Seria simplório dizer que o Corinthians vem perdendo terreno na tabela do Campeonato Brasileiro apenas porque está jogando mal. Não está – em partes. A derrota por 3 a 0 para o Grêmio, por exemplo, poderia ser amenizada se o time não tivesse perdido tantos gols, mais uma vez. Um problema crônico que só será resolvido com contratações. Mas a diretoria...

Cristóvão Borges tem sua parcela de contribuição, claro, ao insistir em jogadores que não têm rendido há tempos. Romero e André, mais uma vez, ficaram devendo no ataque. Mesmo com as dificuldades, foram 25 finalizações na partida, contra apenas 13 dos donos da casa. Faltou eficiência mais uma vez. Tem sido a rotina do Corinthians nos últimos jogos.

O time precisa de um atacante decisivo há tempos, desde que Tite pediu a contratação no início do ano. Ainda sem soluções, o Corinthians vai caindo na classificação. Com os resultados da rodada, a equipe, agora, está fora do G-4. São 34 pontos, a apenas dois do líder Santos. Dá para buscar os rivais, mas o desempenho ofensivo é o que preocupa.

São 28 gols no Brasileirão, apenas nove marcados pelos atacantes. Os últimos foram de Rildo e Romero, nos 4 a 0 sobre o Flamengo, há mais de um mês.

O Corinthians tem semana cheia para a trabalhar. Volta a campo só na próxima segunda-feira, contra o Vitória, às 20h (horário de Brasília), no retorno à Arena Corinthians.

O jogo

Corinthians termina jogo no 4-2-3-1, com Guilherme; mudança não dá resultado no Sul

Em busca de sequência, Cristóvão mudou o mínimo possível no time que empatou por 1 a 1 com o Cruzeiro, no início da semana passada. Rodriguinho substituiu o suspenso Elias, mas não mudou a maneira de o Corinthians jogar, num 4-4-2 com Romero e André avançados.

Até aí, tudo normal. O time começou bem, com padrão de jogo, sabendo sofrer a pressão do Grêmio e aproveitando os contra-ataques. As chances apareceram, mas pararam no goleiro Marcelo Grohe e na falta de pontaria dos atacantes. As jogadas são bem construídas, mas o time carece de um bom finalizador.

Diante de um rival de qualidade, as chances perdidas fazem muita diferença. O Grêmio, com três homens velozes no ataque, deixou a defesa corintiana perdida com sua movimentação e chegou ao gol depois de bela jogada individual de Pedro Rocha. Uendel e Balbuena vacilaram na marcação, e o gremista abriu o placar em uma arena com mais de 50 mil tricolores.

O Corinthians, mais uma vez, teve de usar outras peças além dos atacantes para tentar o gol. Giovanni Augusto, irregular desde a chegada de Cristóvão, perdeu duas chances claras – uma defendida por Marcelo Grohe, e outra que esbarrou em Pedro Geromel. Lances que dificilmente seriam desperdiçados por um Vagner Love, por exemplo.

No segundo tempo, o Grêmio fez o segundo gol em jogada semelhante ao do primeiro. Mais uma vez, a linha defensiva adiantada do Corinthians deu brechas pelos lados. Everton recebeu de Douglas, tirou de Fagner e chutou de canhota: 2 a 0 para os gaúchos.

A partir daí, sem opções, Cristóvão mandou o time ao ataque. Não houve tanta organização. Prova disso são as 27 bolas levantadas na área, contra apenas quatro do Grêmio. Uma delas resultou numa bola na trave de Bruno Henrique. E só. Na maioria das vezes, a zaga gremista controlou bem a zona aérea e se deu melhor diante do baixo ataque corintiano. Se não há um homem-gol lá dentro, não adianta cruzar tanto.

O técnico corintiano tirou Giovanni Augusto, como tem sido rotina, e André. Lançou Marlone e Lucca, deixando o time quase num 4-2-4 – Marquinhos Gabriel pela direita, Marlone pela esquerda, Romero e Lucca por dentro. Depois, com a entrada de Guilherme, o Corinthians terminou o jogo no 4-2-3-1, mais próximo do que fazia sob o comando de Tite, que assistiu ao jogo em um camarote da Arena do Grêmio.

Nada disso surtiu efeito, já que a atitude não mudou. Não houve a aproximação entre os jogadores para as tradicionais triangulações. Faltaram infiltrações de Rodriguinho. Para piorar, o Corinthians abriu espaços para contra-ataques e sofreu bastante. Bolaños, após falha de Cássio, fez o terceiro do Grêmio e matou um jogo que já estava praticamente decidido. Uma manhã para ser esquecida pelo time de Cristóvão Borges.

Contra o Vitória, em casa, o time precisa reagir com quem tem à disposição no elenco. Ao mesmo tempo em que a necessidade de um atacante aumenta, a contratação parece cada vez mais distante. Ninguém deve chegar até o fim das inscrições do Campeonato Brasileiro. E Cristóvão terá de se virar