Mano deixou o clube em 2014; hoje não é cotado (Foto: Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians)

Nos últimos oito anos, o Corinthians passou por crises financeiras, políticas, técnicas... Mas não em seu banco de reservas. Com Mano Menezes e Tite – mais uma passagem relâmpago de Adilson Batista – o clube construiu um modelo de sucesso que dificilmente será repetido por quem chegar para substituir Tite, novo técnico da Seleção. Isso porque o único substituto à altura seria o próprio Mano.

Técnico do Corinthians de 2008 a 2010 e em 2014, Mano Menezes não pode passar nem perto da porta do CT Joaquim Grava por causa da relação ruim que tem com o presidente Roberto de Andrade. Mas só Mano conhece o clube como Tite e tem história vitoriosa dentro dele. Demitido do Shandong Luneng há duas semanas, ele poderia se reencontrar no Corinthians.

Em 2014, Mano teve exatamente a mesma missão: substituir um Tite campeão da Libertadores, do Mundial de Clubes, mas que já não conseguia mais tirar motivação de seu elenco. Mano comandou uma reformulação, classificou o time à competição internacional para 2015 e deixou base montada para Tite voltar e ser campeão brasileiro.

Sem Mano, Roberto de Andrade tem duas opções: retroceder ao trazer um técnico só pelo nome ou ousar dando respaldo a modelos novos, mas que seguem a linha do que Tite pregava.

Contratar medalhões como Oswaldo de Oliveira, Abel Braga e até Vanderlei Luxemburgo soaria coerente em um primeiro momento. Mas desde 2008, o Corinthians se desacostumou a um técnico com perfil conservador, sem grandes novidades táticas. Tite e Mano, ao contrário, fizeram sucesso porque conseguiram se reinventar sempre que necessário.

Neste contexto, Fernando Diniz e Sylvinho são os nomes que mais se encaixam no perfil que o Corinthians deveria buscar para o futuro. Os dois têm suas vantagens, mas qualquer um dos escolhidos levaria inovação, estudo e muito trabalho ao clube.

Fernando Diniz visitou o Corinthians após o Paulista; sintonia com Tite (Foto: Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians)

Fernando Diniz teve três anos de Audax com um modelo ousado, mas que rendeu frutos em 2016. Com o técnico, o modesto clube de Osasco anulou o Corinthians dentro de Itaquera, goleou o São Paulo e fez jogos duros contra o Santos na final do Campeonato Paulista. É um profissional que se espelha em Tite inclusive nos conceitos que prega: pressão na saída de bola adversária, manutenção da posse de bola e triangulações.

Sylvinho não tem a experiência profissional de Diniz, mas tem um trunfo: é velho conhecido de Tite e representaria, também, a continuidade do modelo implantado pelo novo técnico da Seleção. Auxiliar do Corinthians até 2014, o ex-lateral sempre teve a intensidade característica de Tite. Era considerado até pilhado demais por alguns jogadores. Mas conta com a simpatia da diretoria e do elenco que restou daquela época.

O torcedor do Corinthians se acostumou a títulos, a futebol bem jogado. Ele está sedento por uma novidade, uma cara diferente, alguém que não coloque o clube na mesmice de outros tantos técnicos. Se Roberto de Andrade quiser, não precisa se prender àquele rol de medalhões que se reveza entre os clubes brasileiros há anos, até décadas.

Num mundo ideal, o Corinthians deveria usar 2016 como base e esquecer briga pelo título brasileiro. Cobrar resultados e títulos apenas em 2017. A diretoria comandada por Roberto está acostumada a dar respaldo a longos trabalhos. Por que não, então, dar uma chance a quem pode agregar tanto ao clube?

Sylvinho já foi auxiliar do Corinthians; estilo "pilhado" lembra o de Tite (Foto: Daniel Augusto Jr / Agência Corinthians)