Antes de terminar com a vitória por 3 a 0 que deixou o título do Campeonato Brasileiro muito próximo de Itaquera, o duelo contra o vice-líder Atlético-MG, no dia 1º de novembro, foi marcante pela hostilidade com que o Corinthians foi tratado por parte da torcida adversária no Independência, em Belo Horizonte. Para o jovem lateral Guilherme Arana, que aos 18 anos dá seus primeiros passos como profissional do Timão em ano muito provavelmente vitorioso, foi uma lição.

“Aquele momento foi muito tenso. Eu nunca tinha passado por isso. Quando a gente estava chegando lá no Horto, dentro do ônibus, jogaram até cerveja na gente. Comentei com o Edílson, que estava do meu lado, e ele me disse para ir me acostumando, porque, infelizmente, aqui no Brasil você precisa se acostumar com esse tipo de coisa”, revelou, em entrevista à Fox Sports.

O episódio, que ainda foi agravado por cusparadas de alguns torcedores na direção de Tite durante a partida, foi registrado em nota oficial pelo Corinthians, falando em “fatos lamentáveis”. Na ocasião, Renato Augusto não se mostrou surpreso, e se disse acostumado a ocorrências semelhantes no futebol brasileiro, com discurso parecido com a orientação de Edílson ao jovem lateral esquerdo.

Além do traumático ocorrido fora do campo, Arana também precisou reagir a dificuldades dentro das quatro linhas. Formado nas categorias de base do Alvinegro, o lateral chegou a ser emprestado para o Atlético-PR no meio do ano, mas foi convocado a voltar após um mês para suprir a ausência de Fábio Santos, que foi para o Cruz Azul, do México, e ser reserva de Uendel, que se contundiu e abriu espaço para o jovem.

Em sua estreia como profissional corintiano, o atleta de 18 anos revelou que ganhou confiança e apoio do técnico Tite, o que o ajudou a superar falha que deu origem ao segundo gol do Sport, pela 18ª rodada do Brasileirão, e depois sofrer o pênalti que, convertido por Jadson, deu a vitória ao Timão por 4 a 3.

“Foram muitas conversas. O Tite falou para eu ficar tranquilo. Quando errei, se você reparar, todos os jogadores vieram me dar apoio. Eu não deixei o erro me atrapalhar. Continuei trabalhando forte, consegui tirar vantagem do lance um contra um e ajudar a equipe”, relembrou o lateral, que também se vê pronto para encarar a pressão tanto da torcida corintiana quanto em ocasiões como o próximo jogo contra o Vasco, no dia 19, em São Januário, para o qual há preocupação com questões de segurança no estádio cruz-maltino, já enfrentadas por Arana no Horto.

“Estou acostumado com essa pressão da torcida. Quando entrei em campo já estava mais tranquilo, sabia que todo o trabalho que fiz antes seria mostrado dentro de campo. Graças a Deus estou conseguindo fazer isso e agora os frutos estão vindo”, concluiu.