8/12/2015 08:08

Renato Augusto quase aposentou depois de fraturar rosto', revela amigo do 'Bola de Ouro'

Renato Augusto com proteção no rosto, em 2013: lesão quase o fez encerrar a carreira

Renato Augusto quase aposentou depois de fraturar rosto', revela amigo do 'Bola de Ouro'
7 de julho de 2013. O Corinthians enfrenta o Bahia, na Arena Fonte Nova. No início do segundo tempo, Renato Augusto se choca com o atacante Souza e sofre um afundamento no rosto. Substituído na hora pelo técnico Tite, deixa o gramado chorando. Era mais uma lesão grave em sua carreira, marcada até então por contusões desde os tempos em que atuava por Flamengo e Bayer Leverkusen, da Alemanha. Naquele dia, ainda com a cabeça atordoada, latejando de dor, um pensamento cruzou sua mente: 'Não aguento mais... Não consigo mais... Quero parar de jogar'.


É isso que conta Fábio Gonçalves, amigo de infância de Renato, ao ESPN.com.br. De acordo com o velho parceiro, Augusto reuniu seus amigos inseparáveis e confessou que iria pedir para deixar o "Timão", indo para um lugar onde pudesse fazer o "pé-de-meia" antes de se aposentar precocemente. No entanto, graças à força dos "parças", o meia deu a volta por cima e, na última segunda-feira, foi condecorado com a "Bola de Ouro", prêmio dado pela revista PLACAR e pela ESPN Brasil ao melhor jogador do Campeonato Brasileiro.

"(Quando aconteceu a lesão no rosto) Foi a vez que eu o vi mais triste nesse tempo todo que nos conhecemos. Ele falou abertamente para gente que não tinha mais condições de jogar, que sentia muitas dores no joelho e achava que não ia mais jogar em alto nível. Disse que ia falar com o Carlos Leite [empresário] para arrumar um clube na Arábia ou Ucrânia para ganhar um dinheiro e poder fazer uma reserva, investir depois em outros projetos. Mas a gente conversou com ele e falamos para esperar mais, que as coisas poderiam se resolver, porque o Corinthians tinha uma ótima estrutura", revela Fábio.

De acordo com o amigo, Renato Augusto já estava com os planos traçados. Primeiro, encher os bolsos no exterior. Depois, retornar ao Brasil para fazer faculdade de administração. O desejo era trabalhar como empresário de jogadores ou comentarista de futebol na televisão.


Renato faz cara de dor após sofrer afundamento na face

Aconselhado pelos "parças", contudo, o meio-campista resolveu tentar mais uma vez. O trabalho do departamento médico do Corinthians, que o recuperou de vez, aliado ao do técnico Tite, que retornou ao clube alvinegro em 2015 e ajudou a reencontrar seu melhor futebol, fez com que o camisa 8 virasse um dos grandes destaques do futebol nacional, chegando à seleção brasileira e enfileirando prêmios em sua estante.

"Depois do episódio do rosto, as coisas melhoraram muito. Primeiro, ele parou de se lesionar, e isso fez com que readquirisse a confiança. Aí o Tite voltou e agradou muito ao Renato, pois ele deu um gás muito grande. Existe uma confiança enorme entre os dois. E, além de tudo, ele ainda conheceu a Fernanda", conta Gonçalves, se referindo à noiva do amigo. O casamento está marcado para esta sexta-feira, fechando o ano de ouro de Renato.

Os laços do "Bola de Ouro" com os amigos de infância, aliás, são tão fortes que foi com eles que Augusto comemorou o título do Brasileiro antes de todo mundo.

"Depois de ser campeão, ele saiu do vestiário, todo suado, ainda de meião e foi dar um abraço na gente (risos). Fomos comemorar na casa dele antes mesmo da festa do Corinthians. Saímos com o carro cheio de um amigo nosso e fomos gritando e comemorando até chegar lá", lembra Fábio. A cena foi registrada pelo próprio jogador em seu Instagram.

"Depois disso, o Renato nos levou para a casa do Vagner Love, onde foi a comemoração do Corinthians. Ele é chorão, chorou a noite toda depois do título. Ele adora cantar, não tem uma festa dele que não canta, adora um pagode. No casamento dele é uma banda de pagode, vários convidados músicos e vai subir no palco para cantar, pode apostar (risos)", sorri.

Vício em bolacha Trakinas na infância feliz

Fábio Gonçalves e Renato Augusto se conhecem desde criancinhas. Moraram no mesmo prédio, na Barra da Tijuca, por quase 20 anos. Eram companheiros de brincadeiras, apesar do hoje jogador do Corinthians ter uma rotina sempre ocupada.

"O Renato sempre foi muito querido por todos, mas ele tinha um pouco de dificuldade para brincar com a gente, porque tinha os compromissos dele no futebol e sempre tinha jogo de final de semana. Ele não podia ficar até tarde brincando na sexta, e ficava chateado com isso, porque queria ficar com a gente, mas tinha que viajar ou acordar cedo", recorda Fábio.

Por ser magrelo e um dos mais jovens da turma, o craque de bola era chamado de Renatinho pela turma. Franzino, sempre apanhava nas quadras e campinhos, e era "marrento" desde cedo, como confessa o amigo, aos risos. O parceiro se lembra até hoje do vício de Augusto na bolacha Trakinas.

"A nossa turma tomava conta da quadra. O Renato mandava sempre muito bem e jogava com todas as idades, batia bola o dia inteiro. Ele sempre descia pra quadra com um pacote de Trakinas na mão, lembro disso até hoje. A família dele também era muito legal, sempre dormia uma galera na casa dele e ficávamos até de madrugada conversando", conta Fábio, saudoso.


Renato também aprontava algumas travessuras, como na vez em que bateu direto em uma porta de vidro enquanto andava de bicicleta e ficou cheio de cortes. Ao lado dos colegas, também participava de traquinagens como jogar papel molhado e ovos nos vizinhos, se escondendo depois para evitar o flagra.



Além disso, o meia era famoso por ser um grande "bicão", dando sempre um jeito de filar salgadinhos e de entrar nas festinhas às quais não era convidado.

"Quando a gente não era convidado para alguma festa do prédio, tinha um esquema para comer e beber de graça como penetra (risos). A gente ia para o fundo, aonde entraram os funcionários, e ficávamos conversando com eles. Aí também pegávamos uns salgadinhos, um refri (risos)", gargalha Gonçalves.

Já na adolescência, Renato Augusto balanceava a cansativa rotina de treinos com as saídas com os amigos. Fábio diz que a turma gostava de ir a shows nas praias cariocas, e depois, já sem dinheiro, abusava da lábia para pegar o ônibus de graça e voltar para a Barra da Tijuca.

O camisa 8 do Corinthians, era mais sossegado no quesito "pegação", mas também tinha suas estratégias para "driblar" a marcação cerrada da "patroa", assim como faz com os zagueiros em campo.

"Renatinho sempre foi mais quieto, sempre namorou, tinha uma namorada lá no prédio. Mas quando a gente queria fazer um programa só com a molecada, ele falava pra ela que ia jogar bola no Aterro do Flamengo (risos). Saía com roupa de futebol, chuteira e tudo mais, ia para minha casa e deixava tudo lá e se trocava e saíamos (risos)", revela.

Renato é um bom companheiro

Fábio se emociona ao falar do amigo de infância. Hoje, não conseguem se ver com tanta frequência, já que o "Timão" toma boa parte do tempo de Renato Augusto. No entanto, Gonçalves diz que o meio-campista faz de tudo, tudo mesmo, para manter os "parças" sempre por perto.

"O Renato é um cara de galera, nunca gostou de ficar sozinho. Até na Alemanha uma vez ia ter uma festa do Bayer Leverkusen e ele disse q só iria se pudesse levar os amigos: levou 10 (risos)", sorri.


Renato se emociona e chora ao marcar pela seleção
Nos tempos em que morava na Europa, aliás, o meio-campista fazia de tudo para manter os "parças" por perto.

"Ele sempre ajudou demais os amigos, é um cara com coração enorme. Sempre chamava os amigos para irem ficar um tempo com ele na Alemanha, mas não deixava ninguém ficar de bobeira, precisava trabalhar ou estudar", brinca Fábio.

"Ele vai ter uns 14 padrinhos no casamento, porque somos muitos amigos de infância (risos). Eu, aliás, sou botafoguense, mas torço pelo Renato sempre que ele está em campo", acrescenta o companheiro, que era quem ajudava o boleiro a se focar nos estudos.

"Ele é um cara muito inteligente, mas era complicado para estudar. Como eu era um ano mais velho, acabava ajudando, mas ele não gostava. Eram 10 minutos estudando e o resto do tempo querendo jogar bola, aprontar alguma coisa (risos)", diverte-se.

Gonçalves, aliás, é eternamente grato a Renato Augusto por lhe dar apoio em um dos períodos mais difíceis de sua vida. Foi quando Fábio vivia momento turbulento na vida pessoal, e ainda tinha que lidar com um término de namoro.


O amigo sabia que o meia tinha jogo importante com o Bayer Leverkusen pela Uefa Champions League no dia seguinte, mas mesmo assim resolveu ligar para tentar conversar. Renato atendeu na hora.

"Ele parou tudo o que estava fazendo e falou pra mim: 'Fica tranquilo, tudo vai melhorar'", conta.

Duas horas depois da ligação para Augusto, bateram à porta de Fábio. Era um representante de Carlos Leite, empresário do hoje corintiano.



"Ele perguntou se eu tinha passaporte, eu disse que sim. Aí ele falou: 'Está aqui uma passagem para a Alemanha, o embarque é amanhã cedo. Eu nem acreditei!", recorda.

Chegando a Leverkusen, a surpresa não poderia ter sido melhor.

"Estava uma galera, que armou uma festa para me animar na Alemanha! Você acredita nisso? Foi uma prova de sensacional de amizade e companheirismo. Ele parou tudo o que estava fazendo, tinha jogo de Liga dos Campeões, e se preocupou comigo! Passei uma semana maravilhosa e voltei bem mais feliz", afirma.


Xodó da mamãe

Não são só os amigos que enchem a boca para falar maravilhas de Renato Augusto. Sua mãe, Salete, também morre de orgulho de seu xodó, a quem sempre foi muito ligada, principalmente depois que se divorciou de seu marido, quando o filho tinha nove anos.

Em conversa com o ESPN.com.br, dona Salete contou tudo e mais um pouco sobre o rebento. Confira seu depoimento sobre o "Bola de Ouro" do Campeonato Brasileiro:

A gravidez dele foi planejada e muito tranquila. O Renato não dava muito trabalho, quase não ficava doente quando era bebê. Ele sempre foi muito levado, mas sempre muito tranquilo.

Com apenas quatro meses, depois da minha licença maternidade, eu o coloquei na creche da empresa que eu trabalhava. Lá ele aprendeu a se socializar, virou um garoto de turma e tem muitos amigos até hoje.

O Renato chorava quando alguma coisa chateava ele, brigava por causa de futebol, quando a coisas não davam certo ele reclamava, mas sempre estava com a bola debaixo do braço.

O pai dele sempre falava que ele era habilidoso, e encontramos um dia na praia o Ricardo Lucena, grande nome da época do salão no Rio de Janeiro. Ele viu o Renato na areia e achou muito habilidoso, e ele trabalhava na escolinha do futsal do Grajaú Country. Ele estava com seis anos e já foi federado pelo time, mas era o reserva do reserva (risos).

A determinação dele era tão impressionante que nunca me dizia que queria ser jogador de futebol, ele falava: "eu sou jogador de futebol" Ele já se considerava um, isso com seis anos (risos).

Aí foi entrando no time e foi para a seleção carioca, depois para um time de Niterói, Grajaú Tênis, Fluminense e depois para o Flamengo, mas no campo. O Renato na verdade queria continuar no salão, porque era muito bom mesmo e adorava, ele sempre gostou de competir e disse que só iria no campo quando as competições fossem oficiais. Mas todos os meninos da idade dele estavam indo para o campo e ele foi também. Começou a gostar e se dar bem no futebol de campo.

Ele sempre se destacou, mas não sabia quando ele iria se profissionalizar. Foi tudo bem rápido. Ele estava nos juniores e foi bicampeão estadual de 2006. Então o Kleber Leite [vice-presidente do Flamengo] foi ver um jogo , gostou e subiu o Renato para o profissional.

Então teve a Copa do Mundo e o Flamengo foi fazer uma inter-temporada no Nordeste. O Renato foi como reserva do reserva, mas voltou titular! Então ele foi camisa 10 e titular nas finais da Copa do Brasil de 2006 e do Carioca de 2007, jogou muito bem. O curioso que ele não esperava tudo isso, porque já tinha até comprado os ingressos para ver a final na arquibancada do Maracanã!

Quando meu filho foi pra Alemanha, eu fui no começo ajudar a montar o apartamento. Os amigos dele foram para morar junto e ajudá-lo também. Até o preparador físico que ele levou daqui acabou ficando no Bayer. Eu ia duas vezes por ano pra Leverkusen, uma no verão e outra em fevereiro, porque é o aniversário dele. A saudade apertava muito.

Uma grande prova de amor que ele me deu foi ter aprendido tudo o que ensinei para ele (risos). Uma história que eu não esqueço foi quando ele estava na Alemanha e mandou entregar flores para mim no meu aniversário com um texto maravilhoso. Ele sempre faz isso. Quando vai num programa de TV e fala de mim, fico muito emocionada, mas não gosto de aparecer, tenho vergonha (risos).

Temos uma relação muito forte, desde garoto conversamos sobre qualquer assunto. Lógico que ele não me contava tudo, às vezes aprontava alguma que eu não ficava sabendo (risos). Mas ele é um menino muito fácil de conviver, porque é gente boa e bem-humorado. O programa que a gente mais gosta de fazer é ir no samba juntos.

Nunca precisou dessa expectativa que precisaria ser jogador, como eu via com vários meninos que a família esperava isso. A minha grande pressão era pra que ele estudasse, porque ele poderia não fazer sucesso como jogador. O problema é que o Renato não consegue se concentrar nos estudos (risos). Ele sempre foi muito elétrico, brincava muito, era taco, vôlei, futebol, tudo o que você pode imaginar.

Eu sempre gostei de receber os meninos em casa, eles sempre ficavam para dormir lá, era uma delícia. Sempre o ensinei a dividir as coisas com todos, e ele sempre fez isso, desde a infância. Tenho muito orgulho de tudo o que ele conquistou no futebol, mas tenho mais ainda pela pessoa que ele é.

Sou muito atenciosa, mas sou durona também, sou a chata da história (risos). Quando ele e o Arthur, meu sobrinho, eram menores, sempre mandava eles falarem quatro palavras mágicas para se seguir como lema de vida: atividade [estar atento], educação, respeito e humildade. Para sair de casa tinha que repetir sempre, desde garoto. Se você falar com ele, veja se ele lembra da ordem. Se não lembrar, está frito comigo (risos)!

Às vezes eles ficavam debochando, fingindo que não lembravam, mas não deixava eles nem entrarem no elevador se não falassem as palavras de ordem. Sou muito orgulhosa dele e sempre mandei falar "obrigado", "bom dia", abrir a porta, ceder o lugar aos mais velhos. Educação é repetição.

Ele sempre debochou de mim porque choro à toa, mas ele ficou igualzinho (risos). Sempre tive como filosofia e passei isso para ele. Não adianta fingir que não está sofrendo, perdemos dois anos atrás minha irmã, que é madrinha dele. Tem que chorar, sofrer e sentir saudade, não adianta fingir que não acontece. Só tem uma saída, passar por cima e melhorar.

O Renato tem muita facilidade para guardar letra de música, eu também, quando ele era pequeno nós levávamos ele na porta do samba ver o movimento, ele desfila na Mangueira desde criança. Somos todos mangueirenses.

Sempre escutamos música aqui em casa, é o grande hobby dele. O Renato canta tudo, mas não sabe tocar nenhum instrumento (risos). Agora ele está com essa mania louca de cantar, capaz dele cantar mesmo no casamento dele!

A música que mais liga a gente mim é um samba que eu gosto muito... [suspira, emocionada] A música se chama "Inigualável paixão". Ela começa assim:

"És inigualável
Na arte de amar
Sou tão feliz
Que até posso afirmar
Jamais vivi um amor assim
Fez renascer de dentro de mim
Um sentimento que eu sepultei
Por desamor sofri
Confesso que chorei..."

Já teve vez de ele estar ele um samba, tocar essa música e ele ligar dizendo que pensou em mim. Gostamos de muitas músicas, mas essa é especial e sempre lembra de mim.

Agora ele e a Fernanda vão se casar, e estou muito feliz, porque já moram juntos, e isso só vai confirmar a felicidade deles. Gosto demais da Fernanda, nos damos muito bem.

O que eu mais espero são os netinhos, quero ganhar ainda. Cada vez que eu peço um, ele pega um cachorro. Ele já pegou um casal que eu chamo de meus netinhos (risos). Falam para eu pedir mais, porque uma hora eles me dão um neto (risos).


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