Corinthians na partida do Corinthians contra o Santa Cruz, em Itaquera (Foto: Marcos Ribolli)

Cristóvão Borges tem, neste domingo, às 16h, em Itaquera, seu primeiro clássico como técnico do Corinthians. Contra o São Paulo, o vice-líder do Brasileirão, com 28 pontos, chegará ao sexto jogo sob o comando do substituto de Tite.

Após conversar com várias pessoas que são ou já foram próximas ao treinador, o GloboEsporte.com listou 25 coisas que você, torcedor do Timão, talvez não saiba sobre Cristóvão. Leia, comente e se sinta mais próximo do novo comandante do Corinthians:

PASSOU DIFICULDADES NA INFÂNCIA

Nascido em Salvador em 9 de junho de 1959 (57 anos), Cristóvão era um dos quatro filhos de uma mãe doméstica e de um pai motorista de ônibus. Aos 19 anos, antes de se tornar jogador profissional pelo Bahia, Cristóvão perdeu o pai, Alfredo. Passou a ajudar no sustento da casa entregando marmitas feitas pela mãe Valdelice.

JOGOU COM CASÃO, DENER, CUCA, ASSIS...

Começou no Bahia e depois foi campeão carioca pelo Fluminense em 1980. De lá, rodou por Operário, de Campo Grande, Santa Cruz e Atlético-PR, antes de chegar ao Corinthians em 1986, onde atuou com Casagrande. Foram 58 jogos e 13 gols pelo Timão. Foi para o Grêmio em 1987 e jogou ao lado de Cuca, hoje técnico do Palmeiras, e Assis, irmão de Ronaldinho Gaúcho. Foi comandado por Felipão. Dali, foi para a Seleção, sendo campeão da Copa América de 1989.

Passou ainda por Guarani, Atlético-MG e Portuguesa, onde atuou ao lado de Denner: "Era muito franzino, mas tinha força, técnica, habilidade e era muito rápido. Não vi jogador igual a Denner. De assistir ao vivo e jogar junto, não vi. Ele era o Neymar da época", disse Cristóvão, em 2014. Ele pendurou as chuteiras em 1994, no Rio Branco, de Americana.

DÁ UM AUMENTO AÍ

Em abril de 1987, Cristóvão teve longas reuniões com o então presidente do Corinthians, Vicente Matheus, para renovar seu contrato com o clube. Foram sete no total. Conhecido por ser duro nas negociações, Matheus não deu a valorização que o meio-campista queria, mas tentou “enrolar” o jogador enquanto pôde. Depois do sétimo encontro, sem alternativa, Cristóvão encerrou seu vínculo com o Timão e foi para o Grêmio, onde deslanchou na carreira. "Não me trataram como acho que merecia. Nenhum jogador sai de lá igual ao que era", disse o hoje treinador na ocasião.

Cristóvão Borges ao lado do melhor amigo Ricardo Gomes (Foto: Marcelo Sadio / Site Oficial do Vasco)

MELHOR AMIGO

Ricardo Gomes, com quem Cristóvão jogou no Fluminense e na seleção brasileira e depois trabalhou junto por diversos clubes como auxiliar entre 2001 e 2011, é o melhor amigo do treinador. Em 2011, teve de substituí-lo à frente do Vasco quando o ex-zagueiro sofreu um AVC.

É MUSICAL

Leninha Brandão, com quem ele é casado há 30 anos, é empresária do sambista Zeca Pagodinho. Cristóvão é muito ligado à música. A paixão vem desde criança, por influência do pai. Em Salvador, foi próximo das famílias de Gilberto Gil e Caetano Veloso. “Quando cheguei ao Rio de Janeiro, o Pintinho (jogador do Fluminense na década de 70) me levava para jogar com Moraes Moreira, Luiz Melodia e Pepeu Gomes”, contou. É fã de samba, MPB, Bob Marley, Stevie Wonder e Michael Jackson. Tem coleção de discos. O único filho é produtor musical.

TODO MUNDO ADORA O CRIS

Sempre foi chamado de Cris pelos familiares. Quando o único filho nasceu, em Curitiba, fruto do primeiro casamento com a fotógrafa Gislane, deu o próprio apelido ao garoto. “Se ele me chamasse de Cristóvão Filho eu já nasceria velho, né?”, brinca o produtor musical, que trabalha com o sambista Mumuzinho.

Cristóvão Borges mudou para São Paulo, mas mantém residência no Rio de Janeiro (Foto: Raphael Zarko)

PÉ DE VALSA

Ex-meio-campista de bom chute, Cristóvão usa os pés muito bem dentro de um salão de dança ao som de Soul Music. Sempre que perguntado, diz que “na Bahia todo mundo sabe dançar”.

DE ESQUERDA

Segundo Casagrande, seu ex-companheiro de Corinthians, Cristóvão era um jogador de esquerda, que pensava diferente da maioria e que não tinha medo de manifestar suas opiniões em uma época de fim de Ditadura Militar. Era amigo dos ex-jogadores Afonsinho e Paulo César Caju, além do músico Evandro Mesquita, todos engajados politicamente.

NÃO JOGA BARALHO

Segundo Wilson Mano, que também foi companheiro de Cristóvão Borges no Corinthians entre 1986 e 1987, o ex-meia nunca gostou da tradicional roda de carteado nas concentrações. Espiava um pouco o jogo e depois partia para o quarto. Até hoje não tem o hábito.

Cristóvão Borges esbraveja com o time em BH (Foto: Daniel Augusto Jr. / Agência Corinthians)

MALHAÇÃO

Um dos hábitos de atleta que Cristóvão mantém até hoje é o de fazer exercícios regularmente na academia. Em todos os clubes que passou, fez disso uma rotina. Segundo funcionários do Corinthians, o técnico usa as dependências do CT Joaquim Grava para realizar treinos "no modo hard", ou seja, com alto grau de dificuldade.

TRANQUILÃO...

Todas as pessoas que descrevem Cristóvão Borges usam a palavra “tranquilo”. Outras tantas usam o adjetivo “sereno”. Algumas amigas de Leninha Brandão deram até um apelido ao treinador: Buda Nagô, forma de tratamento usada por Gilberto Gil com Dorival Caymmi.

...EXCETO QUANDO...,

O que tira Cristóvão do sério? Erros de passes em jogo de futebol. Por ter sido um jogador de talento, o treinador se irrita muito quando seus jogadores interrompem situações de ataque por conta desse tipo de falha.

É PRAIEIRO

Ama Salvador, mas também as praias do Rio de Janeiro, onde tem casa na Zona Sul. Até nos Emirados Árabes, onde trabalhou como auxiliar de Toninho Cerezo, vivia na praia.

REI DO FUTEVÔLEI?

Quando está no Rio de Janeiro, Cristóvão pode ser encontrado aos fins de semana batendo uma bolinha com amigos de longa data na sua rede no Leblon. Quando era auxiliar do Al Shabab, nos Emirados Árabes, participava de disputas com outros brasileiros. Assim conheceu Cassiano de Jesus, que hoje é seu auxiliar técnico. Curiosamente, Cristóvão não participa de peladas. As dores que sentia o fizeram abandoná-las.

PIPOCA

O programa noturno perfeito para Cristóvão Borges é uma sessão de cinema seguida de um bom restaurante. Gosta de diversos diretores, como Woody Allen. O último que viu nas telonas foi "Jogo do dinheiro", dirigido por Jodie Foster e com George Clooney e Julia Roberts no elenco.

Cristóvão Borges durante treino do Timão no CT Joaquim Grava (Foto: Mauro Horita/Agif/Estadão Conteúdo)

ESTUDIOSO

É viciado em futebol. Em casa, faz leituras, assiste a partidas e navega em programas de computadores que analisam táticas.

O TIMÃO É LAICO

Diferentemente de Tite, um católico fervoroso, Cristóvão também foi educado no catolicismo na infância, mas não pratica. Não tem o hábito de frequentar igrejas e acender velas.

SEM SUPERSTIÇÃO

Sabe aqueles rituais que vários treinadores têm? Cueca da sorte, cor preferida, pé direito para entrar no campo...Nada pega Cristóvão. “É desprovido de manias”, garante o auxiliar Cassiano. “É um dos poucos técnicos que conheci que não tem superstição”, confirma o ex-meia Felipe.

AVÔ BABÃO

Aos 30 anos, o filho Cris é pai de uma garotinha de três, chamada Mallu. Babão, o avô Cristóvão Borges frequentemente liga para saber da menina, que mora no Rio de Janeiro.

Cristóvão Borges gosta de estudar táticas nos momentos livres (Foto: Richard Souza / GloboEsporte.com)

NÃO DÁ LIKE

Cristóvão Borges não usa redes sociais para publicar fotos e interagir com amigos e fãs: “Ele odeia Facebook, não tem nada disso”, disse Leninha.

JÁ COZINHOU PELO SKYPE

Quando morou nos Emirados, pedia ajuda de uma cozinheira da família. Por meio do aplicativo Skype, interagia enquanto preparava sua própria comida. Gosta muito da culinária baiana, principalmente bobó de camarão e moqueca de peixe. É fã também de feijoada e de cozido. Com a mão na massa, porém, não tem grande talento. Faz apenas os ovos mexidos que come de manhã.

BEBE SOCIALMENTE

Uma ou duas taças de vinho ou champanhe já são suficientes para o treinador durante um jantar ou uma comemoração. Gosta também de cerveja. Nunca fumou.

Cristóvão Borges durante partida no Mineirão (Foto: RODNEY COSTA/ESTADÃO CONTEÚDO)

ZOEIRA NO ZAP ZAP

Antes de chegar ao Flamengo, o técnico teve o número de telefone vazado na internet e passou a receber uma porção de mensagens no aplicativo de conversas WhatsApp. “Por um tempo eu aturei. Recebia torpedos de todos os tipos de pessoas. Aí deletei (o app)”, lembra.

A VOLTA DO ZAP ZAP

Depois que chegou ao Corinthians, o técnico baixou novamente o aplicativo de conversação para manter contato com algumas pessoas. Nesta semana, escolheu o apartamento que vai morar. A esposa visitava as opções, fazia vídeos e enviava para o treinador avaliar nos intervalos dos treinos, no CT.

A FALTA DE TÍTULO INCOMODA

Se Cristóvão tem um sonho? A conquista de um título como técnico profissional. Com experiências no Vasco, Bahia, Fluminense, Flamengo, Atlético-PR e, agora, Corinthians, ele vem sendo olhado com desconfiança por muitas pessoas desde 2011 por não conseguir um caneco. Por parte da imprensa, essa pergunta sempre aparece. Confiante, diz que logo será campeão.