Malcom fez 10 gols no Corinthians

A saída de Malcom para o Bordeaux-FRA com apenas 19 anos, no começo deste ano, gerou insatisfação do técnico Tite. Ele acreditava que o jogador deveria ficar mais tempo no Brasil para amadurecer antes de ir à Europa. Passados alguns meses, porém, o jovem não se arrepende de ter saído da equipe campeã brasileira e embarcar para uma nova aventura.

"Eu achei que sai na hora certa porque as oportunidades na vida podem chegar apenas uma vez e depois nunca mais. Eu estava bem e vai que no outro ano eu tivesse uma atuação abaixo. Pensei bem com meu empresário e família para ver o que era melhor. Eu sempre pergunto para eles antes porque nunca me precipito", disse o atleta, ao ESPN.com.br.

Com aulas frequentes de francês, ele entende quase tudo o que os companheiros dizem, mas ainda não consegue falar o idioma com fluência.

"Adaptação foi rápida, o pessoal até se impressionou. Encontrei dois amigos brasileiros que falam fluentemente o idioma. Isso me fez entender muito rápido, me viro bem".

Malcom foi recebido logo no primeiro dia com um jantar pago pelos companheiros de equipe. Os jogadores Jussiê e o zagueiro Pablo foram fundamentais no processo.

"Eu vim sozinho e depois de 25 dias minha família toda veio me visitar e ficar um tempo comigo. Minha mãe ficou no Brasil para cuidar das minhas coisas e sempre estão aqui. A cidade é linda e chamada de 'mini Paris'. Os vinhos daqui são famosos, mas eu não bebo", garantiu.

Uma das coisas que mais chamaram atenção do ex-corintiano foi o modo de lidar com as pessoas. "No Brasil a gente cumprimenta mais de uma vez. Aqui quando tem treino dois períodos você só fala 'oi' uma vez, de manhã. Na segunda vez não precisa (risos)".

Dentro de campo, ele precisou passar por algumas adaptações. "Eles jogam e muita força e correm demais. Futebol bem rápido, menos técnica que no Brasil. Ganhei 4kg de massa muscular para poder aguentar os trancos e divididas", analisou.

A partida mais marcante da temporada foi o empate por 1 a 1 contra o campeão Paris Saint-Germain. Malcom cobrou escanteio que gerou a igualdade no marcador. "Eu comecei no banco e entrei com 10 minutos do segundo tempo. Foi especial porque é um dos melhores times do mundo. Ainda mais porque tem muitos brasileiros no PSG".

Além disso, ele conversou com os compatriotas e trocou camisa com o zagueiro Marquinhos. "Falei com o David Luiz e o Lucas Moura. Todos eles são muito humildes e me deram boa sorte. São gente de primeira categoria dentro e fora de campo".

No último campeonato, o Bordeaux, campeão da Ligue One em 2009, terminou apenas na 11ª posição. Com várias contratações feitas, os objetivos agora são bem diferentes. "O Paris Saint-Germain venceu as últimas quatro edições da competição. Queremos chegar até Liga Europa, sabemos que uma vaga na Champions é mais difícil, mas dá para tentar".

Com 13 partidas e dois gols marcados com a camisa da equipe francesa, Malcom espera crescer nesta temporada.

"Agora é me adaptar cada vez mais ao futebol europeu e sonho alto. Daqui para cima. Um dia quero jogar Champions League e seleção brasileira. Temos que colocar metas na carreira e até hoje cumpri minhas metas. Tinha o sonho de jogar mesmo, não apenas de vir e ficar emprestado ou encostado. Focar no que eu quero e bola pra frente", bradou.

Mesmo com idade olímpica, ele não ficou frustrado por ter ficado da lista do técnico Rogerio Micale. Nos jogos de Tóquio, em 2020, ele estará com 23 anos e poderá ainda ser convocado. "Como eu fui só uma vez pra seleção olímpica já nem esperava com aquela expectativa. Como estava com o Boudeaux na pré-temporada, claro que se pintasse uma oportunidade eu estaria preparado. Quem sabe na próxima poderei estar por lá".

REALIZOU SONHO DA FAMÍLIA NO CORINTHIANS

Vindo de uma família inteira de torcedores alvinegros, sua mãe era integrante da torcida Gaviões da Fiel, o atacante realizou o sonho ao vestir a camisa do Corinthians. O garoto começou a ser conhecido após se destacar na campanha que terminou com o vice-campeonato da Copa São Paulo de futebol júnior de 2014.

Logo em seguida, com 16 anos foi efetivado na equipe principal com o técnico Mano Menezes. Em setembro, no empate por 1 a 1 com a Chapecoense na Arena de Itaquera, balançou as redes pela primeira vez.

"Um jogo que não vou esquecer foi quando marquei meu primeiro gol como profissional. Aquilo me marcou muito".

Outro jogo que não sai da cabeça do atleta foi a vitória por no ano passado contra o Atlético-MG por 3 a 0 em plena Arena Independência. Ele marcou um gol de cabeça que praticamente selou a conquista nacional.

"Desde a base aprendi demais, errei muito e acertei também. Só tenho que agradecer ao Corinthians e por confiar no meu potencial. O Mano confiou em mim com apenas 16 anos, ainda mais no Corinthians. O Tite é outro cara que tenho um carinho enorme, mesmo quando fui criticado ele acreditou em mim".

Se perdeu o jogador que fez 70 jogos, marcou 10 gols e faturou o Campeonato Brasileiro de 2015, o Corinthians ganhou mais um torcedor fora de campo.

"Torço e acompanho muito, sou corintiano desde moleque. Não é porque eu não estou lá que deixarei de acompanhar. Tenho grandes amigos como Guilherme Arana que joga comigo desde os 10 anos de idade", disse o atacante, que foi visitar os ex-companheiros de equipe e assistiu dois jogos na Arena de Itaquera durante as férias.