Orlando Francisco Pires Júnior, de 31 anos, é o mais novo reforço do Corinthians. Com apelido de Lincom, inspirado em Rincón, o atacante já chegou, herdou a camisa 9 de Paolo Guerrero e enfrenta o maior desafio de sua carreira.

Do alto de seus 1,92 m e com seis gols no Brasileirão da Série B deste ano, o jogador já passou por Araçatuba, Sertãozinho, Lemense, Westerlo (Bélgica), Rio Branco, Sport, Ituano, Criciúma e Bragantino. Ele também já enfrentou desafios fora de campo, como operar tendão e joelho, por exemplo.

Pela história de superação, Lincom virou o orgulho da família e da cidade de Birigui, no interior de São Paulo, e consegue fazer o pai santista, seu Orlando, e a mãe são-paulina, Jesuína, deixarem a rivalidade de lado. Hoje eles vestem o preto e branco.

Confira oito histórias de Lincom que você ainda não sabia:

O apelido de Lincom veio do Rincón...

Como em um monte de caso no futebol, o atacante do Corinthians não tem nada de Lincom nos documentos. O nome verdadeiro é: Orlando Francisco Pires Júnior. O apelido dele vem da "semelhança" com outro jogador que tem seu nome na história corintiana.

"O apelido era Lico. O pessoal começou a falar do beiço dele, que era igual do Rincón. E aí o pessoal misturou e chamou de Lincom. Ficavam falando disso, achavam parecido e aí ficou".

Lincom já passou fome e não contou pra ninguém

Como boa parte dos jogadores de futebol, Lincom já teve muitas dificuldades para ver seu sonho sendo transformado em realidade. O atacante já passou fome, já dormiu embaixo de arquibancada, já chegou à rodoviária quase com apenas a roupa do corpo. Quem conta alguns detalhes é Leandrão, irmão do atleta.

"A família sempre apoiou o Lincom, desde o começo. Ele já passou fome em alguns clubes, mas nunca comentava com ninguém, porque não queria deixar a nossa família preocupada. Ele recebeu muitas críticas até em Araçatuba, porque falavam que ele não ia jogar, que ele não tinha qualidade. Mas ele foi evoluindo até merecer o que está acontecendo agora para ele. Ele é um cara de bom coração", afirmou.
Já foi empacotador de alho, carpinteiro e vendedor de carvão

Antes de ser jogador, Lincom já tentou diversas profissões. Já vendeu de tudo, já foi servente de pedreiro, ajudante de carpinteiro... Agora, com 31 anos, ele pode falar para todos que é atacante do Corinthians. O pai dele, Seu Orlando, conta mais.

"Ele trabalhou como ajudante de carpinteiro quando tinha 15 anos, trabalhou empacotando alho, já vendeu carvão, feijão.. Nunca teve registro, nem nada. Trabalhou como servente de pedreiro e só jogava bola de fim de semana. Teve uma época que foi dureza, não tinha almoço. Eu mandava mixaria de dinheiro para ajudar. Chegou a jogar no Tigrão, de Araçatuba, e ganhava R$ 300 na época. E o time não pagou, mas o presidente da época fez um serviço bom, trouxe documentos dele registrado na Federação Paulista de Futebol. Por isso ele nos ajudou nisso", destacou.

O bar do pai virou ponto turístico no interior de São Paulo

Depois de ser contratado pelo Corinthians, Lincom virou celebridade em Birigui, cidade do interior de São Paulo. Orlando, de 70 anos, pai do jogador, disse que a todo momento um curioso para em seu bar procurando informações do novo atacante corintiano. Uma camisa de presente é o item mais requisitado. Seu Orlando, agora, espera ganhar dinheiro com isso.

"Eu tenho o Bar do Orlando, que fica no bairro Costa Rica, em Birigui. As vendas ainda não aumentaram, está a mesma coisa. Mas o que aumentou foi a curiosidade. Sempre para um ou outro e pede uma camisa dele para mim. Depois de um tempo, vem outro e fala a mesma coisa. Mas gastar mais, por enquanto não senti diferença. Mas o comentário está grande. O jornal da região já fez uma reportagem comigo aqui", disse Orlando.

Lincom é um dos melhores amigos de Romarinho

Birigui também lembra da grande amizade que Lincom tem com um xodó da torcida corintiana: Romarinho. O hoje corintiano já chegou até a emprestar dinheiro para Romarinho.

"O Romarinho estava largado no Rio Branco. Sabe o que é largado? O Lincom chegou a pedir ajuda para eu ajuda-lo, mas o ramo de auto-peças estava ruim, não dava para mim. Mas o Lincom cansou de dar um jeito de arrumar dinheiro para o Romarinho, até para comprar pasta de dente. Hoje, os dois são muito amigos por isso. Quando o Romarinho vinha para Birigui, era na casa do Lincom que ele ficava", relatou o empresário.

Lincom teve estreia com gol em cima do Corinthians

Entre várias estreias e mudanças de time que passou, Lincom começou sua passagem pela Portuguesa Santista fazendo gol justamente em cima do Corinthians. Provavelmente ninguém lembra: o placar foi 5 a 1 para o time da capital.

"Na época, recebemos uma ajuda de R$ 200 do Polozzi (ex-jogador do Palmeiras) e ele foi para a Portuguesa Santista, acho que começo de 2006, eles estavam na primeira divisão do Paulista. Fomos para a Rodoviária com esse dinheiro e compramos a passagem. Ele foi para lá, jogou e já fez um gol contra o Corinthians no Pacaembu. Foi 5 a 1 para o Corinthians, mas ele fez o gol", explicou.

"Ele não sabe nem correr"

Edson Birigui, que chegou a trabalhar como empresário de Lincom no difícil início de carreira, contou que foi difícil convencer alguns clubes a darem uma chance para o jogador. Teve empresário que falou que ele não sabia nem correr. Quem conta é Edson Birigui.

"O Lincom estava indo para Jales (interior de SP) para trabalhar de carpinteiro. Eu perguntei se ele queria jogar bola e ele disse que sim. Então liguei para o Wando de Mello, primeiro empresário do Viola e expliquei: 'Wando, estou mandando um centroavante canhoto para você, que tem 1,92m, negão, do jeito que você gosta. Faz até gol de bunda'. O Wando se empolgou, mas depois de duas semanas, me ligou: 'Birigui, meu Deus do céu, o que é isso? Ele não sabe nem correr'. Eu pedi calma, expliquei que era do interior e que passou muito tempo jogando em posição errada, de zagueiro e lateral esquerdo. Em 2002, eu o vi no Lemense e ele não tinha nenhum fundamento mesmo. Mas precisava de calma", explicou Birigui.

Lincom é mão de vaca e já dispensou mulher por causa disso

É melhor deixar o empresário Birigui explicar o caso: "O Romarinho uma vez arrumou uma loira em São Paulo e não vinha mais para cá. Uma vez, o Lincom arrumou uma Musa do Palmeiras para sair e acho que saiu duas vezes e depois me ligou para desabafar: 'Não dá, não. A mulher me chama para sair, eu vou no cabelereiro e aí é R$ 1 mil. Faz as unhas e é mais R$ 300. À noite vai no barzinho e é mais R$ 1mil. Eu tô fora!'. E aí o Lincom nunca mais saiu com ela (risos) ! O Lincom não gasta, é mão fechada".