O Corinthians afirmou a liderança absoluta e o quase título com um inapelável 3x0 no Galo, no Horto, onde o time de Levir Culpi é mais forte. Jogo de manual, passando a primeira parte sem a bola e explorando o jogo aéreo e os lindos passes de Jadson no segundo.

Mas ainda se acredita que o campeonato está manchado.

O Brasil é o “país do futebol” justamente por ter 12 times gigantes, alguns outros enormes e ver uma Chapecoense se abrilhantar contra o River. A grandeza tem seu preço - aqui nunca se perde para um adversário melhor. É sempre para o juiz, para a sorte, para um “dia ruim” ou para algum jogador perseguido pela torcida (às vezes ele nem é tão ruim, apenas falhou no clássico).

Por isso não causa espanto que, em pleno 2015, ainda se fale tanto em arbitragem. Veja bem, ninguém discute que ela foi discutível naquela virada de turno, quando o Timão ganhou a liderança e nunca mais largou. Será que essa vai ser a marca do campeonato, e não uma equipe taticamente excelente, ofensiva e que superou suas próprias dificuldades (leia Ralf e o tão cornetado recuo após o gol) para se reafirmar na liderança?

O clubismo vive disso, de acusar e desmerecer o rival. E isso é divertido. Mas não faz mal a ninguém reconhecer o mérito do adversário, até aplaudir a qualidade do trabalho feito do outro lado da rivalidade.

Veja o funcionamento do meio-campo do Corinthians em vídeo exclusivo



Isso tornaria o jogo de futebol em terra brasilis mais divertido, mais saudável…ir a um estádio não para gritar a vitória feito um brutamontes misógino e homofóbico, mas sim para admirar um futebol bem jogado, disposto, bonito. A ânsia de vencer faz os times, técnicos e jogadores brasileiros esquecerem de fazer o bem feito para encontrar um atalho que leva aos 3 pontos.

É uma cultura, um modo de ver o esporte muito peculiar: o brasileiro tem dificuldade de acreditar naquilo que não entende, e como não entende o jogo, busca as respostas do campo fora dele. As mesas redondas, diversão do almoço, alimentam e cegam para o que poderia ser mais saudável. De novo, a ânsia pelo reconhecimento impede o bem-feito.

Não dá mais para ficar apontando a arbitragem e não reconhecer o fantástico trabalho de Tite e as atuações de Jadson, Renato Augusto e até Love, ele que superou a infalível corneta. Sim, o campeonato está manchado. Pela eficiência, organização e inteligência de jogo e de nervos do Corinthians.