Tite reinventa o Timão em 2016; clássico vira teste (Foto: Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians)

Uma derrota para o maior rival serviu de ponto de partida para o técnico Tite entender que deveria fazer mudanças significativas no Corinthians – se quisesse ver o time render melhor.

Quase dois meses depois de perder por 1 a 0 para o Palmeiras, no Pacaembu, pelo Campeonato Paulista, o Timão se apresenta em uma nova versão no reencontro com o adversário alviverde, neste domingo, às 16h (horário de Brasília), fora de sua casa, pela sétima rodada do Brasileirão.

Quatro nomes diferentes, um esquema tático renovado e a mudança de atitude marcam o momento do Corinthians, que em seis rodadas chegou às primeiras posições do Brasileirão e se colocou entre os candidatos ao título nacional.

– Contra Santos e Palmeiras, no Paulista, tivemos duas atuações abaixo. O resto manteve o nível. É manter padrão de atuação, mas ter resultado junto. Melhorou no quesito de marcação e aí os resultados vieram. É manter esse padrão para a equipe crescer – afirmou Tite, em entrevista recente, quando questionado sobre o padrão de jogo da equipe.

Em relação ao último jogo contra o Palmeiras, saíram Cássio, Elias, Lucca e André. Entraram Walter, Cristian, Marquinhos Gabriel e Luciano. O zagueiro Yago, titular naquele Dérbi e também neste domingo, ficou suspenso durante 30 dias no período por causa de doping. Ele volta à equipe principal justamente no clássico.

O GloboEsporte.com lista abaixo as principais mudanças que fizeram o Corinthians crescer e chegar com maiores esperanças a um novo Dérbi.

O ESQUEMA
Tite deixou de lado o 4-1-4-1 que adotava desde o ano passado e tornou o time mais equilibrado com uma versão do 4-2-3-1, com dois volantes mais preocupados com a marcação, três meias e um atacante de movimentação mais à frente. A justificativa: o Corinthians precisava de alternativas para encaixar melhor suas principais peças.

Nova formação do Corinthians tem Cristian e Bruno Henrique em linha; saída de bola melhora e leva time às vitórias

Guilherme passou a jogar mais avançado, sem a responsabilidade de reproduzir o que Renato Augusto fazia ano passado. Isso significa um meia mais inteiro no ataque, podendo criar com liberdade, aproximar-se da área e finalizar a gol.

Mais atrás, a proteção aumentou com Cristian e Bruno Henrique. Bruno vinha sendo o único volante da equipe, mas não tem as características defensivas que a posição exige. A entrada do colega lhe deu liberdade para avançar e se infiltrar na área adversária – tal qual Elias costumava fazer. Em boa forma física, Cristian tem dado conta do recado. Nas laterais, Fagner e Uendel têm aval para atacar. O resultado? Ambos já fizeram gols no campeonato nacional.

Com o novo esquema, o Corinthians conseguiu quatro vitórias seguidas no Brasileirão em um período de dez dias. A confiança, claro, aumentou no elenco.

Walter e Cássio juntos: amizade não se abalou após troca de goleiros (Foto: Diego Ribeiro)

O GOLEIRO

Cássio falhou no gol de Dudu que decretou a derrota corintiana no último Dérbi, mas não foi esse erro que custou sua posição entre os titulares. Vencedor, ídolo e respeitado, ele teve de dar passagem a Walter antes da estreia no Brasileirão, contra o Grêmio – Cássio foi naquele fim de semana ao funeral da avó, no Rio Grande do Sul, e voltou reserva.

O diagnóstico da comissão técnica foi de que Cássio não estava em sua forma física ideal, o que limitava os movimentos e prejudicava a explosão muscular. Em melhor momento, Walter foi escolhido por Tite e pelo preparador de goleiros Mauri Lima para assumir a posição.

No início, Cássio não escondeu a insatisfação e, em entrevistas, deu recados aos profissionais da comissão técnica. Com o tempo, mostrou tranquilidade e aceitou a nova realidade. Nos treinos, ele sempre é visto ao lado de Walter – os dois são amigos próximos.

O ATAQUE

Lucca caiu de rendimento depois de se tornar artilheiro do Corinthians no ano. André nunca teve total aprovação da torcida e ainda perdeu um pênalti decisivo no dia da eliminação para o Nacional, nas oitavas de final da Taça Libertadores. Com a confiança em baixa no setor ofensivo, os gols rarearam, e Tite precisou agir novamente.

A antiga formação do Corinthians: André, Lucca e Elias não estão mais na equipe e geraram mudança de esquema

A contratação de Marquinhos Gabriel foi chave para a mudança do esquema, que agora tem três meias – dois deles abertos pelas pontas. Antes, com Lucca, o Corinthians sempre tinha um atacante de velocidade por um dos lados. Essa necessidade não existe mais. A formação só é utilizada em momentos específicos dos jogos.

No comando do ataque, André deu lugar a Luciano. Recém-recuperado de lesão no joelho, ele ainda não fez gols em 2016, mas conferiu maior movimentação ao setor. André é mais fixo e gosta de receber a bola mais perto do gol. Sensíveis mudanças que melhoraram a produção.

A ATITUDE

Não que o Corinthians já não tivesse atitude, mas o time tem mostrado uma entrega extra durante as partidas. O jogo contra o Coritiba foi o maior exemplo: perdendo por 1 a 0 desde o primeiro tempo, Tite não hesitou e tirou até o zagueiro Pedro Henrique de campo para lançar André no ataque. Com dois gols nos acréscimos, o Timão venceu mais uma.

O técnico não tem mais se prendido a substituições previsíveis. No mesmo jogo contra o Coxa, Danilo entrou para dar maior posse de bola ao time. Uma semana antes, contra o Sport, foi a vez de Lucca ser herói ao mudar o jogo na Ilha do Retiro. Os reservas têm sido utilizados com maior frequência e variedade. Com mais opções, o Corinthians se fortalece no clássico.

Uendel comemora gol salvador contra o Coritiba: persistência vem dando resultado (Foto: Futura Press)