14/6/2016 08:18
Ex-leiteiro foi alvo do Corinthians, tirou '10' no L'Equipe e viveu 'Walking Dead' na Arábia
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Carlos Eduardo é ídolo do Al-Hilal, da Arábia Saudita
Ribeirão Preto, interior do estado de São Paulo. O jovem Carlos Eduardo de Oliveira Alves acorda às 3h30 da manhã para entregar leite com seu pai. O trabalho era duro, até as 12h, quando ele partia para seu segundo ofício, o de estudante.
Mesmo tendo a agenda totalmente tomada, o pequeno "Cadu" tinha tempo ainda para tentar seguir o seu verdadeiro sonho de ser jogador de futebol. Hoje, ele é um grande ídolo do Al-Hilal-SAU, mas para chegar a esse patamar, ele teve de ser um verdadeiro "faz-tudo" na juventude.
"Eu trabalhava com meu pai entregando leite de caixinha e, depois, com meu irmão. Com meu pai era mais cansativo, porque descarregar 1.300 caixas de leite era muito pesado. Com meu irmão, a gente fechava padaria poucas caixas mesmo. Isso foi excelente minha educação mesmo, aprendi a valorizar tudo que tenho até hoje", conta o meio-campista de 26 anos, em entrevista exclusiva ao ESPN.com.br.
"Trabalhei com muita coisa... no caminhão com meu pai, de borracheiro... De final de semana, eu ia na porta das casas pegando entulho e vendia geladinho no jogo do futebol amador perto do meu bairro", lembra.
Com seus pequenos trabalhos, Carlos Eduardo tinha o objetivo de juntar uma "grana".
"Eu já peguei entulho na casa de uma mulher, perto de onde tinham cortado uma árvore. Limpei tudo e ela veio, me pagou com roupa velhas, essas coisas (risos). Eu mesmo não precisava de roupas, precisava de grana. Eu sempre gostei de ter meu dinheiro, minha independência. Nem era par ajudar tanto em casa, mas mais para ter minhas coisinhas", diz.
Com espírito independente desde a infância, ele começou em uma escolinha até chegar ao Desportivo Brasil, da Traffic. Passou por São Bento, Ituano e Fluminense.
"Foi especial porque conseguimos uma reviravolta e saímos da zona de rebaixamento do Brasileiro de 2009. Para muitos era impossível e mesmo conseguimos. Foi uma experiência ótima com apenas 18 anos", afirmou.
O meia ainda passou pelo Grêmio Prudente antes de chegar ao Estoril, clube da Traffic em Portugal. Depois de conseguir o acesso para a primeira divisão portuguesa, na temporada seguinte conseguiu levar o time à Liga Europa. Com isso, foi comprado pelo Porto. "Cheguei numa época que time tinha sido campeão e fiz muitos jogos, mas chegou outro treinador e vi que seria difícil jogar e pedi para ser emprestado ao Nice, da França", recordou.
DO MITO AO 'WALKING DEAD'
Na França, Carlos Eduardo "mitou" ao fazer cinco gols na partida contra o Guingamp pela Ligue One, sendo o primeiro jogador da história a tirar uma nota 10 do L'Equipe, o maior jornal francês. "Foi uma loucura. Foram dois meses na minha vida em que os jornais do mundo todo estavam querendo entrevista, foi bacana. Estava numa noite inspirada", comemorou.
Mesmo com propostas de vários lugares, ele foi comprado pelo Al-Hilal, da Arábia Saudita.
"É experiência muito boa. Eu gosto de lá, mas os costumes e a cultura são diferentes. Mas eu me adaptei bem rápido. A torcida é muito fanática porque meu clube é um dos maiores do pais",analisou
"Teve uma vez que fui ver um jogo e quando cheguei ao estádio a torcida cercou meu carro, bateu no vidro, ficaram gritando para mim e foi demais carinho. Parecia uma cena do [famosos seriado de televisão norte americano de zumbis] Walking Dead, cara (risos)", garantiu.
O nível de idolatria é tão grande que o brasileiro recebe um tratamento de astro do cinema. "Teve uma três vezes que fui ao shopping e tive que sair escoltado porque muita gente queria tirar foto e causou tumulto demais. Graças a Deus tenho moral", relatou.
A fama na Arábia Saudita fez o Corinthians tentar a contratação do meia no começo deste ano para a vaga de Renato Augusto, que foi vendido para China.
"Pelo que fiquei sabendo, o Al-Hilal não quis liberar porque estava no meio do campeonato e brigando pelo título. Fiquei feliz de um grande clube vir atrás de mim, mas continuei contente do mesmo jeito aqui".
O jogador, que despertou interesse de Sporting (Portugal), Olympiacos (Grécia) e Nice, não descarta uma saída.
"Tenho mais dois anos de contrato e se for da vontade do clube irei permanecer, gosto demais de lá e só saio se for uma coisa boa para todos. Não tenho pressa e estou muito feliz o clube", finalizou.
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