10/4/2016 13:42

De membro da Gaviões a diretor do Timão, Edu Ferreira revela luta por multas rescisórias mais altas, fala sobre reforços, Lucca, Tite...

De membro da Gaviões a diretor do Timão, Edu Ferreira revela luta por multas rescisórias mais altas, fala sobre reforços, Lucca, Tite...
Fanático, Edu Ferreira só não viu 15 jogos do Corinthians em São Paulo desde 1994

Em pouco menos de cinco anos, ele saiu da arquibancada para a diretoria de futebol do Corinthians, cargo mais importante depois da presidência. O personagem dessa trajetória é de Eduardo Ferreira, de 36 anos, homem de confiança do presidente Roberto de Andrade em todas as questões ligadas ao time há um ano e dois meses.

Membro da Gaviões da Fiel desde os 14 anos, Edu, como é mais conhecido, ainda se emociona ao lembrar-se do dia em que foi nomeado diretor adjunto de futebol. Uma de suas atribuições, hoje em dia, é lidar com a hipótese de perder Tite para a seleção brasileira, algo que não parece lhe tirar o sono.

Nesta entrevista exclusiva, feita na última sexta-feira, por mais de uma hora, no CT do Parque Ecológico, o corintiano falou sobre Tevez, naming rights, permanência de Lucca, reforços, dificuldades…

BLOG_ Você é um dos poucos casos no futebol de um membro de organizada que se tornou diretor. Para começar, como virou corintiano?
EDUARDO FERREIRA_
Eu não virei, mas nasci corintiano. Isso vem da família. O meu avô (Eduardo Ferreira) foi conselheiro e diretor na época do Wadih Helu. O meu pai (Roberto Ferreira) sempre foi sócio, frequentou arquibancada. Eu virei sócio com 13 anos.

Quando foi ao estádio pela primeira vez?
Quando ainda era bebê. A minha primeira vez no estádio sozinho foi com 14 anos. Precisei fugir de casa para ir.

Como assim?
Os meus pais não queriam que eu fosse, então, saí escondido. Era um Corinthians x União São João, no Pacaembu. Quando voltei, apanhei. Mas valeu muito a pena, porque o Corinthians ganhou, por 2 a 1.

Para quais estádios você já foi por causa do Corinthians?
É mais fácil perguntar para qual não fui. Faltam alguns poucos no Norte e no Nordeste. Em São Paulo, perdi apenas 15 jogos do Corinthians desde 1993.

Só 15?
Já tomei zero por faltar em prova, perdi casamentos, não fui a festas da mãe… Tudo por causa de jogo. Minha mulher também é corintiana fanática, senão, nem estaria em casa. Nós nos conhecemos em um ensaio da Gaviões. Nosso calendário, como casal, se baseia nos jogos.

Como você conseguirá conciliar quando tiver um filho?
Já tenho um filho, que vai fazer 106 anos em setembro. E me dá um trabalho… Hoje em dia, mais ainda (risos).

Quando você entrou para a política do Corinthians?
Participei de uma reunião pela primeira vez com 17 anos. A partir daí, fui me enfiando, questionando. Em 2005, passei a viver política 24 horas por dia com o Movimento Fora Dualib.

A sua indicação para a diretoria de futebol já foi alvo de críticas pelo fato de você ter sido membro da Gaviões da Fiel. Como você vê essa questão?
Eu faço parte da Gaviões, não posso negar que boa parte da minha vida foi lá. E essa vivência com todo tipo de pessoa no meio do futebol me rendeu um aprendizado muito grande.


Sim. Desde os 14 anos. Sou sócio número 27.179, de mais de 130 mil. Não frequento mais, devido ao tempo, mas desfilo na Gaviões desde 1995. Saí em todos os Carnavais, desde lá.

Como é a relação do Corinthians com as organizadas?
Não gosto de fazer distinção entre organizadas e a torcida comum. O Corinthians sempre teve boa relação com todos e não vejo mal algum nisso. Desde que se respeitando, e cada um entendendo seus limites.

Qual era a sua aspiração política no Corinthians?
Eu nunca tive talento para ser jogador, então, cresci sonhando em ser conselheiro, como o meu avô. Cheguei a ser convidado para virar conselheiro na primeira gestão do Andrés, mas não aceitei, porque me considerava muito novo. Acabei eleito na gestão do Mario Gobbi e, no meio do mandato, virei ouvidor do clube todo.

Como surgiu o convite para ser diretor adjunto de futebol?
Os rumores começaram ainda durante a campanha para eleger o Roberto de Andrade presidente. Eu ajudei demais, pedindo voto, criando ações… E nunca cobrei nada em troca. Um dia, o Roberto me fez o convite e sou grato até hoje a ele e ao Andrés Sanchez.

Quanto tempo você dedica por dia ao Corinthians?
Só não estou servindo o Corinthians enquanto durmo. E olhe que tenho dormido lá pelas 3h da manhã e acordo umas 8h.

Se o cargo não é remunerado, você se sustenta como?
Construo casas populares ao lado dos meus sócios, Leonardo e Fernando. Passo três vezes por semana nas obras, em geral de manhã, e fico o resto do dia no CT ou no Parque São Jorge.

E todo esse sacrifício vale?
Pô, fui escolhido para ser diretor adjunto de futebol do Corinthians. Do meu time de coração (olhos marejados). Chego até a me emocionar com a lembrança. A minha vida sempre foi muito dedicada ao Corinthians. Abri mão de bastante coisa por esse clube.

Pensa em ser presidente do Corinthians um dia?
Neste momento, não penso. Penso em ganhar o Paulistão, a Libertadores, em estar atento ao mercado para reforçar o time na medida do possível…

Qual foi o seu maior acerto como diretor de futebol?
Ter passado os primeiros dez meses mais ouvindo do que falando. Aprendi, olhei e conheci o departamento. Também respeito a todos. Não é porque sou diretor que mandarei em tudo. Outra coisa importante foi me dedicar à integração entre o profissional e a base.

O que você faz?
Um pouco de tudo. O Edu Gaspar e o Alessandro me ajudam bastante, principalmente na parte técnica. A minha parte é mais administrativa, política. Faço a ligação com o presidente, com o departamento financeiro, agilizo coisas burocráticas… Também dou suporte aos jogadores, à comissão técnica e aos funcionários.

E não se envolve na contratação de reforços?
Desde novembro, participei bastante. Eu, Edu, Alessandro, Roberto… Todo mundo ajuda.

Quem você contratou?
Participei praticamente de todas as negociações do ano. Uma coisa importante foi a contratação do Balbuena. Precisei viajar às pressas para o Paraguai no começo de fevereiro, porque o São Paulo e outros clubes tentaram atravessar o negócio. Fui falar com o jogador e o empresário. Felizmente, deu certo e o Corinthians contratou um grande zagueiro.

Falando em reforços, por que o Guilherme e o André ainda não deram certo?
No futebol, é normal que um se encaixe mais rapidamente, outro não. O Guilherme, por exemplo, veio de fora do Brasil. E não é porque o André não está fazendo gols que não deu certo. Ele tem um papel importante dentro do sistema. Já, já a bola entra. Tanto a equipe quanto os dois vão crescer.

O Corinthians pode fazer até três mudanças nos inscritos da Libertadores para o mata-mata. Haverá substituição?
Pode ser que mude um, dois, três ou até nenhum. O que eu garanto é que não vamos contratar só por contratar. Olhamos o mercado de duas formas: da ótica do potencial, do jogador que chega para vestir a camisa, e da ótica de apostas, jogadores mais em conta, coisa que deu muito certo aqui. Não existe euforia para contratar.

Negociam com o atacante William Pottker, do Linense?
Estamos de olho em tudo. No Brasil, na América do Sul e no mundo inteiro.

O Corinthians, hoje, tem uma folha salarial mensal R$ 1,5 milhão menor do que a de 2015. Por que a economia?
A ideia era segurar um pouco, para pôr a casa em ordem, como está acontecendo. A parte financeira melhorou muito. A projeção é de um caixa melhor a partir do meio do ano. Daqui para a frente, vamos pensar em reforçar ainda mais o grupo.

O quanto o pagamento do estádio atrapalha no fluxo de caixa do clube?
É lógico que seria melhor ter a verba da bilheteria. Isso gera um momento de dificuldade, mas ganhamos o maior e mais bonito patrimônio do Brasil. Não dá para querer tudo. E, lá na frente, quando o estádio estiver pago, ele vai ser uma enorme fonte de receita.

Como corintiano de arquibancada que é há anos, prefere a arena ou o Pacaembu?
A arena, porque é a nossa casa. O Pacaembu é como a casa da mãe, na qual você sente um carinho enorme, dormiu muitas noites lá. Já a arena é fruto do seu sonho, do seu esforço… É a realização da casa própria.

A pergunta que não quer calar: o Corinthians já vendeu os naming rights ou não?
Esse é um assunto que compete ao presidente e ao marketing, mas tenho recebido boas notícias deles e espero que saia logo.

O departamento financeiro alvinegro disse, no fim do ano passado, que o clube se preparava para contratar o Tevez no futuro. Ele está na mira?
Não dá para cravar nada, mas, hoje, não tem qualquer planejamento em cima disso. É um jogador interessante, quem não gostaria de contar com ele? Mas todo jogador interessante pode virar alvo do Corinthians.

O Lucca pede em torno de R$ 300 mil mensais para renovar e vocês não passam de R$ 200 mil. Há risco de perdê-lo?
De fato, é um patamar muito alto. Mas temos uma reunião marcada para segunda-feira (amanhã) e conversaremos para chegar a um acerto. Espero que o encontro seja positivo.

Gostou de algum time em especial na atual Libertadores?
Nada fora do normal. O Atlético Nacional tem 100% de aproveitamento, com quatro vitórias em quatro jogos, mas nós estamos focados apenas nas coisas do Corinthians.

Como vê a chance de São Paulo e Palmeiras serem eliminados na fase de grupos?
É um fato curioso. De qualquer forma, é um problema deles.

Teme pela saída do Elias para a China na metade do ano?
Não tem nada. Falavam que ele iria embora em dezembro e está aí, focado no trabalho e crescendo cada vez mais.

Como o clube se prepara para evitar uma nova debandada, como a de janeiro, quando seis titulares saíram?
Estamos mais atentos aos contratos, aumentando as multas rescisórias e adquirindo a maior parte dos direitos econômicos. Mas, se o atleta ganha R$ 100 mil e aparece uma proposta de R$ 1,5 milhão, não dá para segurar. Senão, você fica com o jogador insatisfeito.

Hoje, vocês não conseguem segurar ninguém?
O Cássio é um que ficou porque o convencemos. Ele tinha uma proposta da Turquia, mas o negócio se estendeu e o chamamos para conversar. Pedimos que ele ficasse e aconteceu. Com o Felipe, a mesma coisa: eram duas ofertas na Europa. Decidimos segurá-lo e ainda compramos mais 50% dos direitos dele. Hoje, temos 100%.

O Corinthians tem pequenas porcentagens em relação à maioria dos jogadores da base. Por quê?
Essa é uma preocupação minha e do presidente. E na base é mais complicado. Precisamos estar com o caixa firme para não aceitar as imposições dos empresários, mas já estamos ajustando essa questão.

O Matheus Pereira, por exemplo, é pretendido pela Juventus e o Corinthians só tem 5%. Quanto o clube vai ganhar nessa negociação?
Não dá para entrar nos detalhes, porque ainda estamos conversando. A ideia é de que se mantenha esses 5%, porque, lá fora, os valores são diferentes. Devemos ganhar como clube formador. Mas acho um absurdo termos só 5%. É triste.

O Corinthians tem algum plano B para o caso de o Tite aceitar a seleção brasileira?
A seleção é aqui e o Tite sabe disso. Nem pensamos em plano B. Ele está muito bem aqui, com toda estrutura e respaldo do mundo. O casamento entre Tite e Corinthians é perfeito.

Mas ele recusou, mesmo, um convite da CBF?
Recusou? Não sei de nada e não falo sobre sondagens.

O Cristian custa R$ 420 mil por mês e só jogou 17 minutos neste ano. Foi o pior reforço desde o Alexandre Pato?
Não considero um erro. Ele tem história no clube, é um grande profissional, se dedica… Está voltando de contusão e, certamente, vai dar a volta por cima. Confiamos muito nele.

Qual foi o momento mais difícil na diretoria de futebol?
No meio do ano passado, quando estávamos devendo de cinco a sete meses de direito de imagem a alguns jogadores. Ao mesmo tempo, estávamos perdendo alguns jogadores para o exterior. Foi um período de muito aprendizado, assim como em janeiro, com a venda de vários titulares.


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