Apesar da derrota por 1 a 0 para o Atlético-MG, a primeira partida do Corinthians na temporada serviu para diminuir o pessimismo alvinegro após a debandada de quatro dos titulares que levaram a equipe ao título do Brasileiro de 2015 com uma campanha histórica.
Enquanto teve em campo aquela que começa o ano como sua equipe principal, Tite viu um time competitivo, que ameaçou o rival quando foi ao ataque e manteve a defesa segura quando o Atlético-MG foi à frente.
A estratégia do treinador parece clara: dar continuidade ao esquema e padrão implantados com sucesso na temporada passada, ainda que não tenha mais o meio de campo que era apontado como a principal razão para que aquela engrenagem funcionasse tão bem.
Ralf, Renato Augusto e Jadson partiram para a China e abriram espaço para Bruno Henrique, Rodriguinho e Romero. Na frente, sem Vagner Love, que foi para o Monaco, da França, Tite escolheu o veterano Danilo, 36, meia de origem, mas sem a mesma velocidade para atuar no setor de criação. Ele não foi um centroavante, mas sim o famoso "falso 9" - aquele que sai da área, abrindo espaço para quem vem de trás.
O desenho da equipe é exatamente igual ao do ano passado: quatro defensores na retaguarda protegidos por um volante, e mais quatro meias com a responsabilidade de municiar o atacante.
Funcionou no primeiro tempo em Boca Raton, na estreia do Corinthians no Torneio da Flórida. Ainda que não tenha feito gols, os alvinegros criaram algumas oportunidades, acertaram a trave de Victor e tiveram um gol anulado por impedimento após boa troca de passes.
Com novas peças, Corinthians de 2016 mantém mesmo esquema do time que foi campeão brasileiro em 2015
Tite começou a fazer experiências apenas no segundo tempo, quando só não tirou o zagueiro Felipe e o goleiro Walter – Cássio, que tinha proposta do Besiktas e só definiu sua permanência na véspera da viagem aos EUA, ficou no banco, mas deve retomar a posição ainda durante a excursão pela Flórida, onde o Corinthians enfrentará o Shakhtar Donetsk, na quarta-feira, e o Fort Laudardale Strikers, no sábado.
Marlone, recém-contratado, entrou no lugar de Malcom, mas foi discreto. Os outros suplentes, velhos conhecidos da torcida, também pouco fizeram e não conseguiram empatar.
Com a defesa protegida do assédio de outros clubes – Cássio ficou e Gil, ao menos por enquanto, também –, a missão de Tite de reconstruir o Corinthians parece menos difícil após a estreia da equipe.
A diretoria promete mais reforços para o meio de campo e ataque – Guilherme, ex-Galo, deve assinar nos próximos dias –, mas o técnico corre contra o tempo: a estreia na Libertadores é em menos de um mês, no dia 17 de fevereiro, contra o Cobresal, no Chile.
PADRÃO MANTIDO
Tite mantém esquema 4-1-4-1 no Corinthians, dificultando a infiltração dos jogadores do Atlético-MG
Para começar a temporada de 2016, Tite utilizou o mesmo molde do ano passado: o 4-1-4-1, com dois atacantes bem abertos pelas laterais e um centralizado. As peças mudaram, mas a organização foi mantida.
Lá atrás, a aplicação dos 10 atletas de linha também foi ensaiada com música idêntica à de 2015. As linhas compactas à frente da área corintiana criaram dificuldades para a infiltração dos rivais – na imagem acima, é possível ver como a equipe incorporou a ideia em dois jogos contra o Galo: o primeiro, em novembro de 2015, no Independência; o segundo, no último domingo.
MUDANÇAS
Tite fez as primeiras mudanças no time no intervalo. Foram duas trocas: Lucca, que entrou no lugar de Romero, mas atuou pela esquerda do ataque, e Guilherme Arana, que substituiu Uendel. Apenas Walter e Felipe jogaram os 90 minutos.
Marlone estreou aos 21 minutos do segundo tempo, quando o time já perdia. Pela direita, tentou algumas jogadas individuais, mas sem causar muitos problemas ao Atlético-MG.
GOL DO ATLÉTICO-MG
O Atlético-MG anotou o gol da vitória em um contra-ataque. Cazares, que tinha acabado de entrar, partiu em velocidade e acertou ótimo passe para Pratto. O argentino rolou para Hyuri, que só precisou empurrar a bola para dentro do gol de Walter.
GIL AINDA PODE SAIR
A defesa do Corinthians, a melhor do Brasileiro de 2015, passou ilesa pelo desmanche sofrido pela equipe, por enquanto. Cássio deve retomar a posição já nas próximas partidas após sua transferência para o Besiktas não ter se concretizado.
Felipe, que era o mais cotado para sair, não recebeu propostas. Nas
laterais, Fagner e Uendel iniciaram o ano como titulares, depois de perderem boa parte da reta final da temporada passada por causa de lesões. Mas Gil, considerado o principal jogador do setor, preocupa.
O zagueiro negocia com o Shandong Luneng, equipe chinesa treinada por Mano Menezes. Após a partida contra o Atlético, o camisa 3 disse que ainda pode deixar o Corinthians.