19/2/2016 10:46

Menor que assumiu crime de Oruro era amigo de classe de ex-corintiano

Gustavo Tocantins, que recentemente trocou o Corinthians pelo Macaé, era colega de Helder, que disse ter disparado foguete que matou Kevin Espada. Tragédia faz 3 anos

Menor que assumiu crime de Oruro era amigo de classe de ex-corintiano
Kevin Espada morreu ao ser atingido por sinalizador (Foto: Reprodução SporTV)

A morte do garoto boliviano Kevin Douglas Beltrán Espada, atingido por um sinalizador disparado a partir do setor da torcida do Corinthians, num jogo entre o Timão e o San José, em Oruro, completa três anos neste sábado. Doze torcedores chegaram a ficar 156 dias presos num presídio local.

A autoria do disparo, nunca comprovada, acabou sendo assumida, já em solo brasileiro, por um outro corintiano - um menor de idade (17 anos), à época identificado apenas como "H.A.M.". Por coincidência, colega de classe de um jogador do próprio Corinthians: Gustavo Tocantins, ex-promessa da base e atualmente no Macaé (RJ).

Tragédia em Oruro: a morte de Kevin, aos 14, e a noite mais escura da Fiel

H.A.M. é Helder Alves Martins, que estudou com Tocantins no Colégio João XXIII, no bairro da Penha, na zona leste de São Paulo, de 2011 a 2012. Por causa dos trabalhos escolares e do Corinthians, estreitaram a amizade. Inclusive, Helder cita Tocantins como um de seus melhores amigos. Apesar do laço, o ex-atacante do Timão, hoje no Macaé (RJ), garante que Helder nunca lhe contou que havia sido o autor do disparo na Bolívia e se surpreendeu quando foi informado pela reportagem.

– Eu não sabia disso (sobre a autoria da morte na Bolívia). Ele é gente boa demais. Estudei dois anos do ensino médio com ele. Nunca fui de ter muita amizade fora da escola, preferia ficar com a família e a namorada. Dentro da escola, só tinha amizade com ele, de um passar cola para o outro, mas os professores sempre falavam que o melhor aluno era eu (risos). Ainda conversamos mais ou menos – diz Gustavo Tocantins.

Não é por acaso que Tocantins não sabia da participação do amigo na tragédia de Oruro. A discrição sobre o ocorrido é controlada por Ricardo Cabral, advogado da Gaviões da Fiel, principal torcida organizada do time, da qual Helder é sócio (até o ano passado, ele era o coordenador do departamento de bandeiras da agremiação). A intenção é blindar o jovem. O GloboEsporte.com tentou entrevistar Helder, mas o advogado não permitiu o contato.

Após ter confessado a autoria do disparo à polícia brasileira, Helder, que tinha 17 anos na época, ganhou bolsa de estudos no Colégio Drummond, que tem parceria com a torcida organizada corintiana desde 2008, para terminar o último ano do ensino médio. Na instituição educacional, ninguém além do presidente Osmar Basílio sabia que Helder havia sido o protagonista de uma das maiores tragédias do futebol sul-americano.

– Foi uma fatalidade que a gente acabou acompanhando. Ele estava sofrendo ameaças na escola que estava antes. A mãe dele me procurou junto com o Denis (Nogueira), diretor social da Gaviões, por saber que a gente tinha um programa de bolsas de estudo. Analisei o assunto, achei que poderia ajudar, apesar do medo pelo preconceito que ele poderia sofrer. Para se ter ideia, nem os professores sabiam quem ele era. Foi uma responsabilidade que puxei para mim. Minha mulher foi saber que ele havia sido o autor do disparo só depois que ele havia se formado – afirma Osmar Basílio.

Helder Alves Martins, depois de completar o terceiro ano do ensino médio, continuou como bolsista no Drummond para tentar se formar tecnólogo de Automação Industrial, porém não conseguiu avançar do primeiro semestre e abandonou o ensino superior. A vontade do presidente da entidade é que ele dê continuidade aos estudos ainda neste ano, mas admite não ter certeza.

– Quando o Helder passou de ano e se formou, ficou todo feliz. Ele nunca nos deu problema, sempre foi um menino gente boa, tranquilo, simples. A mãe dele até me procurou nesses últimos dias. Não sei se o Helder voltará a estudar ou não. Hoje ele é um menino trabalhador, de família. Ele tem que esquecer esse negócio de torcida, esquecer mesmo – completa Osmar.


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