Arena Corinthians (Foto: Marcos Ribolli)

Flávio Barchetta, presidente da Heating & Cooling, empresa responsável pela instalação do sistema de ar condicionado da Arena Corinthians, afirmou que está à disposição do Corinthians para abrir as contas dos serviços prestados no estádio do clube. Como o GloboEsporte.com mostrou na última quinta-feira, no contrato entre a construtora Odebrecht e a Heating, de 2012, há uma cláusula de reengenharia de valor que faria as duas empresas dividirem a verba excedente, o que, segundo Barchetta, não aconteceu porque nada sobrou. De acordo com o contrato inicial entre Corinthians e Odebrecht, de 2011, porém, a verba que sobrasse deveria voltar para o clube. A empresa foi contratada por R$ 11,8 milhões. O presidente do Corinthians, Roberto de Andrade, entende que "os fatos são muito graves".

– Devido ao tempo exíguo (por causa da Copa do Mundo), tivemos de iniciar a obra imediatamente, sem alteração nenhuma das especificações e nem dos equipamento. Então, não houve reengenharia nenhuma. Pelo contrário, gastamos um pouco mais do que estabelecido como teto em contrato – diz Barchetta.

– Estamos à disposição do Corinthians para, se necessário e de forma transparente, abrir todos os nossos arquivos a quem for designado – completa.

Apesar de as partes dizerem que esta cláusula entre construtora e empreiteiras é praxe no mercado de construção civil, a Odebrecht informou que em apenas dois dos cerca de 350 contratos com fornecedores e sub-empreiteiras na Arena Corinthians havia cláusula de reengenharia de valor.

Barchetta afirmou que baixou o valor o quanto pôde para participar da construção do estádio do Corinthians por ser fanático torcedor e pelo fato de a arena receber a abertura da Copa de 2014. Ele diz que tratou do valor da obra com o então vice-presidente do clube, Luis Paulo Rosenberg, depois de vencer concorrência aberta pela Odebrecht com outras empresas.

– Seria um orgulho pra gente fazer parte da história da construção do estádio e serviria de cartão de visita porque foi o estádio da abertura da Copa. Foi este o ponto decisivo de aceitar fazer por este preço, e realmente foi preço de custo.

O presidente da Heating & Cooling foi procurado antes de a reportagem ser publicada, na quinta-feira. Ele se defendeu, mas não quis gravar entrevista. No dia seguinte, Barchetta decidiu conceder a entrevista. Depois, ainda enviou nota ao GloboEsporte.com.

"Reportando-nos à matéria divulgada na reportagem do programa Globo Esporte de 10/11/2016, nos vemos obrigados a fazer alguns esclarecimentos importantes.

Em tempos aos quais nos habituamos diariamente a tomar conhecimento de fatos lamentáveis através da mídia, onde a prática de atos ilícitos parece ter se tornado normal entre as empresas do país, devemos ser mais cautelosos na divulgação e interpretação dos fatos.

A Heating & Cooling é uma empresa brasileira de engenharia, especializada em sistemas de ar condicionado com 42 anos de atuação, sendo empresa líder no mercado nacional, com mais de 3.000 obras executadas e inúmeros clientes, fornecedores e colaboradores, com os quais sempre procuramos, por princípio, ter relações com a máxima transparência possível.

Com relação à reportagem em questão, gostaríamos de expressar a nossa total surpresa pela forma como foi divulgada, dando margem a interpretações equivocadas da realidade dos fatos.

A Heating & Cooling foi contratada pela CNO para a execução do sistema de ar condicionado da Arena Corinthians após passar por processo de concorrência de extrema disputa comercial.

A decisão da empresa, através de seus sócios-proprietários, todos corintianos, foi de conquistar o contrato mesmo que pelo custo, sem margem de lucro, pelo objetivo final de estar presente no empreendimento que finalmente seria o estádio tão sonhado por todos corintianos e que faria a abertura do Mundial 2014.

O fato do contrato celebrado entre a Heating & Cooling e a Odebrecht ter uma cláusula de divisão de ganhos em função de eventual reengenharia de valor, prática comum no mercado de construção civil, não pode suscitar qualquer tipo de desconfiança com relação ao contrato, mesmo por que não foi aprovada nenhuma reengenharia de valor nesse projeto.

Salientamos que desconhecemos completamente qualquer cláusula do contrato celebrado entre a Odebrecht e o Corinthians. Declaramos que estamos à disposição do Sport Club Corinthians Paulista para que, se necessário e de forma transparente, abrir todos os nossos arquivos a quem for designado.

Atenciosamente,
Flávio Barchetta".