AGÊNCIA CORINTHIANS
O Chelsea fechou há uma semana com o staff de Alexandre Pato um acordo verbal. Faltava a assinatura do contrato e a definição de quanto pagaria ao Corinthians, algo que giraria em torno de £ 8 milhões (R$ 46,8 milhões). Mas em meio às negociações e ao noticiário, o time inglês descobriu que a situação do clube brasileiro era de desespero para vender o atacante. Então recuou, propondo apenas empréstimo. O blog revelou a negociação há 12 dias - clique
aquir para ler.
Nada surpreendente ante a presença de Marina Granovskaia nas negociações. Ela é pessoa da confiança de Roman Abramovich e dura negociadora, como o blog destacou em 20 de janeiro - clique
aqui e leia. Ganhou o rótulo de "mulher mais poderosa do futebol inglês". Tendo a russa à frente das conversas, o clube londrino notou ser possível conseguir o jogador em condições mais vantajosas. E seguras.
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Marina Granovskaia, poderosa no futebol inglês
Estava prestes a investir milhões num atleta fora da Europa há três anos, quando em pouco mais de cinco meses poderá firmar pré-contrato sem pagamento de multa rescisória. Não seria caro em relação a outras contratações dos Blues, mas com ela no comando a filosofia é não desperdiçar um pound sequer.
Então a direção do time londrino fincou pé propondo o empréstimo até o final da temporada, com preço estipulado para a eventual aquisição definitiva. No entanto essa possibilidade não era razoável para o clube paulista, que se via com apenas alguns dias para reduzir o prejuízo causado pela tresloucada e cara contratação (€ 15 milhões) feita no início de 2013.
Como ele não joga há quase dois meses e necessitava do visto para trabalhar na Inglaterra, em tese levaria algumas semanas para entrar em campo - atuando entre final de janeiro/fevereiro e maio, quando acaba a temporada europeia. Não muito mais que três meses para mostrar serviço.
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A russa com Drogba, Abramovich e Hazard
Diante do "choro", da pechinchada inglesa, o que fazer? Para o Corinthians não havia opção além de aceitar qualquer proposta pela quitação da multa, mesmo que abaixo das cifras anteriormente sonhadas. Mas ela já não existia, apesar das versões sobre clubes disputando o jogador, mera tentativa de valorizar o atleta por meio da mídia. O Chelsea não caiu nessa. Quem acreditou?
Pato, por sua vez, poderia esperar menos de meio ano para definir seu futuro em 2017 sem qualquer compensação financeira ao campeão brasileiro. Para os agentes a situação também não ficou das melhores. O mercado pratica comissão em torno de 7% nesses casos, ou seja, com a venda poderiam contabilizar pelo menos cerca de R$ 2 milhões. O percentual pode ser maior, dependendo do acerto com o clube que tenta vender o atleta.
Restou uma situação extrema para o Corinthians: emprestar Pato, se livrar do pagamento de salários e torcer para que brilhe no Chelsea entre fevereiro e maio. Assim, se quiser ficar com o artilheiro ao final da atual temporada europeia, contando com ele no início da próxima (2016/2017), em agosto, o Chelsea precisará pagar. E a essa altura, qualquer cifra seria interessantísima.
Caso contrário, o jogador volta no começo do segundo semestre para o Brasil, podendo se transferir imediatamente a algum outro clube que por ele se interessasse, desde que quitando a multa. Ou fechar pré-contrato para janeiro e esperar um semestre, ignorando os alvinegros, que ficariam a ver navios, exceto se prorrogarem o compromisso pelo período de empréstimo aos de Stamford Bridge.
Uma queda de braço tendo no Corinthians o lado mais fragilizado. O Chelsea precisa de um atacante. Está por se livrar de Loic Remy. Ao mesmo tempo enfrenta dificuldades para devolver o lesionado Falcao Garcia ao Mônaco, o que aliviaria a folha de pagamento tornando a chegada de um novo centroavante algo que não interferiria em qualquer balanço. E ciente do cenário angustiante do outro lado da mesa, passou a jogar com o desespero corintiano.
Se aparecesse outro clube pensando em pagar algo como multa rescisória, estabelecendo uma disputa por Pato, o cenário seria ideal para agentes do atacante e diretoria do Corinthians. A corrida era contra o calendário. A russa do Chelsea tentou levar a melhor asfixiando o outro lado da negociação. Funcionou!
GAZETA PRESS
Alexandre Pato em sua apresentação no Corinthians, em janeiro de 2013
Poucas vezes na história do futebol cartolas se arrependeram tanto de uma contratação. Tudo movido por um devaneio megalômano pós-mundial da Fifa. E o clube sofre com isso. Os defensores de dirigentes falam que o Corinthians economizará aproximadamente R$ 4,5 milhões não pagando salários de Pato durante o empréstimo ao Chelsea. Mas a conta real é outra.
Foram gastos perto da R$ 33 milhões com o jogador, fora os € 15 milhões pagos ao Milan para tirá-lo da Itália. Isso para jogar mais tempo pelo São Paulo do que com o fardamento alvinegro. Foram 98 partidas como tricolor (38 gols) contra 68 pelo Corinthians (17 tentos). O Chelsea pagar alguns meses de salário com a libra perto de R$ 6 é mixaria para os ingleses. E funciona como um Band-Aid para conter a fratura financeira gerada pela cartolagem e seus negócios mirabolantes.