Perder para o Atlético-PR em Curitiba, com a Arena da Baixada cheia, num campo de grama sintética, não é o pior dos mundos para ninguém. O Corinthians levou 2 a 0 dos paranaenses, nesta quarta-feira, e perdeu a liderança do Campeonato Brasileiro para o Santos. Mostrou bom padrão de jogo pelo segundo duelo seguido fora de casa. Mas falta algo...

Se quiser brigar efetivamente pelo título, o Corinthians precisa urgentemente de um centroavante. Sem André, suspenso, essa necessidade se acentuou em Curitiba.

Para o técnico Cristóvão Borges, que pede um camisa 9 desde que assumiu o cargo, difícil foi ver do outro lado um jogador decisivo que se encaixaria perfeitamente no Corinthians: Walter, às voltas com seus problemas de peso, fez dois gols de pura categoria e mostrou um poder de finalização que nenhum corintiano possui hoje.

Com André de volta, o Corinthians terá quase uma semana cheia para se refazer da derrota. Volta a campo contra o Cruzeiro, segunda-feira, às 21h (horário de Brasília), no Pacaembu.

O jogo

Sem André, Lucca é o escolhido de Cristóvão no Corinthians. Padrão é mantido em Curitiba

Na tentativa de trazer algo novo ao setor ofensivo, Cristóvão escalou Lucca na vaga de André. Em tese, um ataque mais móvel, sem posições fixas entre os quatro nomes mais adiantados – Lucca, Romero, Giovanni Augusto e Marquinhos Gabriel. Na prática, pouca criação.

A saída de Marquinhos na metade do primeiro tempo, com dores nas costas, permitiu ao Corinthians ter um novo estilo com a entrada de Guilherme. Lucca foi para a esquerda, em sua posição original, e Guilherme passou a ser o jogador mais adiantado.

Mas nada de ser um centroavante: seu papel era chamar marcação, buscar jogo, e fazer lançamentos como o que encontrou Romero e Giovanni na entrada da área. O meia exigiu boa defesa de Santos, goleiro do Furacão.

Fagner e Uendel também se mostraram opções no ataque. Há jogos em que a referência na área não faz falta, tanto que o Corinthians atingiu a liderança do Brasileirão sem um camisa 9 autêntico. Mas em jogos travados, equilibrados, difíceis, essa peça pode fazer a diferença.

Paulo André e Thiago Heleno, os zagueiros do Furacão, foram pouco incomodados. Hoje, Romero é quem tem mais características de um centroavante por causa de seu senso de posicionamento. Foi dele a melhor chance do Corinthians no jogo, aos 19 do segundo tempo, após cobrança de escanteio, numa joelhada que exigiu defesa milagrosa de Santos.

Romero se posiciona como centroavante no Corinthians; opção em meio à escassez no elenco (Foto: Reprodução)

Não ter uma referência, aliás, torna-se um problema maior quando a maior arma do time passa a ser a bola alçada na área. O Corinthians teve nada menos do que 22 bolas levantadas, contra apenas seis do Atlético-PR. Quase sempre faltou alguém para completar a jogada. Não havia alguém na área com essa função de finalizar.

Ironia ou não, Cristóvão viu de perto um jogador que é exemplo nesse sentido. Aos 31 minutos, num avanço despretensioso de Paulo André, a bola quicou na área, passou por um corta-luz esperto de Pablo e sobrou limpa para Walter. Um domínio e um chute sem chances para Cássio abriram o placar e desorientaram de vez o Corinthians.

Cristóvão deu chance até a Marlone, que não jogava há dois meses. Sem ritmo, ele pouco fez pelo lado esquerdo do ataque. Luciano também entrou, mas o volume não aumentou. E tome bola aérea... Dessa maneira, ficou difícil vencer na Arena da Baixada. Em um contra-ataque, o Atlético encontrou Walter na área mais uma vez. Com um toque só, ele fez 2 a 0.

Nesses pequenos detalhes se vê a diferença entre o time que perdeu para o Furacão e aquele que venceu o mesmo rival, no mesmo estádio, em outubro de 2015: 4 a 1 para o Timão, com show de Vagner Love. Um centroavante. Mais um entre tantos camisas 9 que poderiam se encaixar e fazer do Corinthians um candidato mais forte ao título brasileiro de 2016.