O próximo campeão brasileiro, Tite, deu entrevista à imprensa italiana esta semana. Revelou que recebeu recentemente propostas de três seleções para comandá-las: Peru, Paraguai e Japão. Não aceitou, e acrescentou que seu sonho é dirigir seleções de ponta da Europa, citando exemplos como Espanha e Itália. São difíceis de se concretizar tais pretensões. Mas pelo que Tite já construiu no Brasil, são justíssimas.

Eu gostaria de ver Tite em outra seleção de ponta do futebol mundial, a brasileira. Pelo simples motivo de que é hoje o melhor treinador, o mais bem preparado, o que mais estudou para ter sucesso - e Seleção, repito, deve ter os melhores. Entendo ainda que fez bem ele ao não aceitar os convites. Se fosse para dirigir as seleções que o procuraram numa Copa do Mundo, aí seria outra história. Copa do Mundo é o ápice na carreira de técnicos, jogadores e jornalistas esportivos.

Com Peru e Paraguai, Tite teria muito mais a oferecer do que a receber - neste último caso, apenas dinheiro. E não teria nenhuma garantia - e nenhum indício sequer - de conseguir classificá-los para o Mundial de 2018. Ou seja, ia perder tempo e atrasar a evolução de sua carreira. No caso do Japão, a classificação até seria mais fácil, até pelo trabalho que ele faria. Mas ainda há uma longa eliminatória e, mesmo que os japoneses costumem cumprir com a palavra e com contratos, dá para esperar a proximidade da Copa e, conforme a situação, até reavaliar a proposta.

Dirigir equipes de ponta da Europa, não sendo da casa, e sendo brasileiro, é uma situação complicada. A Espanha vem obtendo muito sucesso na última década com locais para que público e mídia de lá aceitassem bem um forasteiro tropical - ainda mais com a passagem conturbada de Vanderlei Luxemburgo pelo Real Madrid. Na Itália, duas eliminações em primeira fase de Copa desempinaram um pouco o nariz da Azzurra, o que poderia ser um facilitador para o projeto Tite - fora o fato de que ele foi entrevistado pela mídia de lá, num caso exemplar de "onde há fumaça..."

Se vai conseguir realizar o sonho ou não, dirá o tempo. Mas que ele está madurinho para um vôo desses, disso não tenho dívidas.