Tite comanda o Corinthians contra Santa Fe, em Itaquera (Foto: Marcos Ribolli)
Desde o começo da semana, Tite pediu paciência para o torcedor que fosse à arena na noite de quarta-feira. Para o técnico do Corinthians, o time bem treinado e entrosado do Santa Fe daria trabalho, principalmente pelo forte sistema de marcação.
A torcida ouviu o treinador: foram poucos os sinais de impaciência até os 19 minutos do segundo tempo, quando Guilherme definiu a vitória por 1 a 0 que recolocou o time brasileiro na liderança do Grupo 8 da Libertadores, com seis pontos em dois jogos. A equipe colombiana tem apenas um ponto.
Mas Tite também foi paciente. Manteve o 4-1-4-1 mesmo com a arapuca armada pelo adversário. O esquema de jogo que fez sucesso no título brasileiro do ano passado continuou em campo mesmo após a debandada de titulares – no começo do ano, com os jogadores que ficaram; agora, com os reforços encaixados.
No primeiro tempo, as duas linhas de quatro jogadores do Santa Fe à frente da própria área pareciam fincadas no gramado de Itaquera.
As quatro linhas de marcação do Santa Fe prenderam o Corinthians no primeiro tempo em Itaquera
Em vários momentos, os oito jogadores da defesa colombiana ganhavam a ajuda de mais um, que transformava o 4-4-1-1 em 4-5-1, com as duas primeiras linhas bem recuadas.
Em alguns momentos, um nono jogador do Santa Fe voltava para ajudar a marcar o Corinthians
Para tentar escapar dessa situação, o Corinthians procurava marcar sob pressão, fazendo essas linhas rivais praticamente entrarem em sua própria área. Após uma dessas subidas, aos 23 minutos, André surpreendeu Tesillo, que tentava começar a sair para o jogo, roubou a bola do adversário e deixou Giovanni Augusto na cara do gol, mas a maior chance não foi aproveitada.
Como esse avanço do meio de campo não surtia tanto efeito, os donos da casa passaram a fazer dois movimentos básicos: 1) o recuo de Rodriguinho e Guilherme para começar a trabalhar a bola na intermediária; 2) e o avanço de Fagner e Bruno Henrique, quase sempre pela direita, para criar outra alternativa ofensiva.
Opções para se soltar: Rodriguinho e Guilherme voltavam para o meio; Fagner e Bruno Henrique avançavam pela direita
O Corinthians errou 20 passes no primeiro tempo – 42 no jogo todo, com Guilherme errando mais, oito vezes. Isso fez com que o recuo dele com Rodriguinho não funcionasse, ao contrário dos avanços de Fagner, que surtiam mais efeito, nem que fosse para a bola ser cruzada na área. Esses três jogadores, aliás, foram responsáveis pela jogada decisiva da partida.
O Santa Fe só criou perigo no fim da etapa inicial, quando Gomez exigiu boa defesa de Cássio. E, na volta para o segundo tempo, o time colombiano se soltou mais. Foi o que o castigou. Se tivesse se mantido atrás, teria conseguido ao menos o empate? Além de não pagar para ver, Pelusso resolveu apostar.
Percebendo a mudança do técnico adversário, Tite não mudou o Corinthians, que passou a ter, no segundo tempo, a oportunidade de enfrentar uma equipe diferente. No dois últimos jogos, o comandante alvinegro tinha conseguido abrir o jogo ao tirar um meia e lançar Luciano aberto pela direita. Não o fez, pois o Santa Fe resolveu sair para o jogo.
Aos 19 minutos, com a defesa adversária mais aberta, Fagner achou um buraco para lançar Rodriguinho pela direita, já dentro da área. Quando a bola estava perto de sair pela linha de fundo, foi cruzada na cabeça de Guilherme, que a colocou na rede de dentro da pequena área.
Mais bem marcados no primeiro tempo, Rodriguinho e Guilherme voltavam para marcar e não resolviam. Com mais espaço, fizeram o movimento inverso e, com a ajuda de Fagner, entraram na área adversária para decidir.
Guilherme (à esq.) comemora o único gol do jogo, acompanhado por Lucca, na arena alvinegra (Foto: Marcos Ribolli)
A partir daí, os jogadores do Santa Fe partiram de vez para o ataque, tanto que o Corinthians passou a jogar no contra-ataque. Cássio teve mais trabalho, praticamente sempre em jogadas pelo alto, mas conseguiu garantir a vitória. Nos 15 minutos finais, Tite fechou a equipe com Danilo na vaga de André, e Willians ainda mais atrás no lugar de Guilherme.
No fim das contas, os dois times finalizaram na mesma proporção: 12 vezes o Timão, contra 10 do adversário – foram três chances reais de gol para cada lado. 0 1 a 0 de Tite, que tantas vezes incomodou a torcida corintiana, foi bastante comemorado nas cadeiras da arena: a paciência corintiana venceu a fé colombiana.