Tite diz que "remontar" Corinthians é desafio profissional (Foto: Carlos Augusto Ferrari)
A reconstrução do Corinthians após a perda de seis titulares campeões brasileiros é o que move Tite às vésperas da disputa da Taça Libertadores. Sem tempo para testes, ele tenta dar padrão de jogo o mais rapidamente possível à sua nova equipe, que ganhou dez reforços e ainda se ajusta no início da temporada.
Em entrevista ao Globo Esporte, da TV Globo, Tite contou o que espera deste Corinthians na competição internacional e em outras disputas da temporada. A postura é realista: sem promessas, ele diz que o primeiro semestre será um ponto de interrogação em relação ao crescimento que o time pode ter.
– É um desafio profissional meu, dos atletas de crescimento, da estrutura do Corinthians, dos seus dirigentes. Eu tenho de ser verdadeiro, autêntico, eu não consigo encarar a verdade, a minha realidade com otimismo. Vender uma ilusão. Vamos ser realistas com um enfoque otimista da coisa. Eu coloquei: "presidente, eu tenho no primeiro semestre um ponto de interrogação o quanto essa equipe pode crescer". O que a gente vai fazer é trabalhar muito pra que essas etapas aconteçam o mais rápido possível – afirmou o técnico corintiano.
Nós fomos campeões da Libertadores invictos sendo a equipe mais disciplinada. Não precisa ser malandro, não precisa dar cusparada
Tite, técnico do Corinthians
Mesmo ainda em processo de reformulação, o elenco começa a mostrar sua cara para a temporada. Antes da estreia na Libertadores, o Corinthians venceu o São Paulo por 2 a 0, na arena de Itaquera, pelo Campeonato Paulista, e deu uma dose a mais de confiança para os torcedores.
Na entrevista, o técnico dá detalhes do que pretende fazer para manter o nível do Corinthians em 2016, relembra a eliminação dolorida para o Guaraní, do Paraguai, na Libertadores de 2015 e revela aprendizados com as quedas recentes que deram força na busca pelo título brasileiro.
Confira abaixo os principais momentos da entrevista:
Time com cara de Libertadores
– Não. Não. Não, sinceramente não. Esse é um daqueles clichês que fazem parte do meio do futebol. Eu vejo grandes equipes. E que grandes equipes elas estão preparadas para Paulista, para Libertadores, para Brasileiro, qualquer que seja as características das competições.
Técnico do Corinthians fala sobre expectativa para estreia na Libertadores (Foto: Reprodução SporTV)
Particularidades da Libertadores
– Ela é no aspecto emocional. Ela é no aspecto concentração. Também porque há um mito em torno dela de que pra vencer, tu precisa ser mais malandro. Nós fomos campeões da Libertadores invictos sendo a equipe mais disciplinada. Não precisa ser malandro, não precisa dar cusparada, não precisa deixar a perna, não precisa jogar spray de pimenta, não precisa. Precisa jogar futebol, precisa ser melhor, precisa ter equilíbrio emocional. Precisa, se provocado, não revidar, mas isso também precisa no Brasileiro.
Nível técnico na América do Sul
– Você acha que o nível técnico de uma Libertadores vai ser melhor do que um campeonato que tem Flamengo, Grêmio, Inter, Atlético Mineiro, Cruzeiro? É um nível técnico muito parecido. Com alguns momentos com o sul-americano mais fortalecido, em alguns momentos equipes brasileiras estando mais fortalecidas, vai do momento, vai dos chineses roubarem o time inteiro (risos).
Por esse gesto, por esse simbolismo, é que foi campeão logo depois quebrando todas as marcas do Campeonato Brasileiro
Tite
Lembrança da eliminação para o Guaraní
– Sabe o que me chamou atenção? O abraço do Gil com o Renato Augusto. Isso aqui nos remeteu a ser campeão logo em seguida porque o time amadureceu, aprendeu que em alguns momentos você vai ter que aprender com a adversidade e com o time jogando melhor que o teu, mesmo tendo uma história menor do que a tua. Por esse gesto, por esse simbolismo, é que foi campeão logo depois quebrando todas as marcas do Brasileiro.
Chance de ir mais longe que 2015
– Ele foi eliminado pelo Guaraní. E foi um dos três times que apresentou o melhor futebol dentro da Libertadores da América. Corinthians, Atlético-MG, Boca foram os três melhores equipes ao longo do campeonato. Cresceu depois o River, e cresceu o time mexicano (Tigres), na sequência cresceram. É bem verdade, vamos ser justos. Aquela era uma equipe pronta, articulada, buscando algumas experiências pra tentar crescer. Esta é uma equipe em formação, que ela vai ter que apressar etapas, mas vem dando amostras de crescimento já neste início de formação.
Com reforços, Corinthians se prepara para a estreia na Libertadores durante o Paulistão (Foto: Marcos Ribolli)
Formação do time durante a Libertadores
– O que a gente vai fazer é trabalhar muito pra que essas etapas aconteçam o mais rápido possível. O que há de importante nas competições que permitem isso? Essa fase classificatória do Campeonato Paulista, e a fase classificatória da Libertadores. Que ainda há um tempo, apesar de a Libertadores ter uma fase classificatória também ser difícil, se pegar um jogo errado, tu consegue recuperar. Essa é a vantagem que tem no início do ano.
E aí com o nível de concentração alto, você consegue reproduzir mais facilmente a tua qualidade técnica
Tite
Momentos de 2016 que deixam Tite otimista (antes do clássico contra o São Paulo)
– O primeiro tempo com o Audax foi muito bom. É a equipe mantendo o DNA do ano passado e criando uma oportunidade de gol com o Lucca em que nós temos 40 toques na bola. Então, ela tem ainda uma mecânica, e a vinda desses reforços para que o time possa entrosar. Manter esse nível de desempenho, mentalmente ser muito forte. Nível de concentração alto. E aí com o nível de concentração alto, você consegue reproduzir mais facilmente a tua qualidade técnica, o aspecto físico que vai estar melhor, e o aspecto tático que ainda existe em função dos atletas que estavam no ano passado.
Qualidade do grupo
– O grupo está nos trazendo pra cima. Quando estamos chateados, o grupo vai lá, entra no campo e faz um jogo que nem fez contra o Shakhtar Donetsk (pelo Torneio da Flórida). Ao invés nós estarmos puxando eles para cima, eles estão nos puxando e dizendo assim: “vem com a gente, que a gente tem muito a dar também”.