4/12/2015 07:55

Um gesto emocionou mais Cássio do que ganhar o título brasileiro em 2015

Um gesto emocionou mais Cássio do que ganhar o título brasileiro em 2015
Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians

Cássio cresceu sem conhecer o pai, mas não admite que Felipe sinta falta da figura paterna. A rotina do futebol o afasta de Veranópolis, onde vive o filho e a mãe Carolina. Entre uma vitória e outra pelo Corinthians no Campeonato Brasileiro, o goleiro encontrou nas viagens ao Rio Grande do Sul a inspiração para ir atrás de mais um título.

A cada visita, uma nova surpresa com Felipe. Ouvir papai pela primeira vez, por exemplo. Descobrir que o menino com pouco mais de 1 ano agora corre pela casa, na semana seguinte à conquista do Brasileirão, foi como um segundo título. Cássio tem dois sonhos para o herdeiro: que a família de Felipe seja unida como a sua, mas que não passe as mesmas dificuldades. Quando resolveu tentar a sorte no futebol, o melhor goleiro da Série A não tinha dinheiro para comprar luvas e chuteiras.

Depois de ganhar o Campeonato Brasileiro pela primeira vez, o corintiano que já tem Libertadores e Mundial de Clubes recebeu o UOL Esporte com o coração aberto. Cássio contou os melhores momentos da campanha histórica, fez uma autocrítica sincera, disse que sua versão 2016 será melhor e, acima de tudo, mostrou seu maior desafio: ser presente na vida do filho. A seguir, confira o que ele disse de melhor:

QUAL A MAIOR EMOÇÃO: SER PAI OU CAMPEÃO BRASILEIRO?

Acho que pai, né? Sempre foi um sonho. Foi emocionante quando vi ele caminhar também. Mas você começa a olhar lá para trás...mesmo ganhando títulos, de repente saí um pouquinho de mim, lembrar, olhar para trás e ver o que passei para chegar aqui, as dificuldades de ser um jovem. Sair de casa com 13 anos, passar dificuldades, e agora é fichinha com o que teve lá atrás. É bom me lembrar de onde vim, de onde comecei, ter os pés no chão e saber aonde cheguei. Ser campeão brasileiro, ter sido da Libertadores, Mundial...nos meus melhores sonhos não imaginaria o que está acontecendo comigo. Trabalhei muito e conheci pessoas que agregaram muito na minha vida.

SER PAI À DISTÂNCIA

Eu e a mãe dele, a Carolina, conversamos muito. Estou sempre no Facetime vendo ele, ela mandando fotos e vídeos dele. Ele está aprendendo coisas novas. Já fui para o Sul e ele está falando 'papai', que eu não tinha visto ainda, está andando, tenho que correr atrás dele, porque antes só engatinhava. É ruim ficar longe dele, mas tento estar próximo. A mãe dele é uma pessoa muito legal, sempre me deixa a par de tudo que está acontecendo com ele. Quando tem alguma coisa de futuro, escola, essas coisas, sentamos e conversamos. Mesmo estando longe, ele não me deixa fora disso, estamos sempre conversando para dar boa educação ao Felipe.

MUDANÇA DE ESTILO EM 2015

Acho que mudou, sim. O Tite aproveitou o tempo parado trabalhando mais, trazendo treinamentos novos. Ele conversou bastante com os goleiros e quer trabalhar mais com o pé. Nós fizemos gols saindo trabalhando a bola, nos passou confiança e isso leva um tempo. Ano que vem vamos trabalhar muito mais com o pé e dar menos 'chutão'. No Paulista, de repente, nem tanto, porque você pega estádios sem condições de trabalhar (a bola). Há muitos treinadores que ficam parados um tempo e não evoluem nada. O Tite cresceu e isso nos ajuda bastante.

NOVA FORMA DE COBRANÇA COM TITE

Agora os mais velhos eram Fábio Santos, Danilo, Ralf e eu. Tem muitos jogadores novos, automaticamente a abordagem é de mais tranquilidade. Não que não vão ser cobrados igualmente, mas é diferente dos mais experientes. Os mais jovens erram mais do que os outros caras.

JADSON OU RENATO AUGUSTO?

Difícil a pergunta (risos). Foram muito regulares. Como outros...Felipe fez campeonato muito bom. Vou ficar com essa dúvida, mas vou ficar feliz com quem ganhar.

PROVOCAÇÕES POR ARBITRAGEM

O time sempre manteve uma regularidade depois que assumimos a liderança. Os outros times viram que não tinha nada de diferente. Ganhamos por merecimento. Tantas pessoas falaram sobre arbitragem, que nosso time havia sido beneficiado, E agora falam que fomos campeões com total justiça. Era chato escutar coisas que não eram verdade, mas nós fomos campeões por merecimento.

AMADURECIMENTO APÓS DESABAFO

Acho que sim (amadurecimento). Foi uma coisa, na minha opinião, minha pior derrota no Corinthians. Uma das que mais doeram. No outro dia, acordei e (você pensa) 'não foi isso que aconteceu'. Fica muito chateado mesmo. Sei que errei. Eu, como líder, não poderia fazer aquilo. Tiro muita lição, hoje em dia penso muito para falar, para ter tranquilidade. Às vezes você está irritado, mas tem que falar com calma. Tenho que falar aqui dentro, na frente dos caras, e não para expor. Fui mal naquela declaração e dificilmente vai voltar a acontecer.

NR.: Cássio após eliminação da Copa do Brasil 2014: "tem gente que não está preparada para jogar aqui"

HORAS APÓS 'FRANGO' DIANTE DO GUARANÍ

Fiquei chateado, falhei. Na hora fiquei chateado, frustrado depois do jogo. Consegui absorver bem, queria que a estreia pelo Brasileirão fosse no outro dia para estar logo bem. É aprendizado. Eu acerto, erro, tento admitir meus erros...tento ser humilde e admitir. Isso melhora o crescimento, me ajuda, e depois do gol fiquei chateado, mas já passei coisas mais difíceis na minha vida que aquele momento. É ter maturidade e seguir o jogo. Lógico que fui cobrado, criticado para estar bem concentrado.

QUAIS MOMENTOS DIFÍCEIS?

No começo, acho. Quando a gente não tinha muita coisa. Nunca passei fome, mas sempre tive o básico do básico. É difícil assim. Sempre tive o sonho de dar vida melhor para minha família, para minha mãe, dar uma casa para ela, uma vida mais estável, e graças a Deus consegui isso hoje. Trabalhei bastante para isso. Queria algumas coisas mas naquele momento era impossível. Nasceu meu filho agora, quero tentar dar uma vida confortável, para ele, que eu não tive. Uma coisa que eu tinha e quero passar para ele é amor de família. A união da minha família. Quero passar isso de geração em geração. Sempre teve isso e quero passar para ele.


Reprodução
Cássio posa com o filho Felipe: pai à distância


DEFESA DE PÊNALTI NOS 6 A 1 CONTRA O SÃO PAULO

Muita gente falou que foi quase um 7 a 1. Fiquei feliz, porque pênalti é difícil de pegar. Consegui pegar e ajudar. Teve pênalti a nosso favor e o pessoal gritou meu nome (para cobrar), mas não é minha área. Fico feliz por ter ajudado e por ter conseguido ganhar a partida como a gente ganhou.

FUTURO É NO CORINTHIANS?

As escolhas são minhas, mas no futebol nunca se sabe o que pode acontecer, o que pode chegar, o que pode acontecer no clube. Hoje tenho uma grande história, tenho identificação com o Corinthians, gosto de estar aqui. O ambiente de trabalho é muito bom. O ar que se respira é excelente, então é difícil tu querer mudar quando está bem em um lugar. Não posso falar para ti que jamais sairia e daqui a pouco chega algo que seja legal, que eu acho, que para o clube seja legal. Quero viver o momento, tenho mais três anos de contrato, é comemorar o Brasileiro, entrar em espera, descansar, ano que vem voltar bem a princípio e fazer pré-temporada. É minha meta por enquanto.


Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians

MARGEM DE EVOLUÇÃO

Em todos os quesitos tem que melhorar. Com o pé você pode agregar coisas novas, uma evolução almejando ano que vem. Se quer ser goleiro de alto nível, não pode achar que está bem em fundamentos, tem que trabalhar e melhorar todos. Temos um preparador (Mauri Lima) que faz isso, nos cobra, vem cobrando para melhorar e nos deixar bem. No momento que se acomoda, acaba se enganando e as coisas saem errado.

WALTER SAI?

O Walter pegou muitos times (difíceis na carreira)...tenho um respeito muito grande, baita goleiro, pessoa, uma coisa mais pessoal dele. Ele pegou muitos times com dificuldades, de repente salários atrasados, recebeu pouco e chegou a um time grande onde todos sonham chegar. É opinião própria dele (sair ou ficar).

PLANOS PARA AS FÉRIAS

Vou sair de navio, vou fazer um cruzeiro que nunca fiz. Vamos ver se vai ser legal. É pelo litoral, passa por Búzios e, são cinco dias. Fazemos todo ano um jogo beneficente em prol da APAE, mais algumas entidades, um lar de idosos, um canil de Nova Prata, que é uma cidade vizinha da minha. Tem um comprometimento disso, o Walter vai, o Ralf vai todos os anos, obrigatoriamente faço isso todo ano. Quero curtir, ficar perto do meu filho. Não vou aos casamentos do Renato (Augusto) e do Edilson, mas vou conseguir ir no do Uendel porque é perto da minha cidade (Veranópolis). O que menos quero é pensar em futebol. Quero estar perto do meu filho, brincar com ele, ir ao parquinho sem pensar que vou treinar amanhã. Quero ficar bem relaxado.


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