15/11/2015 11:50
Livre dos atentados de Paris, Marquinhos revela paixão pelo Corinthians, mas não garante volta ao clube no futuro
Marquinhos foi o quarto zagueiro mais caro do mundo em 2013 (Divulgação)
Em meio a tantos acertos da atual diretoria do Corinthians e de Tite, há um erro que rende críticas até hoje: a venda de Marquinhos à Roma, da Itália, por R$ 13,1 milhões, em 2013. Meses mais tarde, o zagueiro foi adquirido pelo PSG, da França, por R$ 101,5 milhões, no quarto maior negócio de um defensor na história do futebol mundial.
Da Europa, onde vive com a noiva, Carol Cabrino, Marquinhos revelou ao Blog que segue corintiano. “Tenho um amor muito grande pelo clube que me deu toda a base, o apoio e o suporte. Continuo acompanhando os jogos, mesmo de longe, e as notícias”, explicou o zagueiro, de 21 anos, presença frequente nas convocações da seleção brasileira.
Ainda assim, apesar da rápida passagem pelo time profissional — foram apenas 14 jogos —, Marquinhos não é capaz de cravar o retorno ao Parque São Jorge um dia. “Tenho mais três anos de contrato com o PSG e hoje é difícil saber se voltarei ou não”, reconheceu.
Nesta entrevista exclusiva, o beque relembrou os tempos de base no Timão, falou sobre o peso de um Brasil x Argentina, clássico do qual foi cortado, por causa de uma lesão, festejou o assédio de Barcelona e Chelsea, comparou-se a David Luiz, Thiago Silva e Miranda e lamentou os atentados de sexta-feira à noite em Paris…
BLOG_ Onde você estava durante os atentados terroristas em Paris na noite de sexta?
MARQUINHOS_ Felizmente, eu não estava na cidade na hora. Acabei indo para Roma. Mas fiquei muito triste com tudo o que eu vi pela televisão.
Foram mais de 127 mortos. Imaginava que Paris poderia ser alvo de ataques?
Não. E fico com o coração apertado demais. Queria mandar energia positiva para confortar o coração de todas as famílias que tiveram perdas na sexta-feira. E juntos devemos lutar e orar por um futuro melhor para nossos filhos e para a humanidade em geral.
Você já está há dois anos e meio em Paris. Quais os lugares de que mais gosta?
A Torre Eiffel é um lugar maravilhoso, incrível, mágico. Também adoro passear pela Champs-Élysées, que é uma avenida com muitas lojas, vários brasileiros e gente de todo o mundo. Para completar, vale a visita à igreja Sacré Couer, no ponto mais alto de Paris. Dá para ver a cidade inteira, tem uma vista privilegiada. Trata-se de um lugar abençoado.
Apesar de ter apenas 21 anos, você já morou no alojamento do Corinthians, em Roma e em Paris. Onde foi mais difícil se adaptar?
Minha mãe sempre fala que eu fui criado para o mundo. Desde pequeno, me acostumei a dormir na casa dos amigos. Logo cedo, fui morar no CT do Corinthians. E eu tenho facilidade na questão da adaptação, me viro bem, não tenho vergonha de cometer certos erros de costume de língua, por exemplo.
Qual o atacante mais difícil de marcar no mundo?
Para mim, são três: Messi, Cristiano Ronaldo e Neymar. Basta um milésimo de segundo de descuido e os caras fazem o gol. Mesmo quando estou com a bola no pé, tento ficar esperto quando enfrento esses caras. Eles têm uma capacidade imensa de improvisar, além da técnica fora de série.
E como é jogar no PSG, um dos times mais ricos do mundo, ao lado de Ibrahimovic, Di Maria, Cavani?
A gente é comparado dia a dia com os melhores, então, é obrigado a evoluir sempre. Isso foi crucial para minha progressão. E a vida no PSG é ótima, pois estamos sempre vencendo grandes campeonatos, disputando partidas contra os melhores do mundo…
Já passaram mais de três anos desde que você saiu do Corinthians. Ainda existe algum sentimento?
Eu vivi dez anos da minha vida no Corinthians. Peguei todas as fases do clube, passando pelo título do Brasileirão de 2005, pelo rebaixamento à Segunda Divisão em 2007, pelo nosso reerguimento…
Quando você fala em “nosso reerguimento”, imagino que ainda tem carinho?
Claro. O Corinthians é o clube que me deu toda base, apoio e suporte para ser a pessoa e o jogador que sou hoje. Sei toda a importância que o clube teve, mas hoje não sei se voltarei um dia para o Corinthians.
Por quê?
Como falei, tenho um carinho grande, tenho amor e posso
dizer que sou corintiano. A ponto de acompanhar todos os jogos, mesmo de longe, as notícias… Também tenho amigos lá, mas tenho mais três anos de contrato com o PSG. E vou pensando na minha carreira ano após ano.
Quando fala em Corinthians, qual a primeira imagem que lhe vem à cabeça?
Lembro até hoje do dia em que cheguei ao Corinthians, a convite do treinador do meu irmão, que jogava futebol de campo. Era 2002 e eu fui aprovado em um teste no futsal. Depois, acabei indo para o campo, passei pelo Terrão, joguei em Itaquera, no Flamenguinho de Guarulhos…
Você foi vendido à Roma com apenas 14 jogos como profissional pelo Corinthians. Ficou alguma frustração por ter sido usado tão pouco?
Tudo o que vivi com a camisa do Corinthians foi muito bom, porque ganhei bastante experiência. E acho que o Corinthians teve papel fundamental no meu sucesso na Itália e agora na França.
O Corinthians merece o título do Brasileirão deste ano?
Hoje, o Corinthians não deixa a desejar para nenhum clube de ponta no mundo. Está muito bem estruturado e tem ambições realmente grandes, exatamente como os principais times da Europa agem. Sei porque estou vivendo isso aqui fora. Graças a Deus, o Corinthians está indo muito bem. Mas nada cai do céu e é graças a um trabalho bom de todos.
É verdade que o Tite não quis utilizá-lo e, por isso, você aceitou a proposta para jogar na Roma em 2013?
Foi uma escolha em conjunto: do Corinthians, minha, da minha família e dos meus empresários. E, para mim, a oportunidade foi maravilhosa e fiquei bastante feliz. Fui para uma Roma extremamente respeitada dentro da Itália e no mundo do futebol, me adaptei bem e tenho certeza de que fiz a escolha certa.
A posição de zagueiros hoje é a mais concorrida do Brasil?
Ah, realmente é uma concorrência muito grande e o Brasil tem excelentes zagueiros. Temos Miranda, David Luiz, Thiago Silva, Gil… Até por isso, meu primeiro objetivo sempre foi chegar à seleção brasileira. Agora, brigo para conquistar mais espaço como titular.
De quem você gosta mais entre seus concorrentes: David Luiz, Miranda ou Thiago Silva?
Gosto mais do Marquinhos (risos). Tento ter um pouco de cada um deles, mas, como sou mais jovem, fico comigo mesmo (Marquinhos tem 21 anos, contra 28 de David Luiz e Gil, e 31 do Thiago Silva).
Você havia sido convocado para o jogo entre Brasil e Argentina, mas acabou cortado. Acabou assistindo ao jogo?
Vi com a minha noiva, de Roma. Achei que foi uma partida difícil, como sempre se espera de um jogo contra a Argentina em Buenos Aires, mas conseguimos trazer um pontinho para casa e é isso que importa.
Qual o tamanho da frustração de ficar fora de um Brasil x Argentina?
Eu estava muito contente com a convocação, mas as lesões são coisas do futebol. Acontece. Então, primeiro, estou pensando na minha recuperação. Apesar de não ter ajudado dentro de campo, mandei pensamentos positivos. E Brasil x Argentina é um jogo com sabor diferente, por todo o histórico que tem, pelas partidas que construíram essa história. Sem contar que é o clássico que todo brasileiro espera ver e ganhar. Os argentinos que jogam com a gente aqui no PSG também pensam da mesma maneira.
Rolou rivalidade entre vocês, brasileiros do PSG, e Di Maria, Pastore e Lavezzi?
O ambiente é muito sadio, tranquilo. São pessoas do bem, mas tem sempre uma brincadeira e uma provocação entre os brasileiros, os argentinos e os uruguaios.
Como você vê as críticas ao Dunga como técnico da seleção brasileira?
Ele sabe da dificuldade de ser treinador da seleção e da sua responsabilidade. Mas tem uma mentalidade muito boa, de guerreiro, vencedor e passa isso para a gente. Estamos apenas no começo da trajetória importante até a Copa, é um caminho de obstáculos, mas, juntos, vamos chegar. O Dunga foi muito importante para mim, porque me deu oportunidades e me enxergou como um jogador pronto para a seleção.
Como reage aos questionamentos de que o Brasil pode, pela primeira vez, ficar fora de uma Copa do Mundo?
Jogador de futebol é acostumado a viver com isso desde cedo. Saí de casa sabendo que teria de vencer sempre. Mas vamos nos fechar para superar as
adversidades.
Você já foi especulado por Barcelona e Chelsea. Já esteve perto de sair do PSG?
Eu encaro com muito orgulho esses interesses. É bom saber que outros clubes estão te observando, mas estou bem feliz no PSG, vivendo um momento especial na carreira.
Você criou recentemente a marca M5. Qual é o objetivo?
A ideia é conseguir uma aproximação maior com as pessoas que seguem a gente, torcem e são fãs. Outros jogadores também têm marcas e essa identificação é bacana. Em um segundo momento, queremos estreitar a relação com ONGs e projetos sociais.
Já ajuda alguém?
Aprendi com a minha mãe, que é professora e grande incentivadora de projetos sociais, que a vida não é feita apenas para ganhar dinheiro, mas para compartilhar com aqueles que necessitam mais. E essa energia faz bem e volta toda para você. Minha mãe me ajuda em várias ações.
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