24/6/2016 09:12

Com benção de Pelé, "novo Robinho" deixa futebol e vira kicker do Timão

Ex-promessa de Santos e Palmeiras troca carreira nos gramados pelo futebol americano. Jogador do Corinthians Steamrollers sonha com seleção brasileira e NFL

Com benção de Pelé,
Tindurim passou nos testes do Corinthians Steamrollers no fim de 2015 (Foto: Sidney T Mota)

Aos 25 anos, o pupilo de Pelé nos tempos de Litoral FC trocou o futebol bretão pelo americano. Chamado de "novo Robinho" pelo Rei, Wellington Tindurim, então atacante, passou por equipes como Paulista, Santos – onde foi vice-campeão da Copa São Paulo em 2010 – e Palmeiras, mas agora veste as cores do Corinthians. Mas quis o destino que fosse pelo time da bola oval, o Corinthians Steamrollers. Com novos objetivos, os estudos e o gosto pela NFL – liga profissional dos EUA – aproximaram o mineiro de Uberaba do futebol americano.

– No fim do ano primeiro semestre do ano passado, depois que estava no Grêmio Anápolis, eu nunca tinha ficado mais do que as férias em casa. Sem calendário para o segundo semestre, decidi retomar os estudos, voltar para a faculdade e deixar o futebol. Um amigo meu comentou que teria uma seletiva no Corinthians Steamrollers, então fui. Comecei os treinamentos em janeiro deste ano. Comecei a treinar sem noção de como era o esporte aqui no Brasil. Acompanhava pela televisão, fui gostando, me identificando – disse.

A escolha da posição no novo esporte não foi por acaso. Para rápida adaptação, Tindurim fez o teste e acabou escolhendo a posição de kicker, o "chutador do time" em um jogo praticado, majoritariamente, com as mãos. Pelos tempos de atacante e finalizações a gol, ser o chutador da bola oval poderia ser a saída para o sucesso na equipe paulista. O histórico ainda é recente. Com apenas quatro jogos pelos Steamrollers, o ex-futebolista não esquece o primeiro kickoff, o chute inicial do futebol americano, em um amistoso.

– Foi meu jogo mais marcante. Nesse primeiro amistoso, tinha apenas duas semanas que eu estava treinando. Lembro que em um kickoff a bola passou entre as duas traves, muito além do que devia. Acertei depois um field goal (chute que dá três pontos ao time, caso acerte a bola entre as traves) de 35 jardas. Antes, eu acompanhava NFL, entendia as regras, mas não taticamente. Quando comecei a treinar, tinha muitas chamadas de jogadas que eu não entendia. Está sendo tudo novo, estou aprendendo muito com o pessoal do time e espero evoluir mais – contou.


Pelé, então presidente do Litoral FC, compara Wellington Tindurim (esq.) e Felipe (dir.) como nova dupla do Santos, Robinho e Diego, em 2007 (Foto: Wellington Tindurim/Arquivo Pessoal)

Apesar da carreira ainda curta como jogador do Corinthians, Wellington já sentiu o calor da torcida nos jogos, mesmo em um esporte de menor apelo no país.

– Nos jogos que disputei até hoje, se comparado com o futebol, foi um público pequeno, mas mesmo assim foi um bom público. Eu vejo que na torcida do futebol americano vai quem realmente gosta do esporte, mas está crescendo. A relação com a torcida é a melhor possível, porque se tratando de Corinthians, seja em qualquer esporte que disputar, sempre vai ter uma torcida, e isso ajuda o atleta dentro de campo. Tem essa coisa do "Bando de loucos" do Corinthians e a gente acaba sentindo isso dentro de campo. Mesmo sendo menor ainda, em comparação com o futebol, dá para sentir no futebol americano.

ESPELHO


Cairo Santos: brasileiro da NFL, é inspiração para Tindurim seguir carreira no novo esporte
(Foto: Kansas City Chiefs/Divulgação)


Com as recentes mudanças das regras da NFL, como o extra point – ou ponto extra, após o touchdown – sendo chutado de 33 jardas (antes eram 20), por exemplo, a posição escolhida pelo ex-atacante recebe cada vez mais atenção dos treinadores. Mesmo as novas regras sendo exclusivas da liga norte-americana – no Brasil são adotadas as regras da Federação Internacional de Futebol Americano (IFAF) –, Wellington Tindurim afirmou que sempre busca informações técnicas e táticas do kicker.

Tendo como exemplo o compatriota Cairo Santos, kicker do Kansas City Chiefs e atual embaixador da NFL no Brasil, Tindurim busca referências para sonhar alto. Os treinos começaram em fevereiro no Corinthians Steamrollers, atualmente disputando a São Paulo Football League, e em julho, a Superliga (primeira divisão do futebol americano no Brasil). Então, nada de brincadeira. O objetivo do kicker agora é transformar o hobby em nova carreira. Chegar à seleção brasileira e jogar por um time da NFL estão nos planos.

– Começou como um hobby. A partir do momento que vi a possibilidade de crescer no futebol americano, passei a pesquisar mais a história. No Brasil, por se tratar de um esporte amador ainda, você tem poucas informações. Para kicker, encontrei material do Cairo santos, mas eu já assistia a alguns jogos dele antes. Bem com os pés no chão, mas como atleta você tem que ter algumas ambições. Antes de pensar na NFL, pensar no Brasil Onças. Tenho que estar preparado para quando a oportunidade aparecer – explicou.


Ex-atacante escolheu posição de kicker pela similaridade com o futebol (Foto: Sidney T Mota)

ELOGIO DE PELÉ

Se no futebol da bola redonda a carreira ainda não decolou, pelo menos começou bem. Ser elogiado pelo rei do futebol não é para qualquer um. Em 2007, Pelé, então presidente do Litoral FC, apresentou à imprensa os garotos Tindurim e Felipe como a nova dupla de prodígios do Santos, após o sucesso de Diego e Robinho. Do Litoral FC o atacante passou por Paulista e Santos, sob chancela do Rei. Depois, jogou por Palmeiras, Grêmio Anápolis-GO, Santa Helena-GO e Rio Branco-AC. O ex-atacante lembra com carinho da fala de Pelé.

– Em uma visita que ele fez lá, deu uma entrevista e fez esse comentário de "novo Robinho e Diego". Cheguei com essa responsabilidade, do peso do comentário que ele tinha feito, no Paulista e no Santos. É uma coisa que me marcou e levo comigo. Se eu tivesse chegado como Tindurim, talvez tivesse tido outra sequência. Não culpo esse comentário por essa não sequência, como também não acho que minha carreira no futebol não tenha dado certo – avaliou.

O futebol continua enraizado na vida do mineiro. Estudando Educação Física em São Paulo, Tindurim pretende trabalhar na área e não garantiu uma aposentadoria dos gramados. Mas neste momento, a tendência é graduar, seguir no novo esporte, virar um kicker profissional e jogar em alto nível.

– Eu passei um bom tempo pensando se tinha aposentado ou dado um tempo no futebol. Mas o que pesa mais hoje é a questão de calendário, você não sabe se joga no outro semestre, não tem estabilidade. Estou dando continuidade aos meus estudos e a intenção é concluí-los para atuar inicialmente na área do futebol. O futebol americano no Brasil ainda não é profissional, mas está caminhando para a profissionalização. Se surgir oportunidade de chegar até a NFL espero estar preparado – finalizou.


Último time de futebol de Tindurim foi o Rio Branco-AC, no segundo semestre de 2015 (Foto: Murilo Lima)


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