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A carreira de um jogador de futebol pode dar voltas inimagináveis e levar a lugares completamente inusitados. No caso de Luiz Fernando Pongelupe Machado, não foi diferente. Atualmente em Mianmar, na Ásia, o goleiro revelado na base do Corinthians, ele não teve chances no time profissional do Parque São Jorge, mesmo tendo jogado a Copa São Paulo junto com Everton Ribeiro, Dentinho, Lulinha e Willian, em 2007.
Ele estava no elenco que levou o clube de volta à primeira divisão com jogadores como André Santos, Douglas e Chicão. "Passava mal para defender as faltas deles", contou, aos risos, em entrevista exclusiva ao ESPN.com.br.
Após 13 anos no Corinthians, como era o quarto goleiro à época e sem perspectivas de titularidade, Luiz Fernando se transferiu para o Red Bull Brasil, equipe que hoje disputa a primeira divisão do Paulista. Na época, no entanto, a situação era completamente diferente.
"Na época, estava na quarta divisão de São Paulo e segui até 2014. Nós conquistamos todos os acessos até a primeira divisão. Tenho mais jogos com a camisa da equipe, com 116 partidas no total", orgulha-se.
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Luiz Fernando entrou para a história do Red Bull
Depois da glória com o jovem time de Campinas, ele obteve sua primeira oportunidade internacional como futebolista profissional, no Doxa, do Chipre.
Apesar de ser completamente diferente do Brasil, Luiz Fernando afirma ter facilmente se adaptado ao pequeno país, próximo da Turquia. No entanto, teve uma coisa que o goleiro se atrapalhou no começo.
"Lá o que mais estranhei foi o trânsito porque é mão inglesa. Eles dirigem na esquerda. No começo, eu entrei muitas vezes na contramão, não entendia nada (risos). É um lugar maravilhoso para morar. Eles têm costume de reunir muito os jogadores. Depois do treinamento, os jogadores vão para um café conversar, para entrosar o pessoal. Toda semana tem isso e depois dos jogos tem jantar com a família. Futebol é muito organizado e clubes têm boa estrutura, campeonato é muito equilibrado. Difícil de ver goleadas", comentou.
Vivendo em "paraíso" asiático
Atualmente, Luiz Fernando é arqueiro titular do Yangon United, time tetracampeão do Campeonato de Mianmar, nação asiática colonizada pela Inglaterra. Ele chegou ao local por intermédio de Cézar Augusto, atacante que jogou com ele no Red Bull Brasil e é ídolo do clube.
"Sabia que era um país perto da Tailândia mas não sabia nem o nome (risos). Era começo de temporada e estavam precisando de um goleiro estrangeiro e ele me indicou. Eu me interessei, mas não conhecia nada. Depois que ele me falou, a primeira coisa foi procurar no Google onde ficava", disse.
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Yangon é tetracampeão em Mianmar
"Pais muito diferente do nosso. Está crescendo muito. Eles ficaram muito tempo fechados por causa do militarismo, agora estão mais abertos para estrangeiros e você vê construções novas em todos os lugares. O futebol também esta evoluindo muito. É um povo muito religioso, muitos lugares bonitos, com templos budistas. Eles são muito educados com turistas, simpáticos. Segurança aqui nem se fala, você não corre perigo algum", completou.
Mas como em quase todas as nações asiáticas, a comida é um "espetáculo à parte".
"Eles comem tudo que você pode imaginar. Todas as vísceras de porco e frango. Eu só comi uma vez, numa festa do país, feriado e um dos treinadores promoveu um almoço beneficente. Eles usam muita pimenta e comi só um pouico para não fazer desfeita (risos). Ele comem pimenta demais, mas nos respeitam. No hotel, eles comem no restaurante local e nós comemos uma comida diferente", contou Luiz Fernando.
Alem da alimentação, uma grande diferença de Mianmar em relação ao Brasil é a vestimenta da população.
"Tem uma diferença de classe social muito grande, tem ricos e muitos pobres também. Eles não estão acostumados com ocidentais e algumas pessoas olham muito pra gente. As mulheres aqui, de forma alguma, descobre ombros. Uma blusinha normal no Brasil e elas ficam chocadas. Os homens aqui andam com uma saia chamada longhis, é muito comum", disse.
Torcida apaixonada
Em seu segundo ano pelo Yangon United, "Fernando", como a torcida o chama, rasga elogios aos fãs da equipe. Segundo ele, é muito apaixonada. O time participou da principal competição continental nesta temporada.
"Em alguns jogos distantes, em que nós jogadores pegamos avião, eles enfrentam até dez horas de ônibus para nos apoiar nos jogos fora de casa. Inclusive no jogo Playoff da Champions League (Asiática), que foi na Tailândia, alguns torcedores foram até lá nos apoiar. São muito fiéis e exigentes pois somos o time mais vencedor de Mianmar", contou.