No primeiro jogo sem Tite, Cássio foi acionado no segundo tempo e pegou pênalti (Foto: Felipe Costa/Futura Press)

Tite costuma dizer que gosta de analisar o desempenho além do resultado. Mesmo sem o técnico, que saiu para assumir a seleção brasileira, o Corinthians tem de levar essa afirmação como mantra após a derrota por 1 a 0 para o Fluminense, nesta quinta-feira, em Brasília O Timão continua com 13 pontos na tabela do Campeonato Brasileiro.

Num jogo com duas lesões e uma expulsão, o Corinthians não escondeu que sentiu a falta da figura de Tite no banco de reservas. O auxiliar Fábio Carille mal pôde dar um pouco de sua cara ao time – Walter e Elias se machucaram durante a partida, e Yago levou cartão vermelho após pênalti cometido em Cícero, que resultou no único gol do jogo.

Mesmo assim, ainda não há motivos para desespero: o time manteve o padrão da era Tite, pelo menos no primeiro tempo, e ganhou nova opção no meio-campo.

Carille, afinal, promoveu a estreia de Camacho, jogador de passe refinado e que pode ser útil ao longo do Brasileirão. Com dez jogadores, porém, ficou difícil buscar o empate. Para o duelo do próximo domingo, contra o Botafogo, o auxiliar deve continuar no banco. Aos poucos, o elenco vai se acostumar à vida sem Tite.

O jogo

Sem Tite, Corinthians manteve padrão tático contra o Fluminense; Carille não mexeu no estilo de jogo

O padrão tático foi o mesmo da era Tite, até porque foi ele quem comandou o último treino antes da partida desta quinta. A única mudança, sensível, foi a presença de Elias no meio-campo – fato que fez Bruno Henrique voltar à função de primeiro volante. Com o 4-2-3-1 mantido, entrosamento não foi problema para o Timão.

Guilherme teve liberdade para rodar entre a intermediária e o ataque. A marcação frouxa do Fluminense permitiu que ele desse ótimos passes para Marquinhos Gabriel e Luciano, que perderam suas chances no primeiro tempo. O volume de jogo se manteve: foram cinco finalizações em 45 minutos, contra três do Fluminense.

Na defesa, sem Felipe, o Corinthians correu poucos riscos. Importante notar que Yago e Balbuena praticamente não jogaram juntos em 2016, já que ambos disputavam vaga.

Por isso, é natural que posicionamentos e linhas de impedimento ainda não estejam 100% alinhados. Num descuido, Marcos Júnior e Richarlison apareceram livres à frente de Walter – os dois se trombaram e Marcos levou a pior, com um galo enorme na cabeça.

Sem a bola, porém, as duas linhas de quatro jogadores e Guilherme e Luciano mais avançados deram resultado. O Fluminense teve dificuldades na infiltração, e Gustavo Scarpa, principal nome do time carioca, pouco fez.

Fábio Carille não é tão intenso quanto Tite, mas passou o tempo todo à beira do gramado dando orientações pontuais. Sua ideia era mexer o mínimo possível na cabeça dos jogadores, já impactados o suficiente pela troca no comando técnico.

Sem a bola, Corinthians mantém padrão de Tite com duas linhas de quatro jogadores (Foto: Marcelo Hazan)

As lesões impediram que Carille pudesse dar um toque pessoal ao time no primeiro tempo. Elias deixou o jogo com 30 minutos, com dores no peito após trombada com Gum. No intervalo, Cássio substituiu Walter, que sentiu uma fisgada na virilha e pediu para sair. O goleiro campeão mundial voltou a jogar após mais de um mês na reserva.

O Corinthians continuou consistente até o pênalti infantil de Yago em Cícero. Cássio defendeu, mas o meia do Fluminense marcou no rebote: 1 a 0.

Com dez jogadores, Corinthians teve Camacho quase como um líbero, perto dos zagueiros; time não conseguiu empate

A partir daí, Fábio Carille teve sua primeira decisão a tomar. Com apenas uma substituição para fazer, poderia escolher o zagueiro Pedro Henrique para recompor o setor defensivo ou tentar o empate. Após breve conversa com Elias, ele preferiu promover a estreia de Camacho, ex-Audax, conhecido pela qualidade no passe.

O Timão terminou mesmo o jogo com mais passes trocados do que o Fluminense: 337 contra 256 do adversário. Camacho atuou da maneira que estava acostumado no Audax – buscando a bola perto dos zagueiros e iniciando as jogadas. Liberados para atacar, Fagner e Uendel se juntaram aos quatro homens de frente e ensaiaram uma pressão.

No fim, até Cássio foi à área tentar o gol. Não foi por falta de finalizações: mesmo com um a menos, o Timão terminou o jogo com 12 arremates a gol, um a mais do que o Flu. O novo técnico do Corinthians vai assumir um time que precisa de ajustes, mas tem potencial para brigar por posições na parte de cima da tabela.