Torcedores protestam durante reunião do Conselho no Parque São Jorge (Foto: Carlos Augusto Ferrari)
Em meio aos protestos de sua principal torcida organizada, a diretoria do Corinthians apresentou nesta segunda-feira aos conselheiros um novo plano de negócios para arrecadar mais dinheiro com sua arena. A situação não é nada confortável. O clube precisa dar um salto nas receitas para não comprometer o pagamento dos R$ 5,7 milhões mensais ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Assunto mais aguardado pelos conselheiros, a venda dos naming rights teve pouco espaço na pauta. Nomes de investidores ou detalhes das negociações não foram divulgados pelo presidente Roberto de Andrade. No entanto, a direção já parece contar com o dinheiro. Em uma das projeções exibidas, o clube calcula a entrada de R$ 20 milhões anuais com a comercialização do nome do estádio em Itaquera.
O Corinthians vai atacar também em uma mudança de estratégia para a venda de camarotes, cadeiras e outras propriedades da arena. O clube reduzirá os valores pedidos para tentar atrair mais empresas e, claro, torcedores. A meta estabelecida é conseguir ainda em 2016 mais R$ 30 milhões com novos negócios. No total, são esperados R$ 127 milhões brutos de receitas.
O clube promete cortar também algumas regalias de conselheiros e assessores. Leia-se: ingressos de cortesia. Agora, eles também pagarão pelas entradas, principal reivindicação dos torcedores do lado de fora da reunião. É provável que eles passem a utilizar o plano Fiel Torcedor para adquirir as entradas. Mesmo assim, com um desconto diferenciado em relação aos torcedores comuns.
Todos os planos caem na necessidade de o clube se manter em dia com o financiamento do BNDES. Um representante da BRL Trust, empresa gestora da arena, compareceu à reunião para dar detalhes das contas. Há a preocupação de que, em breve, o clube não consiga pagar o valor mensal caso não aumente as receitas. O Timão também conta com os CIDs (Certificados de Incentivos ao Desenvolvimento) da prefeitura para arrecadar dinheiro.
OBRAS NA ARENA
A Odebrecht, responsável pela construção do estádio, também compareceu à reunião com um plano para realizar novas obras. Fortes chuvas que caíram em Itaquera nos últimos meses causaram erosões no entorno. A empresa também promete melhorias na drenagem do terreno e o conserto do forro do teto que se desprendeu há duas semanas.
Nada foi apresentado aos conselheiros sobre as obras que a Odebrecht não realizou. O Corinthians diz que uma vistoria está sendo feita para detectar o que ficou para trás. Calcula-se que esse valor possa chegar a R$ 200 milhões.
LULINHA
O ex-presidente Andrés Sanchez foi questionado por conselheiros sobre os contratos do Corinthians com Luis Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula. O deputado federal (PT-SP) explicou que ele havia sido contratado como auxiliar de preparação física do técnico Mano Menezes.
Em 2011, pouco depois de deixar o clube, Lulinha assinou um contrato de dois anos para montar um time de futebol americano e captar recursos para os esportes amadores, com salário de R$ 20 mil mensais. Como não trouxe novos investimentos, o acordo não foi renovado. Segundo relatos de integrantes do Conselho, Sanchez disse que os contratos estão à disposição para serem analisados.