22/11/2015 10:04

'Me chamaram de maluco quando troquei o Santos pelo Corinthians', diz Alessandro

'Me chamaram de maluco quando troquei o Santos pelo Corinthians', diz Alessandro
Alessandro levantou o troféu da Copa Libertadores da América de 2012

Disputar uma edição da Copa Libertadores da América por uma grande equipe é o sonho da maioria dos jogadores no Brasil. Como seria chamado alguém que abriria mão de tudo isso para atuar pelo rival, que acabou de ser rebaixado para a Série B do Campeonato Brasileiro pela primeira vez?

"Os meus colegas de time me chamavam de maluco: ‘O que você tem, está louco? Fica aqui para a Libertadores'". Nada mais apropriado que esse ex-lateral direito tenha ido para o time em que a torcida é conhecida como 'bando de loucos'.

"Eu tenho uma imagem na minha cabeça da última rodada do Brasileiro de 2007, quando o Corinthians caiu. A torcida do Santos comemorava mais isso do que o gols que fizemos no Fluminense naquele dia. Troquei um ano de contrato na elite futebol brasileiro e sul-americano pela segunda divisão", disse Alessandro, ao ESPN.com.br.

"Um mês depois estava no Parque São Jorge e não conhecia ainda a rivalidade toda dos clubes. Fiz essa escolha porque tinha trabalhado com o Mano Menezes no Grêmio e era uma instituição muito grande", relembrou.

Com mais de 29 anos e um currículo com passagens por Flamengo, Cruzeiro e Palmeiras, ele chegou em um período de reconstrução do 'Timão'. O começo não foi nada fácil, com a eliminação na primeira fase do Paulista e a perda da final da Copa do Brasil para o Sport. Na Série B, porém, a equipe deslanchou e conquistou com sobras a competição.

A chegada de Ronaldo e as conquistas do Estadual e da Copa do Brasil no ano seguinte mostraram que os tempos eram outros. Faltava apenas o maior sonho corintiano, que parou no Flamengo e no desconhecido Tolima. "Tivemos o 'Fenômeno' com esse objetivo e não conseguimos ser campeões da Libertadores e do mundo", lamentou.

O caminho que Alessandro viveu até a consagração foi comprido, repleto de decepções, alegrias e sustos. Ele foi de mero coadjuvante a capitão do título Brasileiro de 2011 e quase se tornou vilão contra o Vasco antes da consagração.

"Jamais imaginei na minha carreira que um dia ergueria as taças da Libertadores e do mundial pelo Corinthians. São decisões que você toma na sua vida, mas que nunca vai imaginar aonde vai chegar tão alto", analisou.

Troca de papéis

Alessandro fez mais de 258 jogos e conquistou oito títulos com a camisa do Corinthians antes de se aposentar em 2013. Logo em seguida virou coordenador-técnico das categorias de base do clube e hoje tem um papel importante na integração dos jovens com o futebol profissional.

Jogadores como Malcom, Guilherme Arana e Marciel trabalharam com o ex-lateral e hoje ajudam Tite na campanha do Campeonato Brasileiro. Inclusive, os dois primeiros são titulares da equipe alvinegra. "Você como diretor precisa ter uma disponibilidade gigantesca, mas estou adorando", disse.

Confira a entrevista com Alessandro

É muito grande a diferença da vida de jogador para gestor?

A diferença é gigantesca (risos). Eu tenho viajado muito revezando com o Edu, mas a rotina é completamente diferente. O jogo acaba meia noite, vou dormir às 3 da manha e tenho reunião às 9h (risos). Você como diretor precisa ter uma disponibilidade gigantesca. Sinto muito diferença porque o treinador ou alguém quer falar com você de manhã, agora como atleta você só chega no dia seguinte à tarde. Quando acabou o treino vai embora e acabou. Se você não gosta, vai tomar um susto.

Imaginava que a mudança seria tão grande?
Não, e muito menos que o Edu fosse me chamar tão rápido (risos). Achei que teria uns dois meses de férias, mas o Edu me chamou assim: ‘Corre para cá que os caras já estão se apresentando, vambora'''. Final do ano você espera que vai ter férias, mas tínhamos que começar todo o planejamento do ano seguinte. Eu não tinha conhecimento dessa minha função e tomei um pouquinho de susto, mas estou gostando pra caramba.

Pretende estudar no futuro para se aprimorar?
Eu penso em fazer cursos na área de gestão. O Edu tem me indicado muitas coisas nessa área de gestor. O tempo do futebol é um pouco cruel e termos que viajar, é complicado fazer um curso presencial, mas vou fazer porque acho muito importante. Estou muito animado com esse lado de integração e com os profissionais que temos aqui. Quero me aperfeiçoar com o tempo. Estou mais animado que no ano passado porque estou mais confortável e estou pegando o jeito da coisa, fiquei muito feliz com esse convite.

A troca de diretoria mudou algo no seu trabalho?
Não mudou nada em relação a minha liberdade com a mudança de diretoria, sempre me deram muita liberdade. Sou muito grato a todos eles e a atual diretoria.

Foi difícil esse momento de decidir se aposentar ?
Quando eu defini que meu contrato com o Corinthians iria até dezembro eu decidi encerrar minha carreira. Tive tantos anos complicados e nesses anos aqui no Corinthians foram tão maravilhosos de tantas conquistas. Estou com 34 anos e fui me convencendo a parar de jogar. Não queria me aventurar em clubes fora nem aqui no Brasil, até pela história que construí aqui. Depois que vencemos o Paulista e a Recopa pensei muito nisso. Daí vieram as lesões, fui para o banco e comecei a pensar mais forte nisso. Só que ainda não sabia o que iria fazer depois de encerrar a carreira. Estava pensando em morar no Rio de Janeiro perto da minha filha, porque sou separado, e ver o que iria fazer depois. Até que teve um primeiro contato do Edu nesse sentido e a ficha caiu para mim. Então me despertou uma vontade imensa de seguir fazendo alguma coisa , fiquei muito feliz que eles queriam que eu permanecesse aqui, então tudo foi facilitado para terminar a carreira e tudo mais.

Você chegou a pensar em continuar como jogador?
Eu tive um momento para seguir como atleta profissional que foi a final da Recopa. A gente sabe que em cima das conquistas você renova contratos e amplia sua história. Em momento nenhum eu procurei o clube para discutir isso, porque já tinha muito claro que minha idade tinha chegado. Minha função como lateral exigia coisas que eu não conseguiria mais fazer, não queria mais ser cobrado por aquilo que eu não posso fazer. Cheguei a conversar com meu pai e depois com Tite. Escutei coisas que me fizera ver que estava no caminho certo. Você vai elaborando, mas o processo é lento e complicado.

Como foi essa conversa com o Tite?
Cheguei no Tite e fui bem sincero: ‘Professor, não sei qual a sua intenção em cima do profissional Alessandro, mas eu estou bem indeciso e tenho muitas dúvidas sobre isso. Tenho uma vida inteira como atleta, mas tenho a oportunidade de seguir no clube. Não quero uma carreira como jogador fora daqui'. Fui deixando bem claro ele nunca me direcionou para tomar uma decisão. Ele foi bem claro e pediu para que eu estivesse convicto e não tomasse uma decisão sem refletir. Eu tinha uma liberdade muito grande com ele para perguntar, porque às vezes ele poderia pensar que eu estivesse forçando a barra para renovar o contrato. Sempre fomos muito limpos um com o outro, por isso que deu certo.

Como ficou sua relação com o Tite hoje?
Muito boa, mas trocamos outros tipos de informações porque não sou mais atleta dele. Discutimos outra coisas, análises de jogadores, contratações, assuntos interessantes para caramba. A experiência como atleta ajuda a pontuar as coisas, você precisa ter um feeling para saber a hora certa de fazer as coisas. Ele te dá uma liberdade absurda para trocar ideias, é um cara muito interessado em saber as questões técnicas e te ouve muito. É um cara espetacular.

E como foi a relação com jogadores logo que você aposentou?
Ano passado foi bem engraçado os ex-colegas de time ficavam brincando porque um dia eu estava de meião e short ao lado deles e no dia seguinte estava vestido de executivo. No começo foi bem engraçado, eles ficavam me sacaneando, a gente brincava na concentração e eu botava pilha depois das 22h: ‘Vocês precisam dormir porque no dia seguinte irão correr, vão embora'. Eles ficavam putos, era bem engraçado (risos). Neste ano está diferente porque o elenco mudou muito , então tem um distanciamento um pouco maior em relação a isso.


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18174 visitas - Fonte: ESPN

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