Cássio tem dificuldade na saída de bola; Santa Fe marca com quatro jogadores no ataque (Foto: Carlos Augusto Ferrari)
Treino, repetição e entrosamento dão resultados, ainda que eles demorem a chegar. O Corinthians teve 45 minutos ruins em Bogotá, contra o Independiente Santa Fe, mas se recuperou quando colocou a bola no chão, aplicou os conceitos mais trabalhados pelo técnico Tite e conseguiu arrancar um empate valioso por 1 a 1, que praticamente coloca o Timão nas oitavas de final da Taça Libertadores.
Antes do gol de Elias, aos 12 do segundo tempo, é preciso falar sobre o que não deu certo. O Santa Fe se aproveitou de um Corinthians desorganizado, ainda ressentido pela derrota no clássico contra o Palmeiras. Marcou a saída de bola com até quatro jogadores e evitou que Cássio saísse jogando com zagueiros e laterais. Então, o time de Tite teve de apelar aos chutões.
Os colombianos tiveram seis finalizações no primeiro tempo. O Corinthians não passou nem perto de incomodar o goleiro Zapata: zero chute a gol. Estático e distante, o Timão perdeu a organização tão trabalhada por Tite. Em lance emblemático, Lucca recebeu lançamento pela esquerda e ninguém se aproximou para dar opção de passe. O atacante foi cercado por quatro rivais e, claro, perdeu a bola. Minutos antes, Elias tinha passado pelo mesmo aperto.
A pressão do Santa Fe não demorou a surtir efeito, principalmente porque a falta de compactação e a marcação frouxa, incomuns neste Corinthians, foram regra na primeira etapa. Com as linhas de quatro jogadores muito distantes, nomes como Seijas e Gómez, os dois articuladores do Santa Fe, ficaram à vontade. Numa falha geral do sistema defensivo, Otero aproveitou rebote de uma bola na trave para abrir o placar.
Tite corrigiu os problemas ofensivos ao abrir Fagner pela direita e Lucca e Uendel pela esquerda, alargando a linha de defesa do Santa Fe e encontrando mais espaços pelo meio. Mesma solução que ele encontrou em outros jogos travados no início do ano. O time se reagrupou em campo, as triangulações começaram a fluir, e o Corinthians, enfim, voltou a mostrar sua cara.
Com defesa mais aberta, Guilherme aproveitou infiltrações de Elias no Corinthians (Foto: GloboEsporte.com)
Outro mérito foi entender que Guilherme não é Renato Augusto. Não é o jogador que deve buscar a bola na zona intermediária. Seu papel é mais parecido com o de Jadson, de se posicionar perto da área, abrir espaços e colocar os colegas na cara do gol. Em duas infiltrações de Elias, dois passes em profundidade de Guilherme. O segundo resultou no empate.
Giovanni Augusto, Elias e Guilherme são os destaques técnicos do Corinthians e jogaram juntos apenas pela segunda vez no ano. É natural que as coisas não tenham saído bem contra o Palmeiras e em parte do duelo desta quarta. A cobrança e a expectativa, porém, vão aumentar à medida que o trio ganhar entrosamento. Às vésperas das fases decisivas, o sucesso do Corinthians de 2016 vai passar pelo mesmo setor que brilhou em 2015: o meio-campo.
Guilherme e Elias são duas lideranças técnicas do time: dupla se entende aos poucos (Foto: Fernando Vergara/AP Photo)