Após tirar Jadson do Corinthians por valores considerados "absursdos" pelo clube paulista, o futebol chinês também pode levar outro meia da equipe alvinegra em breve: Renato Augusto, que tem proposta milionária do Beijing Guoan.
Quantidades absurdas de dinheiro, aliás, são fato comum nesta equipe, fundada em 1951 e dona de seis títulos do Campeonato Chinês e quatro da Copa da China, já que o time é 100% controlado por um dos maiores bancos da nação asiática.
Trata-se do CITIC Group, fundado em 1979 pelo líder Deng Xiaoping, que comandou a China entre 1978 e 1992 e implantou o chamado socialismo de mercado no país. Em seu último ano fiscal, o banco apresentou receita líquida de US$ 55,33 bilhões (R$ 223,3 bilhões) e um lucro de US$ 4,72 bilhões (R$ 19 bilhões), segundo dados da Fortune.
O Beijing Guoan foi campeão pela última vez em 2009, e quer de toda forma recuperar o posto de força dominante do país, que atualmente pertence ao Guangzhou Evergrande, comandado por Luiz Felipe Scolari.
Para isso, paga salários absurdos a atletas como o atacante Kléber Pinheiro, ex-Atlético-MG, Palmeiras e Porto, e o argentino Pablo Batalla, ex-Vélez Sarsfield, além do treinador espanhol Gregorio Manzano, demitido em novembro do ano passado.
Contratar Renato Augusto é parte do plano ambicioso de fazer o troféu da liga chinesa retornar ao Estádio dos Trabalhadores, arena para 66 mil torcedores que foi reformada para os Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, e que é casa do time alviverde.
Antes, porém, o CITIC Group precisa resolver uma situação complicada envolvendo alguns de seus principais diretores. No final do ano passado, o estouro de um escândalo levou vários executivos importantes do banco, como o diretor-geral Cheng Boming, para a cadeira, e fez com que o presidente do conglomerado, Wang Dongming, fosse afastado pelo CEO Chang Zhenming.
De acordo com o Financial Times, os executivos estão sendo investigados pela polícia por enriquecimento ilícito e outros crimes contra o sistema financeiro.
A situação é a seguinte: com a queda das bolsas chinesas no ano passado, o Governo elegeu alguns bancos para tentar salvar o mercado de ações, entre eles o CITIC Group. Os bancos compravam ações para tentar inflar o preço e impedir mais quedas, mas alguns executivos do CITIC souberam que ações seriam essas e as compraram antes, para enriquecer com essa alta "artificial" - o que é ilegal e vem sendo combatido pelos programas anti-corrupção de Xi Jinping, atual líder da nação.
A fanática torcida do Beijing Guoan
Segundo disse uma fonte ao jornal, essa é apenas a ponta do iceberg, e outros crimes praticados por "figurões" do banco de investimentos devem ser revelados em breve: "O terremoto apenas começou", disse um diretor, que não quis se identificar.
Um verdeiro escândalo "à brasileira", nas palavras do Financial Times, já que o CITIC Group já negociou com o BTG Pactual, cujo dono, André Esteves, foi preso pela Polícia Federal em novembro por ser suspeito de planejar obstruir as investigações da "Operação Lava Jato", de acordo com a Procuradoria-Geral da República.
O banqueiro já foi o 13º homem mais rico do país.
Em 2012, inclusive, o banco chinês estudou investir US$ 10 bilhões em projetos no Brasil, nos setores de mineração, petróleo, construção, energia elétrica, cana de açúcar e ferrovias, em parceria com o BTG Pactual.