Saja comemora um dos gols do Racing no empate de 2 a 2 com o Puebla pela Libertadores: jogo de volta será na quarta (Foto: AP)
Se olharmos o elenco do Racing, não há jogador mais experiente do que ele: Sebastián Saja. O goleiro de 36 anos, 18 deles dedicados ao futebol profissional, é um dos principais líderes do time de Avellaneda. Há cinco anos defendendo a meta da equipe albiceleste, o camisa 1 já passou pelo Grêmio e conhece bem os rivais brasileiros que poderão dar trabalho na Libertadores: além de apontar o Corinthians como um dos favoritos, Saja aposta no sucesso do ex-companheiro Centurión no São Paulo.
- Os rivais diretos para as equipes argentinas sempre são os times brasileiros. Tradicionalmente, as finais sempre têm um clube brasileiro ou argentino. É claro que há outros bons times, mas os brasileiros sempre são os times a serem batidos. Além disso, o Brasil conta com uma economia forte no nível sulamericano, o que torna as equipes de lá muito competitiva. Creio que por ser o último campeão (brasileiro), o Corinthians é uma equipe a ser batida. Apesar das muitas mudanças que os times sofrem, creio que o Corinthians venha forte. O São Paulo, obviamente, é um time que se reforçou bem e sempre é um grande - analisou.
O Racing só tem um título da Libertadores, conquistado há 49 anos. Nesta edição, o time de Saja empatou com o Puebla por 2 a 2 no jogo de ida da fase eliminatória e receberá os mexicanos na próxima quarta, no estádio Presidente Perón, em Avellaneda. Quem vencer o confronto entrará no Grupo 3, que já tem Boca Juniors, Bolívar e Deportivo Cali. Apontado como favorito por Saja, o Corinthians é do Grupo 8, ao lado de Cerro Porteño e Cobresal, à espera de quem sair do duelo entre Oriente Petrolero e Santa Fé. Já o São Paulo está disputando o mata-mata com o Universidad César Vallejo, do Peru: na ida, empate de 1 a 1 (a volta, no Morumbi, será na próxima quarta).
Falando no São Paulo, Saja tem um recado para o torcedor tricolor que anda meio desconfiado com o atacante Centurión. Depois de ser um dos destaques na conquista do campeonato argentino de 2014 pelo Racing, o camisa 20 foi contratado pelo clube paulista e chegou ao Morumbi cercado de expectativas. Só que no primeiro ano na equipe, o jogador não deslanchou. Em 2016, Centurión pinta como titular do time esboçado pelo compatriota Edgardo Bauza. E Sebastián Saja, ex-companheiro do jogador no time argentino, aposta que o atacante vai dar muitas alegrias aos são-paulinos.
- Para mim, o Centurión tem todas as condições para triunfar no futebol brasileiro. Tem um estilo de jogo que o torcedor brasileiro gosta. Vai muito bem no confronto um contra um, tem um bom drible e é muito espontâneo jogando. Nunca é fácil a adaptação a outro futebol, a outro país e a outro idioma. Não tenho dúvida que esse período serviu para se adaptar, mas que em breve vai triunfar como fez no Racing, sobretudo sabendo o estilo de jogo que os brasileiros gostam - analisou.
Sem título da Libertadores há 49 anos, Racing busca acabar com o jejum em 2016 (Foto: AP)
Saja fala à vontade e com conhecimento do futebol brasileiro. Admirador de goleiros como Júlio César, Dida e Cássio, o argentino teve uma passagem curta, porém marcante no futebol daqui. Em 2007 foi titular absoluto do Grêmio. Conquistou o Gauchão daquele ano em cima do Juventude, terminou na sexta posição do Brasileirão a apenas três pontos do G4 e ainda bateu na trave na Libertadores: foi vice-campeão diante do Boca Juniors de Riquelme. Um ano apenas jogando pelo Imortal, mas que deixou boas memórias para o goleiro:
- Para mim foi um ano maravilhoso na carreira. Lamentavelmente, uma lesão e um problema com o San Lorenzo, que era detentor do meu passe, impossibilitaram-me de continuar no clube. Mas me recordo com muita alegria dos bons momentos que passei, o bom ano que fizemos ganhando o estadual, fazendo um bom papel no Brasileirão e chegando à final da Libertadores. Tenho as melhores lembranças da minha passagem pelo Grêmio e tenho um carinho muito especial pela cidade e, obviamente, pela torcida do Grêmio, que é dentre as torcidas dos países nos quais eu já joguei, a que mais se parece com a argentina.
Se a torcida gremista deixou saudades no goleiro, é a hinchada do Racing que desperta o fascínio do Chino, apelido do camisa 1. Para ele, as arquibancadas lotadas e a atmosfera de "El Cilindro" são capazes de empurrar os jogadores para as vitórias. E tem mais: Saja garante que já viu o medo no olhar de alguns adversários quando pisaram no gramado do estádio Presidente Perón.
- Sim, já constatei isso (medo) nos adversários. Não tenha dúvida de que a torcida do Racing pressiona muito quando jogamos em casa. Para nós é um jogador a mais, uma ajuda a mais para ganharmos os jogos. Sem dúvida o que se vive no estádio é impressionante. É preciso estar ali para sentir.
Vivendo uma das últimas temporadas da carreira, Saja tem consciência de que a Libertadores pode ser a chance derradeira de conquistar a competição. Campeão argentino pelo San Lorenzo (2001) e Racing (2014), Gaúcho pelo Grêmio (2007), Copa da Grécia pelo AEK (2011) e Copa Mercosul (2001) e Sulamericana (2002), ambas pelo time em que iniciou a carreira, o San Lorenzo, Sebastián Saja sabe que o torneio mais cobiçado da América seria a “cereja no bolo” da carreira.
- É o principal torneio da América do Sul. É um sonho, é claro, mas não é algo fácil de se conseguir na carreira. Olhando para trás na minha carreira seria o título mais importante que eu poderia conquistar. Não é fácil, mas também não sei se é a minha última chance, isso nunca se sabe. Nós, o Racing, vamos tentar conquistar a Libertadores. Caso não aconteça, não me castigaria por não ter conseguido, mas seria um prêmio e um sonho para mim.
Após defender o Grêmio em 2007, Saja passou pelo AEK na Grécia (Foto: Getty Images)