É inevitável. Ao ouvir alguém dizer "7 a 1", a primeira lembrança que se tem é a inesquecível goleada da Alemanha sobre o Brasil na semifinal da Copa do Mundo de 2014. Porém, no caso do goleiro Saulo, o elástico placar que eternizou a maior derrota da história da Seleção Brasileira remete a outra partida, realizada há exatos 10 anos e que permanece em sua memória: Corinthians 7 x 1 Santos. Afinal, ele defendia o gol do Peixe naquele clássico, válido pelo Campeonato Brasileiro de 2005.

Uma década se passou. Saulo já não é mais o jovem de 20 anos que no dia 6 de novembro de 2005 estava na meta santista. Em 2015, ele defendeu o São Caetano na Série A2 do Campeonato Paulista e na Série D do Brasileirão.

E enquanto dá sequência à carreira, que incluiu uma passagem pelo futebol europeu pouco depois de ter saído do Santos, o camisa 1 também não vê problema em relembrar o episódio de 10 anos atrás. Saulo também admite: ficou mais tranquilo ao ver a Seleção viver situação semelhante à sua na Copa de 2014.

- Óbvio que não torci para que aquilo acontecesse com a Seleção Brasileira, mas me deu um certo alívio porque as pessoas sentiram o que minha família sentiu naquele dia. Os únicos que sentiram aquilo em 2005 foram os meus familiares, até porque eu era o goleiro e quem mais aparecia. Também pensei: "É a Seleção perdendo de 7 a 1, na Copa do Mundo, jogando em casa. Se eles passaram por isso, por que eu, com 20 anos, não poderia passar?".
Saulo lembra que, meses antes do 7 a 1 sofrido pelo Santos (relembre como foi a partida no vídeo acima), o time havia vencido o Corinthians. Em julho de 2005, o Peixe derrotou o rival na Vila Belmiro por 4 a 2, com boa atuação do goleiro. O duelo, no entanto, foi anulado devido ao escândalo de manipulação de resultados envolvendo o árbitro Edílson Pereira de Carvalho (a partida anulada foi realizada novamente em outubro, e o Timão levou a melhor por 3 a 2).
- Perdemos os pontos de uma grande partida. Aquele 4 a 2 na Vila foi um jogo memorável. Depois, tudo acabou mudando. O Santos se perdeu, e o Corinthians era uma equipe que estava em ascensão. O nosso objetivo era entrar em campo e fazer o melhor. Infelizmente perdemos um jogador logo no começo do segundo tempo (Rogério Conceição foi expulso na etapa complementar), e jogar contra um time como aquele do Corinthians, no Pacaembu e com um a menos, era muito complicado.

Depois de deixar o Santos, equipe pela qual confessa ainda ter grande carinho, Saulo seguiu sua carreira. Ele teve passagens por Udinese e AlbinoLeffe, da Itália, até voltar ao Brasil em 2010. De lá até aqui, defendeu Ituano, Guaratinguetá, Bonsucesso e, em 2015, viveu um ano de grandes emoções com o São Caetano.

Titular, capitão e um dos destaques do time neste ano, Saulo ficou muito perto do acesso à Série C do Brasileiro com o Azulão. O time fez a melhor campanha da primeira fase, mas, no jogo da volta das quartas de final, não conseguiu marcar o único gol de que necessitava e acabou eliminado pelo Botafogo-SP (os quatro semifinalistas subiram de divisão). Antes disso, na Série A2 do Paulista, o São Caetano já havia batido na trave e também não conquistou o acesso à primeira divisão.

Com contrato até o fim de novembro e analisando propostas, Saulo ainda não definiu o seu futuro. Certo é que, sobre o passado, mais precisamente sobre 6 de novembro de 2005, as recordações já não doem tanto, apesar de permanecerem vivas na lembrança do atleta.
- Com o passar do tempo, as coisas vão esfriando. Na época foi difícil. O que mais apareceu foi o Saulo, porque eu era o goleiro na ocasião. Tive de saber lidar muito bem com isso. Mas em momento algum me senti constrangido por esse episódio. Ficou para a história, infelizmente aconteceu. Mas hoje dou sequência na minha carreira. Jogo futebol, que é o que eu amo fazer, e dessa forma que eu consegui administrar.