Alyson em ação com a camisa do Corinthians (Foto: Reprodução/Facebook)
Enquanto os bastidores do Corinthians entravam em ebulição, com denúncias, acusações e racha político, o jovem Alyson Motta, então com 15 anos, cogitava abreviar a curta carreira de jogador. Pivô de escândalo que agitou o clube, envolvendo suposto estelionato na venda de 20% dos direitos econômicos dele, o atacante avisou aos pais e ao novo empresário que gostaria de deixar o futebol. O garoto, porém, foi demovido da ideia, mas as dificuldades que o fizeram pensar em pendurar as chuteiras persistem.
Embora as denúncias tenham se tornado públicas somente no último domingo, Alyson e sua família já convivem com o assunto há meses. Tanto é que optaram por romper com Julio, empresário citado nas nebulosas negociações e cujo sobrenome é desconhecido. Este era só o começo dos problemas...
O principal deles no momento é a possibilidade de ficar sem residência. Há algumas semanas, Julio pediu a devolução de um adiantamento financeiro que havia dado como garantia na locação da casa onde Alyson vive com o pai e a mãe, ambos desempregados, e mais três irmãos no bairro da Penha, Zona Leste de São Paulo. A quantia era de R$ 3,6 mil, referente a três meses de aluguel.
- Dia 6 terei que entregar a casa, pois o dono pediu. O Julio abandonou tudo, a gente está passando por um momento difícil, cara. É só o menino (Alyson) que trabalha, ele cuida de tudo, é o homem da casa. Estamos passando um apuro que não gostaríamos - disse Wilson, pai do atleta, ao LANCE!.
A reportagem não localizou Julio para que ele desse sua versão do caso e comentasse a acusação de que fez ameaças a Alyson e sua família após pedirem para que o empresário não cuidasse mais da carreira do garoto.
Para piorar as coisas, o atacante não está podendo fazer o que mais gosta. Há alguns meses, quando o escândalo começou a ser comentado internamente no Parque São Jorge, Alyson foi afastado e passou a treinar não mais com o time de sua categoria e sim com atletas que estão sendo avaliados. O clube alegou indisciplina e falta a treinos, mas o jogador diz ter atestados médicos que justificam as ausências. Ele teria deslocado o maxilar durante uma partida.
O drama aumentou nos últimos dias, quando Alyson contraiu caxumba. A expectativa é de que ele volte a treinar nos próximos dias... que também podem ser os últimos. Alyson, família e o novo empresário dele, Jailton Lopes, não querem que ele permaneça no Timão.
- O Corinthians não nos procurou para profissionalizar o menino agora que ele fez 16 anos. Estamos esperando uma posição. Na verdade, queremos a liberação. A família não quer mais seguir no clube por conta dessa situação instável causada por maus gestores - disse o agente, que alega ter começado a trabalhar com Alyson após se sensibilizar com as dificuldades enfrentadas por ele e seus familiares.
- A diretoria não fez absolutamente nada quando recebeu essas denúncias, não deu um suporte ao Alyson. O menino ficou totalmente à deriva. Quase destruíram um garoto, um craque - completou Lopes.
O empresário declara ter propostas de equipes do Brasil e do exterior pelo atacante.
Na última semana as partes se reuniram pela primeira vez, e o Corinthians demonstrou não estar disposto a liberar Alyson. A expectativa é de que as conversas sejam retomadas nos próximos dias.
Enquanto isso, o jogador e seus familiares seguem temendo pelo futuro.
- Entramos em uma furada sem saber de nada, agiram pelas nossas costas. Nem imaginava que poderiam estar ganhando dinheiro com o Alyson - lamenta o pai do adolescente.
Carta do Corinthians sobre a divisão dos direitos de Alyson