Marquinhos Corinthians Itaquera (Foto: Arquivo Pessoal)

Quando voltar a Itaquera neste sábado, com a seleção olímpica, o zagueiro Marquinhos viverá um novo capítulo de sua história com o local. Ele morou ali por três anos, quando estava na base do Corinthians, um longo tempo antes de o CT das promessas do clube virar estádio. Era uma época bem menos farta: de treinos, dúvidas e preocupação com a segurança. Algo muito diferente do que o defensor vai encontrar.

- Eu me sinto em casa, porque morei ali, era nosso antigo CT da base. Não conheço ainda o estádio, vai ser emocionante para mim, tomara que nos traga sorte – disse o defensor.

Marquinhos não é o único da seleção olímpica que passou um tempo em Itaquera. O goleiro Weverton veio de Rio Branco, do Acre, para a base corintiana, com 17 anos, em 2005. Sua adaptação foi bem mais difícil: depois de um primeiro momento, quis abandonar tudo e voltar para a sua cidade. Não gostava do clima nem do lugar.

- Ele dizia que era deserto, que parecia quartel, que só escutava grilo. Reclamava de solidão. Era muito difícil, porque era perigoso. Ele ligava chorando, desesperado para voltar para junto da família, mas a gente conversou muito – lembrou Josefa, mãe do goleiro.

Weverton aos 16 anos, ainda em Rio Branco, antes de ir para o Corinthians (Foto: Manoel Façanha/Arquivo Pessoal)

Fuga de assaltos

Desde a construção da Arena Corinthians, Itaquera foi revitalizada. Além do estádio, ganhou uma unidade da Faculdade de Tecnologia de São Paulo. Um pouco antes, em 2007, um shopping também foi erguido na região. Antes disso, porém, a situação era mais complicada.

Weverton, por exemplo, penou para se adaptar. Sua lembrança mais forte de Itaquera é justamente a preocupação para andar pela região. Ele caminhava do CT até o metrô para ligar para a família no Acre, mas precisava driblar os perigos.

Marquinhos posa com amigos durante período na base do Corinthians (Foto: Arquivo Pessoal)

- Nós saíamos muito do CT para descer até o metrô, comprar alguma coisa para comer, ligar para família no telefone. Sempre tínhamos que ir sem celular, com pouco dinheiro no bolso, porque o caminho era perigoso, difícil, sempre havia uns caras esperando para assaltar, levar o que tínhamos. Éramos bem ligados quanto a isso. Comigo não aconteceu nada, mas companheiros foram assaltados – contou o goleiro.

- Nós procurávamos não nos expormos muito, havia segurança suficiente para dar tranquilidade para a gente. Aconteceu um ou outro episódio, mas vivi mais momentos bons do que ruins. Morei lá como juvenil, dos 15 aos 18 anos, até subir para o profissional – completou Marquinhos.

Dentro do CT, a rotina era rígida, como citou Josefa. Treinos integrais e escola à noite faziam parte da programação de Marquinhos e Weverton, mesmo nas diferentes épocas em que eles estiveram em Itaquera. O zagueiro esteve lá entre 2009 e 2011 - o goleiro passou antes, em 2007.

- Eram todos aqueles garotos que moravam no alojamento, morei ali durante quatro anos. A gente acordava cedo, treinava, voltava, descansava, às vezes treinava num segundo período, e à noite ia para a escola. Essa era nossa rotina ali. Foi um momento muito bom da minha vida, tenho boas lembranças, colhi amigos que levo para a vida, é um lugar especial para mim – disse o zagueiro.

Neste sábado, Itaquera poderá se tornar ainda mais especial para Marquinhos e Weverton. O Brasil enfrenta a Colômbia às 22h (de Brasília), pelas quartas de final do torneio de futebol masculino da Olimpíada.