Discutimos bastante os prejuízos que as convocações das seleções provocam no Brasileiro por conta do calendário absurdo da CBF. Um outro efeito é o dano causado ao próprio time brasileiro por realizar partidas sem que o Nacional seja interrompido. É o que se verifica pela pouca atenção dada aos dois jogos na América do Norte.

Em seu blog, Juca Kfouri observou que nenhum dos colunistas de grandes jornais fez comentários significativos sobre o jogo de sábado com a Costa Rica. O amistoso de terça-feira diante dos EUA, apesar da goleada e da boa exibição de alguns jogadores, teve cara de preliminar para a rodada do Brasileiro desta quarta-feira, bem mais quente.

O Nacional está na reta final, e despertando alto interesse dos torcedores com uma média de público que se ensaia recorde. Há ainda uma acirrada disputa por vagas no G-4, além da discussão em relação à liderança do Corinthians. O ponto negativo é o nível da arbitragem, culpa da própria CBF.

Os colunistas de grandes jornais falam mais do Brasileiro do que dos amistosos porque atendem ao interesse do público. Veja os debates na internet: o time de Dunga é discutido no máximo no dia do jogo. E haveria o que se falar: Neymar voltou a exibir seu belo futebol, o time recuperou Lucas e descobriu Rafinha. Mas essas questões só devem durar um dia.

Tudo porque a CBF marca dois amistosos em dia de rodada ou na véspera não ajuda em nada a atenção que a entidade quer despertar na seleção. Sem uma parada do campeonato, cada vez mais os amistosos serão como preliminares para as partidas do Brasileiro.

Lembremos que já há um cenário mundial em que aumenta cada vez mais o espaço para campeonatos de clubes em detrimento das equipes nacionais. Isso já é uma realidade na Europa. Um Brasileiro e uma Libertadores bem organizados fariam esse cenário se intensificar por aqui.

Neste passo, até o cofre da confederação, principal preocupação de Marco Polo Del Nero e seus aliados, será afetado. Qual empresa vai querer se associar a um produto cuja visibilidade é reduzida? Mesmo jogos de eliminatórias, bem mais interessantes do que amistosos, podem ficar escondidos quando muito próximos das rodadas.

Ou seja, podem evaporar os R$ 500 milhões que a entidade ganha hoje com o time. Já que a CBF nada faz no calendário em favor dos clubes: é bom que faça em causa própria para salvar a seleção.