O Corinthians foi o melhor time da primeira fase do Paulistão. Em 15 jogos, foram onze vitórias, dois empates, duas derrotas, 26 gols marcados e oito gols sofridos. Nas estatísticas, o Timão só não teve o melhor ataque – o Santos anotou 28 gols. No restante, sobrou. Apesar de os números exaltarem a superioridade do Corinthians, Tite acredita que o time não está pronto.

– Para quem está reformando (o time), isso é muito. É a pressão e processo de maturidade que ainda não estão feitos. Peço para o torcedor nos incentivar quando erramos. A equipe não está pronta, não está madura – afirmou o técnico, após a vitória por 3 a 0 sobre o Novorizontino, neste domingo, na Arena Corinthians.
Para o treinador, ainda há longo caminho para alcançar o que ele acredita ser o ideal.

– Para uma equipe ficar pronta, precisa de 40, 50 jogos. Precisa de tempo para a construção.

No próximo domingo, o Timão enfrentará o RB Brasil pelas quartas de final do Paulistão. Será a primeira experiência de mata-mata que a atual equipe do Corinthians viverá após ter perdido peças importantes no início deste ano.

Precisa ter emocional, maturidade. Bola não pode queimar no pé. Torcedor grita e aquela emoção... E nós: "calma!". Falei para o Luciano que ele estava ansioso demais para fazer o gol. O gol vai ser igual para todos. Ele cortou o passe e deixou o Alan livre para finalizar – analisou Tite, sobre o terceiro gol do Corinthians em Itaquera.

Às vésperas de duelos decisivos do Paulistão e da Libertadores, Tite precisará explorar ainda mais seu elenco. Neste ano, 24 jogadores já iniciaram partidas como titulares. Contra o Novorizontino, o Timão jogou com um time misto e demonstrou bom entrosamento. O técnico citou exemplos para exaltar a concorrência dentro do próprio grupo.

– Eu posso te dizer que é o melhor momento do Fagner e do Edilson. Competição de alto nível é isso. Nesse último jogo, estavam sentados Yago e Balbuena, os dois jantando juntos, concorrentes. Disse: "Vocês dois estão jogando em altíssimo nível, deixando o técnico feliz e tranquilo". Sabe por quê o Yago está jogando e não o Balbuena? Porque ele chegou antes – explicou.

Nesta segunda-feira, a Federação Paulista de Futebol define as datas dos confrontos das quartas de final. Tite terá a semana livre para treinamentos.

Veja os demais tópicos da entrevista de Tite:
Recusa à seleção brasileira
– Eu passei dez dias falando com vocês e aviltando essa possibilidade. Não tenho absolutamente nada a manifestar. O que eu posso dizer é que estou muito feliz no Corinthians. É um momento extraordinário de novo. Corinthians vem passando por esse processo de maturidade. Tem uma frase que o Lahm (lateral do Bayern de Munique) usa, é o verbo "lernen", que é aprender. Nós, do Corinthians, queremos aprender.

Ética em não querer assumir a Seleção sob comando de Dunga
– Vou dizer para todo mundo que tenho uma porrada de defeitos. Eu sou muito digno. Dignidade é inegociável. Está dito. Há momentos em que o silêncio fala por si só. Tenho muito orgulho da minha carreira, mas já errei muitas vezes. Olho para minha carreira e fico muito feliz. Antes de começar o jogo, o Elias falou também desse respeito.

Saída de bola sem chutão
– Duas coisas: para falar do Audax, quero parabenizar o trabalho do Fernando Diniz. Se vocês olharem os scouts, somos nós e Audax que mais tocamos a bola. É um baita de um trabalho. É uma ideia de futebol que é de triangulação quando é possível fazer troca de passes. Depende da marcação adversários, se são altos, ágeis, fortes. Qual é o nosso futebol? Triangulação e infiltração.
Corinthians mais "humano"
– Eu não fujo dos elogios. Tanto é que comecei elogiando. Antes de iniciar o jogo, fomos entregar uma placa para o Bruno Henrique. Fiquei pensando: "100 jogos do Bruno Henrique". Falei para o presidente (Roberto de Andrade): "O Corinthians tem uma característica de fazer do clube uma família". Quando está certo, elogia. Quando está errado, corrige. Dá tempo para os profissionais trabalharem. Assim é nosso trabalho humano.

Padrão de jogo
– Faz os atletas entenderem que não há preferência por ninguém. Não é quem é melhor, mas quem está melhor. Jogamos contra o Santa Fe e o Edilson tomou a palavra antes do jogo. Acabou o jogo e o Elias foi agradecê-lo. Acabei de ler o livro do Ancelotti. Para ganhar a décima (taça do Real Madrid na Liga dos Campeões), ele disse: "Vai precisar unir direção, atletas e funcionários". Não quer dizer que está tudo certo, mas que quebra o pau. É legal. Isso é legal em um grupo.

Felicidade pelos gols de Fagner
– Fico mais contente ainda quando os gols se diluem. Estrategicamente, os adversários vêm fechando um lado, o outro. Contra o Santa Fe, os dois laterais apoiavam. Às vezes fecha mais de um lado e abre do outro. Hoje, coroou o Fagner.
Expectativa do jogo contra o RB Brasil
– Tenho a expectativa de estar com o Rodriguinho (que está lesionado). Vamos pegar o RB que está fazendo um grande trabalho, permanece com seu técnico. Ele dá tempo aos profissionais. Tem o Roger (artilheiro do Paulista) que é um grande jogador, que me ajudou muito quando eu estava no Palmeiras. Não vamos desprezar ninguém, independentemente da campanha que fizemos. Essa ostentação para nos não serve.

Comemoração de melhor campanha
– Para a gente ficar feliz e curtir com nossas famílias. Eu vou comemorar agora o aniversário da minha filha. Não precisamos tripudiar os outros. Tem que curtir e ficar feliz. Que legal a gente estar aqui, com o pai e filha. Primeiro, curtam e fiquem felizes. O segundo, é "nóis", é "nóis".