nunca para decidir um título.
GE: É verdade que até o Silvio Santos, apresentador, participou da festa, presenteando vocês com um Passat?
Tobias: Ele deu o carro para mim. Não me lembro se era uma promoção ou uma coisa do Silvio Santos mesmo, como torcedor, mas apareceu esse bendito carro no Parque São Jorge. Uma pessoa chegou para mim e disse: “Está aqui o carro. Você ganhou o jogo, então toma a chave e tal”. Como eu já tinha um carro na época e o do Ruço estava ruim, achei melhor dar para ele. Mas conversei com todo o mundo antes, né? Expliquei que vender o carro e dividir o dinheiro entre todos os jogadores, mais massagistas e outros funcionários, renderia uma mixaria para cada um. Aí, falei: “Foi o Ruço que fez o gol que tirou a gente do sufoco, independentemente de eu ter pegado os pênaltis. Ruço, você está com o seu carro meio bagunçado, então está aqui a chave. O carro é seu”.
O corintiano Silvio Santos deu um Passat para Tobias pelo feito em 1976; Ruço herdou o carro (foto: divulgação)
GE: O Ruço rodou muito com esse carro?
Tobias: Um tempinho. O Ruço ficou feliz da vida. Fez um churrasco na casa dele e tudo.
GE: Recebendo até carro do Silvio Santos, entre várias demonstrações de carinho dos torcedores, você já se sentia um ídolo, marcado na história do Corinthians?
Tobias: Sim. Só que faltava ser campeão. Na final de 1976, contra o Internacional, não deu. Fomos para mais um jogo fora de casa, e eles já estavam ressabiados com a nossa torcida. Não mandaram 50.000 ingressos desta vez. Mandaram uns 20.000.
GE: Escuto de muitos corintianos que foi melhor guardar o fim do jejum para 1977, do jeito que aconteceu. Há quem diga até que, se vocês tivessem vencido o Internacional, o que a torcida fez no Rio de Janeiro poderia acabar em segundo plano na história do clube.
Tobias: Se a gente ganhasse o Brasileiro, seria um título, mas o foco estava mesmo no Paulista. E fomos campeões no ano seguinte, tirando o Corinthians de quase 23 anos de fila. Isso marcou. É a maior conquista da história do clube. Não menosprezando um Mundial no Japão, mas 1977 é maior. Parou o Brasil. Não tem jeito.
GE: E a invasão de torcedores ao Japão? Dá para comparar com a Invasão Corintiana de 1976?
Tobias: P…, lá é longe à beça, hein? Foram umas 30.000 pessoas para o Japão?
GE: Por aí.
Tobias: Mas também algumas já eram de lá, né? Ah, são outros tempos. O que aconteceu na nossa época nunca mais acontecerá. Nenhum clube do mundo faz aquilo. Só o Corinthians. Como eu disse, 1977 parou o Brasil.
GE: Em 1977, você ficou fora do jogo que poderia ter assegurado o título com antecedência para o Corinthians. Estava suspenso e acabou substituído pelo Jairo naquela derrota por 2 a 1 para a Ponte Preta, que forçou a terceira partida da final.
Tobias: Foi melhor ter um terceiro jogo, né (risos)? Se o Corinthians vence antes, nem saio na foto.
GE: Estava torcendo contra?
Tobias: Não, não (risos). Fui apoiar o Corinthians na tribuna do Morumbi. Quando o Vaguinho fez 1 a 0, falei que tínhamos colocado a mão na taça. Aí, p.. m…, tomamos dois gols, e a decisão ficou para quinta-feira. O Palhinha, coitado, teve aquela distensão e não jogou. Perdemos um p… de um jogador. Mas, mesmo assim, matamos a Ponte com o gol do Pé de Anjo, o Basílio. E o gol não era para ser dele, hein? Era do Vaguinho! A bola bateu na trave e voltou. Depois, o Wladimir ainda tentou de cabeça. Era o destino. Para mim, também foi uma responsabilidade grande. Já pensou se tomo um gol justamente naquele jogo?
O arisco papagaio da instituição de Tobias se chama Verdinho, mas tem gaiola corintiana (foto: Sergio Barzaghi/Gazeta Press)
GE: A festa corintiana pela conquista foi ainda maior do que aquela pela vitória sobre o Fluminense, um ano antes.
Tobias: Mas cada um de nós foi embora para a sua casa. Não tinha condições. Como você vai comemorar com aquela torcida enlouquecida? Havia mais de 1 milhão de pessoas na Avenida Paulista. Antes mesmo da final, mandei a minha esposa para Bauru porque tinha certeza de que seríamos campeões. Eu morava na Rua São Jorge, em frente ao clube, onde haveria muito tumulto.
GE: Você guarda a camisa que usou em 1977 como recordação? E, aproveitando o assunto, é verdade que você mesmo cuidava da confecção dos seus uniformes?
Tobias: Eu pedia permissão para o Matheus e mandava fazer. O meu corpo era muito grande, com os ombros largos, e o ajuste poderia não vir do meu jeito. Usava uma camisa cinza, com estampa aqui em cima, muito bonita. O calção era preto, com uma listra branca na lateral. Mas, em 1977, levaram tudo, né? Saí de sunga do Morumbi. Os caras comeram até grama. Endoidaram. Era muita emoção. Imagine para mim. Eu tinha cinco anos em 1954. P…, meu. Quantos goleiros não passaram pelo Corinthians desde então? O homem lá em cima esperou 20 e poucos anos para que eu fosse o goleiro campeão pelo Corinthians. Porque, se o Corinthians tivesse sido campeão antes, 1977 morreria ali. Seria mais um título.
GE: O Rivellino, de quem falamos bastante, já chegou a comentar que trocaria o título de campeão do mundo em 1970 por essa conquista pelo Corinthians.
Tobias: Temos muita amizade. Às vezes, ele faz um churrasquinho nas quadras de futebol que mantêm e conversamos. Um dia, comentei: “Riva, só faltou uma coisa para a gente naquele Corinthians. Fomos campeões, mas imagine como teria sido com Palhinha e você na frente”. Se o Matheus não faz a burrada de vendê-lo… Depois do Pelé, o Rivellino foi o maior jogador do Brasil, para mim. E ele retrucou: “Vou falar uma coisa para você, Tobias. Fui tricampeão do mundo, que é um p… de um título, mas você tem uma coisa que não tenho. Joguei 11 anos pelo Corinthians e não fui campeão”.
Orgulhoso de sua carreira, Tobias não troca o título de 1977 nem pelo de uma Copa do Mundo (foto: Sergio Barzaghi/Gazeta Press)
GE: E você? Trocava o seu título de 1977 pela conquista de uma Copa do Mundo?
Tobias: Ah, não tem como. O Corinthians tem uma torcida que só cresceu durante mais de 20 anos de jejum, está entendendo? O Corinthians é diferente. Até brinco com os são-paulinos, palmeirenses e santistas que moram no meu prédio: “Vocês são torcedores. Porque o corintiano é diferente. Sabem por quê? O Corinthians é paixão, religião. É outro papo, cara”. Só quem é corintiano para saber como funciona. Depois que fomos campeões em 1977, falei uma verdade sobre o torcedor do Corinthians: ele até te coloca na história, mas vê o Corinthians, a instituição, na frente. O jogador – eu, o Rivellino e tantos outros – está em segundo plano. É óbvio que nos tornamos ídolos, mas é o nome Corinthians que move essa loucura. Eles amam o Corinthians, que é o que fica. Os jogadores passam. Quer maior prova do que a Invasão, há 40 anos?
GE: Os torcedores que te encontram hoje comentam mais sobre 1976, quando você saiu do Maracanã como herói, ou sobre 1977? O que é mais marcante na sua trajetória?
Tobias: 1977.
GE: 1977?
Tobias: 1976.
GE: 1976?
Tobias: 1976 e 1977 (risos). Os torcedores falam comigo da Invasão e também do título de 1977, dizendo que foi o maior da história.
GE: Os seus filhos devem se sentir orgulhosos quando presenciam essas abordagens.
Tobias: Xi…
GE: O que houve?
Tobias: Os meus filhos mais velhos, o Fábio e o Marcel, eram mascotinhos do Corinthians. Eu entrava com eles em campo de vez em quando no Morumbi, levava os dois à Fazendinha para que acompanhassem os treinos, ficando ali, enchendo o saco do pessoal. Mas cresceram. O Fábio, que tem 47 anos e é delegado federal, virou santista. O Marcel, de 42, formado em Ciências Contábeis, é são-paulino. Depois, tive o Paulo Felipe, de 30 anos. Ele é palmeirense. Dá para entender? Só a minha menina, a Yasmin, hoje com 28 anos, é corintiana, muito fanática.
GE: Como isso foi acontecer?
Tobias: Foi na miúda. Eles foram crescendo e escolhendo outros times. Uma vez, reuni os quatro e resolvi aprontar com eles. Avisei: “É o seguinte: vocês deram um chapéu em mim, né? Dois de vocês foram mascotinhos do Corinthians e agora torcem por outros times. A partir de hoje, tudo o que tenho está no nome da Yasmim, e vocês vão se lascar!”. Eles fizeram assim: “Ah, pai…”. E eu: “‘Ah, pai’ é o c…!”. Era brincadeira, claro, né? (Risos.)
Dois filhos de Tobias eram mascotinhos do Corinthians. E apaixonaram-se por clubes rivais (foto: acervo/Gazeta Press)
GE: Os seus filhos pediam para você comprar camisas do Santos, do São Paulo…?
Tobias: Você é louco, pô! Com todo o respeito, né?
GE: Eles vão a estádios?
Tobias: Para mim mesmo, é difícil ir ao campo porque Itaquera ficou longe. Fui a um jogo contra o Grêmio, à noite, e cheguei em casa às 4 da madrugada. Ao Pacaembu, sim, eu ia muito. Aí, aconteceu um São Paulo e Corinthians no Pacaembu, e fui com o Marcel e a Yasmin. Combinamos de jantar depois. Metemos 5 a 0 neles. Lembra?
GE: Aquele clássico com gol do Jorge Henrique em falha do Rogério Ceni? (Ocorrido em 26 de junho de 2011; os outros gols foram de Danilo e Liedson [3].)
Tobias: Esse mesmo. No terceiro gol, o meu filho levantou e foi embora, reclamando: “Não aguento mais a minha irmã me enchendo o saco aqui. Espero o senhor na churrascaria”. Quando ele estava no táxi, o Corinthians fez 4 a 0. Chegando lá, 5 a 0. A comida dele não descia (risos). A gente ainda ficava perturbando. Até porque, quando o São Paulo ganha do Corinthians, ele liga para a minha casa às 6 horas da manhã: “E aí, pai, não vai falar nada?”.
GE: Os seus amigos não tiram sarro de você por não ter conseguido fazer com que os filhos se tornassem corintianos?
Tobias: Eles falam bastante, mas o que posso fazer? E o são-paulino ainda me liga pedindo para eu arrumar uns ingressos por intermédio dos meus amigos. P…, ainda tenho que arrumar ingresso? Mas pai é pai, e ele é um bom menino.
GE: Ele chegou a ver você enfrentar o Corinthians, depois que saiu do clube?
Tobias: Gozado, isso nunca aconteceu. Seria interessante. Acho que, se voltasse ao Pacaembu, eu teria uma recepção muito boa. Seria ovacionado, sim. Vi a torcida fazer isso com outros jogadores e, mesmo não tendo ficado muito tempo no Corinthians, marquei uma época. Só saí porque precisava ganhar algum dinheiro. O Corinthians estava mudando o seu elenco, e recebi uma proposta boa do Atlético-PR. Eram nas transferências que se ganhava dinheiro no meu tempo. Com os 15% de uma venda, você conseguia comprar dois apartamentos. Depois, fui para o Bangu, com o Moisés e o Pedro Rocha, naquele p… time que o Castor de Andrade montou. Tinha que pensar na minha vida também.
GE: E como está a sua vida hoje? Como você virou o responsável por essa instituição?
Tobias: A minha segunda esposa é pedagoga e trabalhava aqui com a Arquidiocese de São Paulo. Eles davam comida para as pessoas de rua. Só que os padres fizeram umas m…, perderam os convênios, e o lugar estava para fechar em 2000. Ela me chamou para assumir. Vim dar uma olhadinha na casa, que estava toda derrubada, com um desfalque tremendo. Aceitei, mas trazendo gente da minha confiança, o Zé Maria e o Geraldão, com quem tinha mais afinidade, o Dudu, do Palmeiras, e o Xaxá, da Portuguesa. Só que as picanhas malpassadas começaram a aparecer, com uma dívida de mais de R$ 120.000, somando INSS e contas de água. Quase matei a minha mulher.
GE: Como vocês quitaram as dívidas?
Tobias: Fui ao Corinthians falar com o Andrés Sanchez, que era presidente na época. Eu tinha ajudado ele na saída do Alberto Dualib. Expliquei a situação e bolei a ideia de fazer umas camisetas para vender, mas ele precisava me liberar o uso da marca Corinthians. Ele liberou e ainda ajudou financeiramente. Vendi 10.000 camisetas junto com o Zé e o Geraldão, cada uma por R$ 10. Foi isso o que me salvou. Fiz ainda 27 acordos trabalhistas, reformei a casa toda, aumentei o patrimônio da instituição… Hoje, temos 284 funcionários, com mais de 600 pessoas atendidas. É uma responsabilidade grande. Se eu fizer uma m…, caímos eu, o Zé Maria, o Dudu…
GE: A responsabilidade aumentou ainda mais depois de você virar ator de cinema, né?
Tobias: Como assim?
GE: Você não estrelou o documentário sobre a Invasão Corintiana, lançado neste ano?
Tobias: É verdade! Os produtores me ligaram há uns anos para a gente gravar com o Ruço, que sofreu um AVC e, infelizmente, não pôde participar. (Ruço morreu em 2 de setembro de 2012.) Só pedi que ajudassem a minha instituição. Na filmagem, eles me pegaram aqui, passaram nas casas daqueles quatro torcedores que aparecem no filme, na Mooca, e fomos apresentados, tomando um café. Aí, encostou aquela Kombi velha pra caramba para partirmos, sentido Dutra. Imaginei que estivéssemos indo para Cumbica. Quando passamos reto pelo aeroporto, eu: “Ô, ô, ô!”. Foi só aí que me explicaram que estávamos indo para o Rio de Janeiro de Kombi, refazendo a viagem da torcida. Sacanagem, né? Mas fui. É Corinthians. Foram 12 horas até lá, cara. A Kombi quebrou duas vezes (risos). Ainda assim, foi legal. Os quatro torcedores viraram meus amigos. Eles me chamam direto para uns churrascos.
GE: Terá churrasco em 5 de dezembro deste ano?
Tobias: Rapaz… A data do jogo de 1976 é 5 de dezembro, né? Alguma coisa o Corinthians deverá fazer, mesmo não sendo muito de homenagens. Estou sempre lá, sou amigo dos dirigentes e da torcida. Tenho bastante ligação com eles. O Corinthians representou muita coisa para mim. Foi um orgulho ter jogado no Corinthians, sido campeão. A minha gratidão é para sempre.
whats todo poderoso timão número 11995972384 manda um vai Corinthians e vem fazer parte do bando de loucos