Renato Augusto (Foto: Reprodução TV Globo)
Craque e campeão do Brasileirão e titular da seleção brasileira, Renato Augusto hoje colhe os louros de uma inesquecível temporada, mas até pouco tempo atrás o meio-campo corintiano convivia com dores e lesões incessantes. O Esporte Espetacular conversou com o jogador e também com o fisioterapeuta Bruno Mazziotti, que o ajudou na recuperação.
- Eu cheguei a imaginar que eu jamais voltaria a jogar da mesma forma que joguei nessa temporada. Então acho que eu já estava pensando de outra forma, já estava vendo o futebol de outra forma, pensando em tirar o pé, levar até onde o corpo aguentasse.
Foi na pré-temporada de 2014 que tudo começou a mudar. No laboratório, a equipe multidisciplinar do Corinthians decidiu averiguar em detalhes o corpo de Renato Augusto e descobriu que havia uma discrepância de força entre os lados direito e esquerdo do corpo e a estrutura muscular do jogador não suportava a carga de trabalho que recebia. Quem explica como isso aconteceu é o fisioterapeuta Bruno Mazziotti, que se transferiu recentemente para o futebol chinês para tristeza de Renato.
- Me chamava atenção a qualidade do movimento do Renato. Ele economizava nos movimentos, as acelerações eram pequenas, as desacelerações não eram rápidas e bruscas, e isso é um sinal de que o atleta tem medo de executar um movimento. Aí comentei com ele: “Não vejo você chutar de esquerda?” Ele respondeu que há muito tempo não chutava de esquerda por medo de romper o músculo que já havia rompido várias vezes, e por essa lembrança ele “economizava”. O Renato era um carro de fórmula 1 totalmente desbalanceado e fora de esquadro. Então a gente precisava reorganizar todo o seu alicerce – explica o fisioterapeuta.
Brumo Mazziotti, fisioterapeuta (Foto: Reprodução TV Globo)
A utilização de palmilhas que dificultavam o movimento foi o que fez Renato reaprender ações básicas. Depois, a equipe trabalhou para reforçar a musculatura dos quadris, garantindo mais estabilidade e equilíbrio. No final, treinou os músculos, para que respondessem mais rápido aos estímulos, diminuindo a chance de lesões nos movimentos de alta velocidade no campo. Na teoria, o trabalho deu certo, o problema era convencer a mente de Renato de que os traumas poderiam mesmo ser superados.
- Foi um trabalho primeiro do corpo, depois da mente. Porque eu comecei a ficar com medo. Eu falava: “Bruno, tô com dor aqui, vai abrir”. Ele dizia: “Pode ir, não vai abrir! Não vai!” Aí na primeira bola você fica com medo. Na segunda você tenta e vê que opa, não doeu. Daqui a pouco quando você vê você está fazendo o movimento involuntário. Então foi um trabalho psicológico bem grande. Hoje posso me entregar mais, e isso me ajudou bastante na parte defensiva. Porque eu pude me entregar mais, lutar mais pela bola, que é o estilo de jogo que gosto de jogar. Então esse ano foi muito especial – relembra Renato.
Deu certo. Renato fez 44 jogos em 2014, recorde na carreira e chegou em 2015 com a confiança lá em cima, sem medos, o futebol reapareceu. O melhor futebol da vida dele.
Renato Augusto (Foto: Reprodução TV Globo)
Renato no Brasileiro-2015:
30 jogos, 5 gols marcados
6 assistências
2,2 finalizações por partida
25 faltas cometidas
39 faltas recebidas
4,4 passes errados por jogo
2 cartões amarelos
Renato Augusto (Foto: Reprodução TV Globo)