27/2/2016 08:35
Yago defende marca impressionante no Timão: nunca perdeu jogo oficial
Zagueiro de 23 anos fez sua estreia em 2013 e até agora não sabe o que é ser derrotado em Paulistão, Brasileirão e Libertadores: são 16 vitórias e cinco empates em 21 confrontos
Yago tem contrato com o Corinthians até o fim da temporada de 2018 (Foto:Daniel Augusto Jr/Corinthians)
"Os que confiam em ti não sofrerão a vergonha da derrota". Yago acredita em Deus e gosta de atribuir suas conquistas pessoais à influência divina. Mas a relação do zagueiro de 23 anos com o salmo que abriu este texto parece ainda mais especial e significativa.
Neste sábado, às 21h, quando o Corinthians receber o Oeste pela sétima rodada do Campeonato Paulista, o camisa 3 defenderá uma marca que poucos detêm: ele jamais perdeu um jogo oficial pelo clube. Foram 21 partidas desde sua estreia, em 2013, e até hoje a soma chega a 16 vitórias e cinco empates, números que o fazem abrir largo sorriso quando perguntado pelo LANCE!.
– Estava demorando para alguém falar isso aí, hein? Sabia disso? – questionou aos assessores do clube, que acompanhavam o papo.
– É uma marca especial, coisa de Deus, que tem me abençoado quando jogo. O pessoal da minha cidade diz que eu estou fazendo história, mas não sei. É uma boa marca e vou tentar levar para frente – diz.
Yago é um titular improvável do Corinthians de 2016. Ele aproveitou a brecha da saída de Gil durante a pré-temporada e se firmou na viagem aos Estados Unidos. Apesar da concorrência de Vilson e agora Balbuena, alvo de um investimento milionário, o garoto de 23 anos não se abala. Depois de um ano e meio no Bragantino, duas lesões e muito tempo esperando, ele não pensa em dar chance para o azar. Jogou quatro de seis no Paulistão, a estreia na Libertadores e hoje volta ao time, na Arena Corinthians, depois de ser poupado por Tite. A princípio, ele seguirá no time para a Libertadores, na quarta.
– Para mim, para te ser sincero, todos os jogos têm sido Libertadores. Preciso do meu espaço, estou lutando por ele, e todo jogo tem que ser Libertadores – fala o camisa 3.
E a invencibilidade, vai seguir?
– Vamos ver, né? Espero que permaneça. Tem quantos jogos até o fim do Brasileiro? Uns 60? Então espero bater essa marca aí (risos).
Como tem encarado seu momento no Corinthians?
Como a maior prioridade da minha vida. Trabalho aqui há um tempo, sei da dificuldade que é ter oportunidade assim, em clube tão grande. É a oportunidade que eu nunca tive. Já estive em clubes menores, mas nunca uma chance em um clube de expressão como o Corinthians.
Jogadores que voltam de empréstimo ao Corinthians geralmente ficam sem chances. Por que acha que foi diferente com você?
Tem alguns fatores aí. Eu devo isso tudo a Deus. Mas na época que eu estive aqui da primeira vez creio que não estava preparado, então as oportunidades não surgiram. Outra coisa é que eu fui emprestado e joguei bastante, tirando as lesões fui quase sempre titular, e isso acontece pouco com os meninos que saem por empréstimo. Isso pesou bastante. Aí teve questões de comportamento e a paciência, porque nem sempre dá para subir, nem sempre dá para ter sequência.
Como foi sua experiência no Bragantino? Contribuiu para chegar até aqui?
Lá eu joguei mais de 60 jogos, mas tive duas lesões no joelho, uma no menisco e uma colateral. Fui bastante vezes titular em um ano e meio e isso somou bastante para eu chegar aqui. Isso que a gente vê no dia a dia do Corinthians não é normal no futebol, ter campos como esse para treinar. Se você não vigiar acaba acomodando, porque é muito fácil estar aqui. Os profissionais são muitos bons, você chega e sua roupa está limpinha, no seu lugar. Eu vi a verdadeira realidade do futebol, e quando você volta para cá dá um pouco mais de valor, treina um pouquinho mais.
O Felipe é uma inspiração para você?
Bastante. Não tenho nem o que falar. Ele sofreu bastante, até mais do que eu. Eu fui bem nos meus jogos, não tive muita desconfiança, e ele passou por tudo isso com a torcida. É um ícone para mim.
Semana passada você fez sua estreia na Libertadores. O que sentiu?
Para mim, para te ser sincero, todos os jogos têm sido Libertadores. Preciso do meu espaço, estou lutando por ele, e todo jogo tem que ser Libertadores. Contra o XV foi Libertadores, contra o São Paulo foi Libertadores. Mas realmente é diferente, clima diferente, condições diferentes. Foi bem legal participar do jogo contra o Cobresal.
Você errou só um passe naquele jogo. Não sentiu o peso da estreia?
Creio que não. Quando você trabalha e tem as condições, sabe o que fazer, as coisas ficam mais fáceis. Eu falo por mim que não senti muito o peso por ser Libertadores. Para mim foi tranquilo, nosso time é bem treinado, é difícil errar passe. Às vezes vai acontecer, mas é tranquilo.
Já que falamos em estatísticas, sabia que você nunca perdeu um jogo oficial pelo Corinthians?
Estava demorando para alguém falar isso aí, hein. Sabia disso aí? (pergunta aos assessores do clube) Eu ia soltar na massa. Mas eu fico feliz, é uma marca especial, coisa de Deus. Tem uma passagem na Bíblia que fala que os que confiam no Senhor não sofrerão a vergonha da derrota. Eu sempre lembro desse versículo e Deus tem me abençoado bastante quando eu entro em campo pelo Corinthians. O pessoal da minha cidade me liga dizendo que eu estou batendo recordes, mas eu não sei. É uma boa marca e eu vou tentar levar para frente.
Até quando acha que dá para manter a invencibilidade?
Vamos ver, né? Espero que permaneça. Tem quantos jogos até o fim do Brasileiro? Uns 60? Então espero bater essa marca aí (risos). Mas vamos levar até onde der para levar.
Você estreou contra o Ituano em 2013. O que mudou no Yago de lá para cá?
Muita coisa, cara. Naquele jogo eu entrei de volante, faltando cinco minutos para acabar o jogo. Quanto mais atrás do cara eu estivesse para não receber bola para mim era melhor. Campo estava molhado para caramba... Mudou muito. Maturidade, confiança, ganhei força para mostrar meu futebol. Mudaram muitas coisas.
E no Corinthians?
No Corinthians não mudou nada. Saíram jogadores de qualidade, vêm outros com mais qualidade ainda, os que trabalham são os mesmos, não mudou muita coisa não.
O que acha que tem feito de suficiente para seguir no time titular?
O dia a dia, o trabalho. Zagueiro o que conta é não levar gol, e esse é um fator importante para ter uma sequência maior. É tentar errar o mínimo possível, pegando confiança e ganhando mais.
O que achou da estreia do Balbuena? A concorrência aumentou...
Muito bom jogador. Valoriza mais a briga e quem ganha é o Corinthians. Agora com Balbuena, o peso de ser um jogador contratado, de seleção do Paraguai, valoriza o trabalho e dá mais confiança para mostrar mais e permanecer no time.
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